Enquanto os mineiros da vizinha Espanha, nas Astúrias, continuam as
suas acções de protesto contra os cortes orçamentais para o sector, que
poderão deixar muitos no desemprego, em Portugal o governo reforça a sua
aposta. Um ponto para a prospecção de metais, zero para a exploração de
carvão.
Para já o governo duplicou para perto de 250 milhões de euros a sua
aposta na indústria mineira, ao assinar uma série de concessões e lançar
concursos para a prospecção de minérios em Portugal.
O investimento é de 125 milhões de euros nos próximos cinco anos e mais
outro tanto para as concessões já em curso, de acordo com dados do
Ministério da Economia.
A indústria extractiva já teve melhores dias, mas nos últimos anos tem
andado um pouco por baixo, em parte também devido a ser forçada a
cumprir normas ecológicas. Quando parecia que estava para acabar, eis
que surgem novos investidores e apoios que vêm dar outro fôlego ao
sector.
O património mineiro português é vasto e encontra-se disperso por 80
locais a nível nacional, envolvendo parceiros públicos e privados, entre
investidores, universidades e laboratórios de investigação.
À escala mundial, estima-se que os recursos minerais portugueses sejam
reduzidos, cerca de 0,9% do total. À escala europeia, contudo, os
números mudam de figura, e Portugal pode representar neste sector entre
6% e 13%.
O ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, disse que o sector
mineiro “é um dos motores da reforma económica em que estamos
apostados”, uma vez que permite “a criação de postos de trabalho,
aumento da receita fiscal e redução da dependência das matérias-primas
que vêm de fora”, cujos preços têm vindo a aumentar consideravelmente ao
longo dos últimos anos. Ao mesmo tempo, e ainda de acordo com o
ministro da Economia, “a exploração destes recursos muito valiosos” tem
também um forte impacto local, criando “novas e melhores condições de
vida para as populações”.
A riqueza está longe de se encontrar apenas em terra firme e há grandes
esperanças depositadas no fundo do mar, de acordo com declarações ao i prestadas pelo secretário de Estado do Mar, Manuel Pinto de Abreu.
Das concessões recentemente assinadas pelo governo, mais de dez são
para a pesquisa e prospecção de metais diversos, como ouro, prata,
cobre, zinco, estanho ou volfrâmio, sendo os restantes para exploração
de termas e águas minerais.
Um dos contratos envolvem regiões de norte a sul de Portugal. Torre de
Moncorvo e Freixo de Espada à Cinta (ferro e metais associados),
Aljezur, Monchique e Portimão (ouro, prata, cobre, chumbo, zinco),
Montemor-o-Novo, Évora, Viana do Castelo, Vendas Novas e Alcácer do Sal
(ouro, prata, cobre, chumbo, zinco), Tabuaço, São João da Pesqueira,
Moimenta da Beira e Vila Nova de Foz Côa (antimónio, arsénio, cobre e
lítio), Oleiros, Fundão, Castelo Branco, Vila-Velha de Ródão e
Poença-a-Nova (cobre, volfrâmio, antimónio, ouro e prata), Barrancos e
Moura (cobre, zinco, chumbo, ouro e prata), Covilhã, Fundão e Serra da
Argamela (lítio, volfrâmio, rubídio, cobre, ouro e prata) e Pombal (sal
gema).
INVESTIMENTO PRIVADO
Muitos queixam-se que há pouco investimento privado no sector e que bom
seria se não fosse necessária a muleta do Estado, falando também na
importância da pré--transformação destas matérias-primas.
No entanto, no início do ano, os australianos da Rio Tinto, a maior
empresa de minas do mundo, anunciaram querer investir mil milhões de
euros na exploração de ferro em Portugal, nas minas de Torre de
Moncorvo, em Trás-os-Montes, um dos maiores depósitos de minério de
ferro da Europa, com recursos medidos e indicados de 552 milhões de
toneladas.
Um investimento desta natureza permite que uma pequena vila se
transforme numa autêntica cidade, sendo provável que o investimento
demore cerca de dez anos a concretizar até começar a laborar.
Actualmente, Portugal tem quatro minas (em profundidade) em exploração:
Panasqueira (volfrâmio), Aljustrel (cobre), Neves-Corvo (cobre) e Loulé
(sal gema), para além de algumas minas a céu aberto, nomeadamente de
lítio, na Guarda, sendo que Portugal é actualmente o quinto produtor
mundial deste minério.
Os sectores geológico e mineiro representam indústrias com elevado
potencial para Portugal, “que tem recursos riquíssimos e que temos de
aproveitar. As novas tecnologias permitem aproveitar recursos que antes
não era possível e descobrir outros que nem sabíamos que existiam”,
acredita Álvaro Santos Pereira.
Fonte: Ionline.pt
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