*****(AINDA) RAMALHO EANES À RTP1:
“ACTUAL SITUAÇÃO ECONÓMICA E SOCIAL PODE LEVAR À DISSOLUÇÃO DA UNIÃO EUROPEIA”.
"LIDERAR...É MERECER CONFIANÇA. É MOSTRAR QUE NÃO SE TEM MEDO, QUANDO SE TEM".
E o que faz Cavaco Silva???
Alinhando com o actual momento que o país vive, é natural que o jornal DN- (no 2º texto aqui publicado) TENTANDO resumir uma entrevista de quase uma hora de Ramalho Eanes à RTP1 - apenas tivesse destacado as questões sociais, como se pode ler no anexo partilhado.
Mas o "resumo" da entrevista ficaria incompleto se não colocassemos em relevo outras ideias interessantes explanadas pelo ex-PR. E aproveitando o balanço da parte final desta notícia do DN, na qual se refere a difícil relação de Eanes com Mário Soares, é necessário precisar que "não tenho estima pessoal...sobretudo depois da publicação do livro de Rui Mateus".
Eanes recordou as dificuldades sociais e económicas no tempo dos governos de Mário Soares para dizer que, nessas circunstâncias, o PR deve intervir, deve exercer pressão sobre o governo – para que ele governe para o país e não apenas com objectivos eleitorais.
Transpondo para a actualidade, Eanes (re)afirmou apoiar Cavaco Silva – com quem nunca teve problemas – o qual tem condições para liderar o país em situação de crise. Neste ponto, talvez o ex-PR tenha falhado (a não ser que a “edição” da entrevista “obrigasse” ao corte) ao não precisar se Cavaco Silva tem, de facto, pressionado o governo para evitar o que ele (Eanes) chama de “austeridade de cavalo” que não pode ser levada até ao limite. E acrescentou:- é preciso renegociar com a Troika, perante uma situação de desemprego que é ameaçadora e até indignificante.
Vendo bem, não me parece que o actual PR tenha vindo a considerar as ideias de Ramalho Eanes que é, aliás, seu Conselheiro de Estado. Basta atentar na fragilidade do seu discurso no dia 25 de Abril na AR. Penso é que, em vez de pressionar, Cavaco Silva tem vindo a transformar-se em porta-voz do governo.
Seguindo ainda na linha da actual situação, deve realçar-se que Eanes teceu duras críticas à Alemanha e à Chanceler Merkel, a quem acusou de não saber história. E para quem não saiba, convém recordar a presente atitude da Alemanha perante a Grécia, recuando às queixas alemãs no final da 1ª Guerra Mundial – quando os “aliados” vencedores impuseram um draconiano sistema de pagamento dos “custos” da guerra. Foi esse, aliás, um dos motivos que conduziram à 2ª Guerra Mundial. Ramalho Eanes não precisou se o actual caminho poderá levar a uma nova guerra mundial, mas não hesitou em considerar que poderá conduzir à “dissolução da Europa”!
PRIMEIROS ANOS DA REVOLUÇÃO e o PREC.
Já tanto foi dito e escrito sobre o tema, pelo que apenas me interessa reter algumas notas da recente entrevista de Ramalho Eanes à RTP1.
Primeiro, a “infantilidade” de Otelo que, apesar de ter liderado muito bem as operações do 25 de Abril, terá cometido o erro de avançar, com um “estudo incompleto da situação” – já que havia algumas unidades militares “importantes” ainda sem uma posiçâo definida quanto ao “golpe”.
Depois, a sua passagem pela RTP, da qual ele pretendia “fazer um meio que dissesse a verdade aos portugueses”. Mas Eanes foi muito criticado na sequência dos acontecimentos do 11 de Março de 1975 – numa altura em que, particularmente no que diz respeito à Informação, “quem controlava a RTP era a ala esquerdista do MFA” que viria a pedir a sua “cabeça” ao 1ºM Vasco Gonçalves. Depois da sua saída, teve a sua casa “vigiada” durante meses (por elementos com ligações ao COPCON e à extrema-esquerda) até que um dia “interpelou” um dos vigilantes pelo pescoço.
Sobre Costa Gomes, em Novembro desse ano de 1975, Ramalho Eanes afirmou que o antigo general e PR “tinha perdido a noção da realidade portuguesa”. E, por isso, e apesar de manter contactos regulares com o Grupo dos Nove, Costa Gomes “só foi informado das operações do 25 de Novembro no próprio dia”.
Completando esta ideia, posso recordar e acrescentar que – quando Costa Gomes solicitou ao Emissor Regional do Norte para que assumisse a condução da emissão a nível nacional, já os trabalhadores em serviço nessa tarde de 25 de Novembro haviam decidido cortar a emissão de Lisboa e ficar com emissão própria para toda a região Norte, depois de ter sido informado o Director/Delegado ( major Raimundo) que comunicou a decisão ao brigadeiro Pires Veloso. Depois aderiu o Emissor Regional do Centro (Coimbra) e só muito mais tarde o do Algarve.
Por último, uma referência à revelação de que a AD gostaria de ter visto Ramalho Eanes a “liderar” ou a patrocinar (mesmo que informalmente...) o projecto acabado de ser formalizado por Sá Carneiro, Freitas do Amaral e Ribeiro Telles. O “não” de Eanes e a teimosia de Sá Carneiro em alterar a CRP – violando as disposições da própria Constituição – levaram à ruptura entre eles.
AB. Abril 2012.
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Segundo Texto:
Eanes alerta para aumento "ameaçador" do desemprego
por Lusa26 Abril 2012
O general Ramalho Eanes considera que o aumento do desemprego no país "começa a ser ameaçador" e as medidas de austeridade "estão a destruir a classe média", alertou, numa entrevista à RTP1.
Na entrevista, de cerca de uma hora, transmitida quarta-feira pelo canal público de televisão, o ex-presidente da República, 77 anos, avaliou que "as medidas de austeridade que estão a ser aplicadas pelo Governo são muito violentas" e "agravam as desigualdades sociais".
Apesar de concordar com a necessidade de reformas estruturais no país, Ramalho Eanes considera que deveriam ser tomadas "medidas seletivas" na sua prossecução.
Questionado sobre o que pensa do atual primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, o ex-presidente da República, descreveu-o como "um governante sério, interessado e determinado".
Ainda sobre a situação no país, e a forma como a sociedade portuguesa está a reagir à crise económica, Ramalho Eanes apontou que tem vindo a reparar no trabalho das organizações de solidariedade, e no aumento da sua ação, bem como na maior importância da família.
"O apoio das famílias tem sido muito importante, mas mesmo assim há muitos portugueses que estão a desistir do país e a emigrar", lamentou.
Presidente por dois mandatos a seguir à Revolução de 1974 - venceu as eleições presidenciais em 1976 e 1980 - António Ramalho Eanes recordou, na entrevista, muitos dos momentos conturbados do período pós-revolucionário.
Ramalho Eanes encontrava-se em serviço militar em Angola quando se deu a Revolução de 25 de Abril, aderiu ao Movimento das Forças Armadas e regressou a Portugal, onde chegou a ser diretor de programas e presidente do conselho de administração da RTP até março de 1975.
Sobre o 25 de Abril, comentou que esse episódio da História de Portugal, "foi sobretudo a assunção das Forças Armadas da sua responsabilidade nacional em restituir a liberdade aos portugueses para dirigirem o seu destino".
Falando sobre várias figuras militares e políticas, considerou que Otelo Saraiva de Carvalho "liderou muito bem o 25 de abril", mas, nalguns momentos, "foi infantil".
Sobre o histórico socialista e também ex-presidente da República Mário Sores, Eanes disse: "Tenho uma grande consideração por Mário Soares enquanto batalhador pela democracia, mas não tenho estima nenhuma por ele".
Diário de Notícias, online.
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