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quinta-feira, 15 de abril de 2010

«Arqueologia» - Moimenta de Monumenta

Moimenta da Beira
Moimenta deriva etimologicamente de Monumenta, plural neutro da palavra latina monumentum, que significa tudo aquilo que recorda alguém ou alguma coisa: monumento, templo, túmulo, estátua, etc.
Beira, por sua vez, refere-se à região onde se localiza.
Contudo, analisemos alguns dos elementos associados às origens desta localidade.
Segundo a tradição popular, Monumenta estará ligada à existência de sepulturas de dois povos proto-históricos vizinhos, Leomil e Caria (povoações que ainda não tinham estes nomes e que não se situavam nos locais onde hoje se encontram) ou ao túmulo de um rei mouro, como se pode ler na página 37 da Descripção e Historia do Concelho de Moimenta da Beira do Padre António Francisco de Andrade (1926):
“Que Moimenta vem de Moimento, attesta-o a tradição, que aqui existe de que, em qualquer guerra, morreu ou foi morto um rei mouro, o seu cadáver aqui dado à sepultura, sob o nome de Moimento. Consta que, ainda ha anos, as pedras d’essa sepultura foram aplicadas em fontes publicas.
Dizem-nos que uma dessas pedras está na fonte, á beira do caminho, que vai do Arrabalde para S. Mamede.”
Informações que se tornam ainda mais interessantes quando, e com as devidas reservas, surge, em Os Pelourinhos do Concelho de Moimenta da Beira (Gouveia J., 2009), a hipótese de a figura antropomórfica da Casa da Moimenta (que vemos na imagem) ser uma máscara mortuária (em memória de alguém muito importante) e/ou um símbolo da fundação desta localidade, como parte integrante do pelourinho.
Porém, no que respeita à origem e evolução do povoamento da actual área geográfica da freguesia de Moimenta da Beira – freguesia de São João Baptista – poderemos afirmar com alguma segurança que terá tido uma ocupação efectiva pelo menos a partir da Idade Média.
O espaço mais antigo e o primeiro centro cívico será composto por todo o casario solarengo do Terreiro das Freiras (fruto da chegada de famílias nobres a Moimenta), as Cinco Ruas, as Fontainhas e o Arrabalde.
Embora a romanização não esteja confirmada, os testemunhos medievais são diversos. Para além dos inúmeros elementos funerários identificados, nomeadamente túmulos escavados na rocha e tampas sepulcrais, sabe-se ainda que Moimenta obteve o Foral de D. Paio Vilharigues, em Janeiro de 1189, confirmado pelo rei D. Dinis (talvez o primeiro passo para a autonomia de Moimenta como povoação) e que pertenceu à Honra de Caria e ao Couto de Leomil, apesar de já ser vila e sede de um termo, no qual encontravam-se as povoações de Cabaços e Paradinha.
Da Época Moderna, numa análise bastante geral, o território que actualmente compõe o concelho esteve dividido, administrativamente, em oito concelhos (Caria, Castelo, Leomil, Moimenta da Beira, Nagosa, Paçô, Peravelha e Sever), que com as reformas da primeira metade do século XIX passaram a ser freguesias do concelho de Moimenta da Beira.
Hoje, juntamente com a povoação de Fornos, Moimenta da Beira é a sede do concelho com o mesmo nome.

Autor: José Carlos Santos

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