I.
Antes da intervenção II. Após
a intervenção
Fonte
de mergulho
Localização:
Largo das Fontainhas, Moimenta da Beira
Os recentes trabalhos de recuperação de
mais uma fonte de mergulho existente na vila de Moimenta da Beira, nomeadamente
no Largo das Fontainhas[1],
por parte da Junta de Freguesia e da Câmara Municipal, espelham bem a
preocupação que estas edilidades têm tido no que respeita à valorização do
património local.
Como é bem de ver, anteriormente, em
consequência do seu abandono[2]
(não se sabe exactamente quando), o arco da fonte encontrava-se obliterado por
pedras, permanecendo aparentemente despercebido no muro de uma casa de
habitação.
Com efeito, graças a esta intervenção, foi
possível devolver-lhe novamente a forma original, tendo-se essencialmente
retirado as pedras que impediam a visibilidade e a utilização do interior[3],
melhorando as suas paredes, corrigindo especialmente o pavimento (do espaço que
lhe dá acesso e reveste a respectiva drenagem) com calçada à portuguesa e respeitando
a cobertura do corgo das Fontainhas que ali passa sob o patim da casa de
habitação.
Hoje temos assim à vista mais um recanto
de belo efeito em Moimenta da Beira, semelhante, ao nível da concepção
arquitectónica, a uma das fontes da Corujeira: planta quadrangular (com aproximadamente 1,70 m de altura e 3 m de
largura), volumetria cúbica com abertura em arco de volta perfeita, no qual foi
gravada uma cruz (clara manifestação religiosa), prolongando-se internamente
numa abóbada de berço e um pio escavado (que atinge 1,05 m de profundidade),
onde a água ainda remanesce com fartura.
[1] A abundância de água neste lugar
proporcionou a edificação de duas fontes, nomeadamente esta de mergulho e outra
com bica e tanque, daí o nome Fontainhas.
[2]
Cronologicamente existem
referências da utilização deste tipo de fontes, também conhecidas por fontes de
chafurdo, pelo menos desde a Baixa Idade Média. Durante muito tempo,
revelaram-se de grande importância na vida diária da comunidade quer
materialmente pelo indispensável abastecimento de água, quer do ponto de vista
social, enquanto local de convivência. O seu abandono deveu-se, contudo, ao uso
comum, ou seja, à manifesta falta de higiene resultante de as pessoas
mergulharem os recipientes (cântaros e vasilhas de barro ou de latão)
directamente na água, daí o nome fonte de
mergulho. Por serem consideradas um perigo para a saúde pública, como uma
das causas da propagação de doenças, deram lugar aos chafarizes/fontanários com
água canalizada e mais recentemente à construção da rede pública de
abastecimento de água ao domicílio.
[3] Dada a profundidade do pio,
decidiu-se colocar uma vedação metálica como prevenção.
Autor: José Carlos Santos
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