Belo e aprazível
conjunto arquitetónico em Contim
Vista parcial da Capela de Nossa
Senhora dos Milagres e do seu escadório
Localização: povoação de Contim, freguesia de São
Cosmado, concelho de Armamar
Interessante
casario encontramos na aldeia de Contim, onde ao nível da arquitetura religiosa
assinala-se belo e aprazível conjunto.
Chama-nos
logo a atenção, da estrada (EN n.º 313) que a atravessa, os finos lavores da
capela aí edificada em veneração a Nossa Senhora dos Milagres, achando-se pelas
parecenças, manifestamente barrocas, que tem com o Santuário de Nossa Senhora
dos Remédios em Lamego, ser influência de Nicolau Nasoni[1].
Observação que, de facto, parece ter consenso quando
também se diz que a sua construção (muitas vezes confundida com uma igreja,
talvez pela presença da torre sineira), terá sido custeada pela rainha D. Maria
I [2]
na segunda metade do século XVIII, em recompensa da cura de uma doença grave de
que sofria um dos seus filhos e que, segundo a tradição, foi amamentado por uma
ama da povoação da Granja do Tedo.
Na
verdade, melhor implantação e desenho não podia ter este templo – em elevado terreiro
com largo horizonte e para ser visto ao longe, ressaindo um granito bem
desenhado das suas paredes brancas – a que se lhe juntou a Casa da Novena[3] com uma artística fonte, de
três bicas, sob a invocação de Nossa Senhora do Leite[4]. Em resultado, um autêntico
testemunho do labor de caridade.
Tido
como um tesouro, todo este espaço beneficiou de diversos restauros especialmente
no século XX, logrando, por conseguinte, maior beleza e dignidade. Certamente a
maior preciosidade ornamental reside no espaço interior da capela: no púlpito[5] em granito, nos esfuziantes
altares de Nossa Senhora dos Milagres (ladeada por São José e São Félix), de
São Joaquim e de Santa Ana e na sacristia, extraordinariamente no formato do chafariz.
Quanto
à festividade, também ela continua todos os anos à altura, majestosamente
celebrada no primeiro domingo de Agosto. Alcança especial relevo devido ao
local onde decorre.
Mantendo
vivo o espírito da tradição, Maria Celeste, que vive aqui mesmo ao lado,
lega-nos esta bela quadra:
“Nossa Senhora dos Milagres,
Que dais aos Vossos Romeiros?
Águas das tuas fontes
E sombras dos teus castanheiros.”
Publicado
no Jornal Beirão (91.ª edição)
[1] Arquiteto italiano (1691-1773) que desenvolveu grande
parte da sua obra em Portugal.
[2] D.
Maria I (Maria Francisca Isabel Josefa Antónia Gertrudes Rita Joana de
Bragança) sucedeu a D. José I (seu pai) ficando conhecida pelos cognomes de “A
Pia” ou “A Piedosa”, pela sua extrema devoção religiosa à Igreja Católica.
Nasceu em 1734 e reinou Portugal de 1777 a 1816, ano em que faleceu. Casou em
1760 com Pedro de Bragança, que subiu ao trono como Pedro III. Tiveram quatro
filhos e três filhas, sucedendo-lhe D. João VI, segundo filho.
[3] Edifício amplo do
lado poente, onde prestou-se assistência a muitos peregrinos que aqui chegaram
a pé, a burro ou a cavalo, sendo ainda possível observar-se quer exteriormente
junto às portas, quer dentro, as argolas de ferro que se destinavam a amarrar
os animais que os auxiliavam. Chegou a integrar um forno comunitário, funcionou
como escola e hoje destina-se a atividades de lazer.
[4] Trata-se de uma representação muito
rara, a qual dantes era de barro vermelho. A Virgem Santíssima é venerada em
todas as fases da sua maternidade divina. Além de diversas representações de
Maria com o Menino Jesus no colo, temos as invocações de Nossa Senhora da
Anunciação, da Encarnação, da Expectação, do Ó e do Parto.
[5] Local elevado onde se proferem as
leituras da Sagrada Escritura.
Autor: José Carlos Santos
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