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segunda-feira, 10 de maio de 2010

«Arqueologia» - O abandono do Pontigo de Freixinho

“A Ponte de Freixinho, vulgar e impropriamente chamada «Pontigo», é de um só arco (carpanel) de treze metros de altura, erguido sobre acidentado ribeiro, de alvéolo fundo e pedregoso, mas por vezes pitoresco, onde as suas margens se cobrem de alta e variada vegetação. O taboleiro desta ponte, guarnecida de parapeitos modernos, é em ângulo obtuso. No intradorso, vêem-se dez agulheiros das cambotas, sem uma sigla. Esta Ponte assenta sobre enormes monólitos de granito, que muito solidificam os seus fundamentos.”

É esta a descrição que o Abade Vasco Moreira apresenta em 1929 na sua monografia em relação à Ponte de Freixinho (ver imagem I).
Embora desconheça-se a identidade do(s) arquitecto(s), engenheiro(s) e pedreiro(s) a quem se deve tal engenho, sabe-se, porém, que terá sido edificada pelo antigo concelho de Fonte Arcada para permitir a passagem do rio Távora entre as povoações de Freixinho e Penso.

Contudo, o Pontigo de Freixinho (à semelhança de outra ponte já referida neste Blogue– a Ponte de Fonte Arcada/Vilar), assim como os moinhos e a azenha situados nas imediações, precisamente no local onde a ribeira de Arados desagua no Távora, encontra-se em profunda ruína, já sem o arco, resultante tanto do alargamento da albufeira, como das pedras saqueadas em períodos de estiagem, ou seja, quando esta ponte é observável (ver imagens II/III).
Como é evidente, convém questionarmos sobre este assunto: porque é que não foram tomadas as devidas medidas de salvaguarda de um monumento, cuja construção terá sido, concerteza, muito dispendiosa e morosa? É indiscutível a importância que as barragens têm para as comunidades em geral, não só na produção de energia eléctrica, como também na existência de água potável canalizada para abastecer zonas residenciais, agrícolas e industriais, como é o caso desta. O que não se compreende é deixar uma obra pública e funcional, com cerca de 60 m de comprimento e 4,60 m de largura, ao abandono e à completa destruição.
Portanto, preservemos mais o património!

Autor: José Carlos Santos

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