Foi aberto inquérito no estabelecimento prisional. Tio da jovem assume que sente "um alívio" pela morte do homicida. Pais de Maria José Maurício não superaram a perda.
Enforcado. Com um lençol. Pés amarrados. Corpo pendurado na grade da janela com a cara virada para a rua, do alto da ala C. Nem três anos passaram desde a noite de Setembro em que Manuel Assunção, estudante universitário, degolou a ex-namorada, por ciúmes. Foi condenado a 16 anos de prisão. Ontem de manhã foi encontrado morto na cela do Estabelecimento Prisional de Coimbra.
Às primeiras horas do dia, na ronda antes do pequeno-almoço, os guardas encontraram o corpo de Manuel Assunção. Uma equipa do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) foi chamada ao local e ainda tentou algumas manobras. Em vão. Foi declarado o óbito. Tudo terá ocorrido depois das 03.00 (hora de "ronda de conto", procedimento repetido antes do pequeno--almoço).
A rotina matinal do EPC foi agitada pela chegada e partida de carros-patrulha da PSP e, depois, de um carro funerário. O presidente do Instituto Nacional de Medicina Legal de Coimbra (INML), Duarte Nuno Vieira, disse ao DN que a autópsia será realizada amanhã.
Em Coimbra o caso marcou a comunidade estudantil. Estávamos em 2007 e o Verão ainda estava quente. Manuel degolou a ex-namorada, Maria José Maurício, de 20 anos, com uma faca de cozinha. Eram ambos alunos de Engenharia Civil da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Manuel atraiu a jovem a um local ermo - onde muitas vezes namoraram - e agrediu-a fatalmente. Depois entregou-se à patrulha da Escola Segura da GNR ainda ensanguentado e com ferimentos nas mãos.
"Não ficámos contentes nem satisfeitos, mas é um alívio esse indivíduo ter deixado de existir", disse ao DN, Virgílio Souto, tio de Maria José Maurício, jovem natural de Gaia com raízes familiares em Cabaços/Moimenta da Beira. Alberto e Helena Maurício perderam a única filha. A custo, seguem em frente, apáticos. Ainda hoje, a mãe não consegue ir a alguns sítios que a jovem frequentava. "Nesta altura, esses pais [de Manuel] estão a sentir a morte de um filho. Daí até dizer que estou satisfeito, não, não estou nada e os pais da Maria também não", diz Virgílio Souto.
Os pais de Manuel Assunção foram informados da morte, logo de manhã, pelos serviços prisionais. "Estavam a passar o fim-de-semana em Buarcos [Figueira da Foz] e ficaram em estado de choque", disse ao DN um familiar próximo. Ele "estava a surpreender todos. Tinha acabado o curso de Engenharia, na prisão, estava a reagir muito bem". Porém, "desde há muito" que Manuel Assunção "apresentava alguns problemas, mas nada que fizesse prever esta situação". Na prisão, era o responsável pela biblioteca. O Supremo Tribunal de Justiça reduziu-lhe a pena de primeira instância de 16 para 14 anos, o que, para a família, "estava a contribuir para que ele ultrapassasse" os factos.
Mas as tendências suicidas "estavam vincadas. Já em 2007 ele teve uma fase assim, pouco antes do crime, e recebeu acompanhamento psiquiátrico", conta o familiar. "Ele no julgamento deixou entender que estava inconformado com o que fizera e deve ter amadurecido um sentimento de culpa profunda." Ontem à tarde, Adelaide Assunção e o marido estiveram na prisão a tratar das formalidades.
No julgamento, Manuel invocara culpa e disse não se recordar de nada. O poster científico com as marcas da violência no corpo de Maria José está afixado numa das salas de acesso restrito do INML. Agora será o corpo de Manuel, de 26 anos feitos no mês passado, que será objecto de análise dos peritos forenses. Está aberto o inquérito às circunstâncias desta morte.
Enforcado. Com um lençol. Pés amarrados. Corpo pendurado na grade da janela com a cara virada para a rua, do alto da ala C. Nem três anos passaram desde a noite de Setembro em que Manuel Assunção, estudante universitário, degolou a ex-namorada, por ciúmes. Foi condenado a 16 anos de prisão. Ontem de manhã foi encontrado morto na cela do Estabelecimento Prisional de Coimbra.
Às primeiras horas do dia, na ronda antes do pequeno-almoço, os guardas encontraram o corpo de Manuel Assunção. Uma equipa do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) foi chamada ao local e ainda tentou algumas manobras. Em vão. Foi declarado o óbito. Tudo terá ocorrido depois das 03.00 (hora de "ronda de conto", procedimento repetido antes do pequeno--almoço).
A rotina matinal do EPC foi agitada pela chegada e partida de carros-patrulha da PSP e, depois, de um carro funerário. O presidente do Instituto Nacional de Medicina Legal de Coimbra (INML), Duarte Nuno Vieira, disse ao DN que a autópsia será realizada amanhã.
Em Coimbra o caso marcou a comunidade estudantil. Estávamos em 2007 e o Verão ainda estava quente. Manuel degolou a ex-namorada, Maria José Maurício, de 20 anos, com uma faca de cozinha. Eram ambos alunos de Engenharia Civil da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Manuel atraiu a jovem a um local ermo - onde muitas vezes namoraram - e agrediu-a fatalmente. Depois entregou-se à patrulha da Escola Segura da GNR ainda ensanguentado e com ferimentos nas mãos.
"Não ficámos contentes nem satisfeitos, mas é um alívio esse indivíduo ter deixado de existir", disse ao DN, Virgílio Souto, tio de Maria José Maurício, jovem natural de Gaia com raízes familiares em Cabaços/Moimenta da Beira. Alberto e Helena Maurício perderam a única filha. A custo, seguem em frente, apáticos. Ainda hoje, a mãe não consegue ir a alguns sítios que a jovem frequentava. "Nesta altura, esses pais [de Manuel] estão a sentir a morte de um filho. Daí até dizer que estou satisfeito, não, não estou nada e os pais da Maria também não", diz Virgílio Souto.
Os pais de Manuel Assunção foram informados da morte, logo de manhã, pelos serviços prisionais. "Estavam a passar o fim-de-semana em Buarcos [Figueira da Foz] e ficaram em estado de choque", disse ao DN um familiar próximo. Ele "estava a surpreender todos. Tinha acabado o curso de Engenharia, na prisão, estava a reagir muito bem". Porém, "desde há muito" que Manuel Assunção "apresentava alguns problemas, mas nada que fizesse prever esta situação". Na prisão, era o responsável pela biblioteca. O Supremo Tribunal de Justiça reduziu-lhe a pena de primeira instância de 16 para 14 anos, o que, para a família, "estava a contribuir para que ele ultrapassasse" os factos.
Mas as tendências suicidas "estavam vincadas. Já em 2007 ele teve uma fase assim, pouco antes do crime, e recebeu acompanhamento psiquiátrico", conta o familiar. "Ele no julgamento deixou entender que estava inconformado com o que fizera e deve ter amadurecido um sentimento de culpa profunda." Ontem à tarde, Adelaide Assunção e o marido estiveram na prisão a tratar das formalidades.
No julgamento, Manuel invocara culpa e disse não se recordar de nada. O poster científico com as marcas da violência no corpo de Maria José está afixado numa das salas de acesso restrito do INML. Agora será o corpo de Manuel, de 26 anos feitos no mês passado, que será objecto de análise dos peritos forenses. Está aberto o inquérito às circunstâncias desta morte.
Fonte: DN
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