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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

«Arqueologia» - IHS

No que concerne aos vestígios da Época Moderna no concelho de Moimenta da Beira, importa realçar os seguintes elementos epigráficos da Companhia de Jesus[1] que são o testemunho inequívoco da presença daquela que foi a grande ordem religiosa da Reforma católica[2]:

- Integrando o elemento decorativo sobre uma das janelas da fachada do lado direito da Igreja Matriz de Passô (imagem I): a sigla triliteral IHS sob uma cruz latina. 

- No cruzeiro do Largo do Mártir, em Paradinha (imagem II): IHS.

- Em casas setecentistas da povoação de Vide, freguesia de Rua[3]:
Inscrição: 17 IHS (sob uma cruz latina) 02 (a data – 1702 – reparte-se no início e no final da inscrição). Lugar: Rua do Espírito Santo.
As letras IHS sob uma cruz latina. Lugar: Largo do Carvalho.
Epígrafe: D (invertido) E . IHI . S . 1738 e uma cruz latina sobre o H. Lugar: Largo do Carvalho.
IHS, nalguns casos com uma pequena cruz sobre as letras, é a abreviação do grego IHsouS, que significa Jesus, Jesus Hominum Salvator (Jesus, Salvador dos Homens) e/ou Jesum Habemus Socium (Temos Jesus por companheiro).




[1] Esta congregação religiosa, cujos membros são conhecidos como jesuítas, foi fundada em Montmartre, em 1534, por um grupo de estudantes da Universidade de Paris liderados por Santo Inácio de Loyola (oficial espanhol que decidiu trocar a espada pela cruz) e sancionada canonicamente pelo Papa Paulo III em 1540. A Companhia de Jesus caracteriza-se essencialmente pelo seu espírito de pobreza e de caridade, de meditação e de pregação, de ensino e de assistência, de evangelização e de missionação dos povos.
A sua vinda para Portugal deve-se ao rei D. João III. Entre 1540 e 1759, administraram uma extensa e muito influente rede de centros de ensino. Veja-se o exemplo do Santuário e Colégio da Lapa, na freguesia de Quintela, concelho de Sernancelhe.
[2] Por Reforma católica entende-se um conjunto de mudanças executadas na Igreja Católica, na sequência da Reforma protestante, com o objectivo de torná-la mais fiel às suas origens. O proselitismo jesuítico e o Concílio de Trento foram os seus principais instrumentos.
[3] Nos fins do século XVIII, o Padre Joaquim de Azevedo diz-nos que a freguesia da Rua “está repartida por muitos lugares e quintas […]; que a igreja matriz colegiada tem por titular S. Paio Mártir, é do padroado real, mas os dízimos são da Universidade, como foram dos Jesuítas.


Publicado no Jornal Beirão  (72.ª edição)
Autor: José Carlos Santos

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