«Arqueologia» - LAPA – Caminhos de Fé

Depois de Santar[1], apraz comunicar, no âmbito do projeto “LAPA – Caminhos de Fé”, que segue-se o concelho de Moimenta da Beira na recuperação das antigas rotas/caminhos de romagem àquele que é considerado um dos mais importantes santuários marianos em Portugal: o Santuário de Nossa Senhora da Lapa[2].

Com efeito, em estreita articulação com o Santuário (a quem agradeço este desafio) e com a Câmara Municipal de Moimenta da Beira, manifestamente empenhada no projeto, têm sido identificados antigos caminhos de peregrinação à Lapa, oriundos de vários pontos deste concelho, através de uma investigação criteriosa, metodologicamente apoiada na análise de instrumentos bibliográficos e documentais (merecendo nota a este propósito a amável colaboração da Doutora Ana Nunes, Gestora Turística do Santuário, que tem disponibilizado com prontidão toda a documentação e outras informações solicitadas), cartográficos (de realçar aqui o profissionalismo, no tratamento da informação recolhida, do Engenheiro Florestal da Câmara Municipal de Moimenta da Beira, Eduardo Seixas, que comigo tem calcorreado quilómetros), no trabalho de campo (contando particularmente com o apoio da Junta de Freguesia de Moimenta da Beira, a qual tem cedido a viatura e um dos seus funcionários para ajudar a fazer o reconhecimento dos caminhos no terreno) e na participação da comunidade em geral, nomeadamente de alguns peregrinos que, com a sua vasta experiência, me têm indicado topónimos e percursos.

Aguarda-se, agora, a divulgação desses caminhos com todo o apoio logístico assegurado por parte das entidades envolvidas.

               

Publicado no Jornal Beirão (82.ª edição)

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[1] De destacar aqui o trabalho do Doutor Maia Rodrigues, dinamizador do projeto “LAPA – Caminhos de Fé” e responsável particularmente pela organização da peregrinação “Santar – Lapa”, uma rota renascida em Julho de 2011.

[2] O Santuário de Nossa Senhora da Lapa situa-se na serra com o mesmo nome – Lapa – pertencente à freguesia de Quintela, concelho de Sernancelhe, diocese de Lamego e constitui uma das mais espantosas evidências de litolatria cristianizada.

 Apesar de ter beneficiado do ponto de vista arquitetónico (tendo sido inclusive construído um colégio ao lado), aquando da entrega da sua gestão ao Colégio de Coimbra da Companhia de Jesus (em 1576), este templo remontará pelo menos ao século IX, provavelmente como um cenóbio feminino, tendo sido retomado no século XV (em 1498), altura em que o culto foi oficializado.

Vale a pena dizer que, em tempos, este templo e a Catedral de Santiago de Compostela (Galiza, Espanha) chegaram a ser os dois santuários mais importantes da Península Ibérica. 

Autor: José Carlos Santos