Epígrafe proveniente da Capela de Santo António, Arcozelo da Torre
Trata-se de um bloco paralelepipédico de granito amarelo, com 91 cm de comprimento x 48 cm de altura x 27 cm de espessura (dimensões máximas), inserido numa das paredes exteriores da casa do Sr. Fernando Oliveira, na Rua de Santo António[1], no centro da aldeia do Arcozelo da Torre (freguesia dos Arcozelos, concelho de Moimenta da Beira), com uma inscrição gravada, de difícil tradução, havendo indicações (essencialmente resultantes da memória dos habitantes locais) de que é proveniente da antiga Capela de Santo António[2] que, antes de ser demolida, foi, para além de espaço de culto, estranhamente, numa fase mais recente, depósito de urnas e inclusive palhal.
A epígrafe, disposta por três linhas complementadas por uma data, lê-se da seguinte forma:
[…]A C A M D O E A O L D O A N I O
[…]? T O RES C O D O STO […]
[…]? E E O
1 6 7 6
Do ponto de vista paleográfico, dentre os vários aspectos passíveis de análise, encontramos: letras actuárias[3] (atente-se, na 2.ª linha, nos dois S caídos), pouco cuidado na paginação[4], ausência de linhas auxiliares e de pontuação.
Ainda que não se consiga ter uma leitura (e, por conseguinte, tradução) completa do seu conteúdo[5], pelo facto de se encontrar truncada do lado esquerdo, note-se, na parte inferior do bloco, a data 1676, informação de que a respectiva capela será pelo menos da segunda metade do século XVII, e particularmente nas 10.ª, 11.ª e 12.ª letras da 2.ª linha STO, pretensamente: “Santo”.
Bibliografia indispensável para o estudo dos monumentos epigráficos:
ENCARNAÇÃO, José d’ (1997) – Introdução ao Estudo da Epigrafia Latina. 3.ª ed. Coimbra: Instituto de Arqueologia, Faculdade de Letras, Universidade de Coimbra.
ENCARNAÇÃO, J. (1998) – Estudos sobre Epigrafia. Coimbra: Minerva.
Publicado no Jornal Beirão (65.ª edição)
[1] O nome desta rua deve-se ao facto de aí ter sido edificada a Capela de Santo António.
[2] De notar que esta capela já não existia em 1926, não sendo referida pelo Padre António Francisco de Andrade na sua Descripção e Historia do Concelho de Moimenta da Beira (descrição dos Arcozellos, página 133).
[3] Recebem o nome de actuárias quando as hastes horizontais se apresentam levemente onduladas e a altura excede a largura. A altura máxima das letras é de 7,5 cm.
[4] Distribuição do texto no espaço epigráfico.
[5] Os textos epigráficos dividem-se de acordo com o seu conteúdo, podendo ser monumentais (destinados a figurar num monumento), honoríficos (quando homenageiam alguém), funerários (quando memoram os mortos) e votivos (dedicados a alguém). Há, no entanto, por exemplo textos simultaneamente honoríficos e monumentais, honoríficos e funerários, funerários e votivos.
Autor: José Carlos Santos
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