Marcos
geodésicos
.
Marco geodésico Cadelas
Os marcos geodésicos são pequenas
construções geralmente de betão, em forma cilíndrica ou piramidal, popularmente
conhecidas por “talefes”, que têm como função
representar pontos de referência no território (daí a sua implantação em locais
altos e destacados), com linha de visão para outros vértices, permitindo a
obtenção de coordenadas com elevada precisão.
São cerca de oito mil[1]
que formam a rede geodésica portuguesa[2],
dividindo-se em três ordens de importância/visibilidade:
·
1.ª
ordem (em forma de pirâmides quadrangulares, distando entre 30 a 60
quilómetros);
·
2.ª
ordem (cilindro mais cone com listas, distando entre 20 a 30 quilómetros);
· 3.ª
ordem (cilindro mais cone listado, de tamanho menor que o anterior, distando
entre 5 a 10 quilómetros).
Dezoito encontram-se implantados no
concelho de Moimenta da Beira que passo a apresentar, sendo interessante
reparar particularmente que os de Cabeça
Gorda, Pedra Alta, Santa Bárbara 2.º, Santo Antão, Sete Castelos
e Surrinha, além da sua utilidade
cartográfica/topográfica, referenciam locais de interesse arqueológico:
Topónimo Altitude Vestígio arqueológico
__________________(em metros)____________________
Alva 885 -
Cabeça Gorda 942 Insculturas[3]
Cadelas 697 -
Lagoa 894 -
Leomil[4] 1011 -
Moimenta 731 -
Pedra Alta* 968 Tumuli[5]
Pendão 809 -
Picoto da Vinha 867 -
Porto da Laje 954 -
Ranhã 669 -
Santa Bárbara
2.º 768 Necrópole[6]
Santo Antão* 841 Vestígios[7] de
habitat
Seixo Segundo 713 -
Sete Castelos* 976 Achado[8]
avulso
Surrinha* 961 Vestígios[9] de
habitat
*Sítios inventariados pelo Doutor
Domingos Cruz, em 2001, na Dissertação de Doutoramento em Pré-história e
Arqueologia: O Alto Paiva: Megalitismo,
Diversidade Tumular e Práticas Rituais durante a Pré-História Recente, 2
Volumes.
Publicado
no Jornal Beirão (83.ª edição)
[1]
Um dos
mais famosos marcos geodésicos portugueses situa-se a 245 metros de altitude e
foi implantado na própria estrutura da ermida de São Pedro das Cabeças (em
Castro Verde, Beja), um monumento mandado construir no século XVI pelo rei D.
Sebastião no local onde, em 1139, terá ocorrido a Batalha de Ourique, em
homenagem ao primeiro rei de Portugal e à sua vitória sobre os mouros.
[2] O Centro
Geodésico de Portugal continental está situado no cume da serra da Melriça,
freguesia e concelho de Vila de Rei, distrito de Castelo Branco. Aqui
encontramos o marco geodésico padrão Picoto da Melriça, construído em 1802, associado
à história da cartografia moderna portuguesa, a qual iniciou no século XVIII,
no reinado de D. Maria I. A rainha terá encarregado a Academia Real de Marinha
de iniciar os trabalhos de triangulação geral do território, com vista à
realização da Carta Geográfica do Reino.
[3] De cronologia
incerta.
[4] Inclui três marcos, um dos quais o único de 1.ª
ordem neste concelho.
[5] Montículos de
terra e/ou pedras que envolviam e cobriam as sepulturas megalíticas.
[6] Em redor da capela
de Nossa Senhora da Conceição são visíveis cinco sepulturas escavadas na rocha.
Cronologia medieval.
[7] Neste local
foram recolhidos fragmentos cerâmicos de datação pré-histórica.
[8] Aqui foi encontrado
um fragmento de lâmina, em sílex castanho-mesclado, não retocada, com vestígios
de utilização em ambos os lados. Cronologia imprecisa. Dimensões: 20/17/4,5 mm.
[9] Foram
identificados fragmentos cerâmicos de idade histórica e outros de cronologia
indeterminada.
Autor: José Carlos Santos
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