Castelo e, em plano próximo, outro
notável monumento: o pelourinho
Implantado numa proeminência rochosa, a cerca de 920
metros de altitude,
oferece uma vista espantosa sobre a região.
É outro tesouro beirão. Certamente ainda não com este aspeto, o Castelo
de Penedono é referido no século X, durante o repovoamento da acidentada zona
levantina da Beira Alta, missão conseguida pelo alcaide Rodrigo Tedoniz. Senhor
dos castelos que fortificavam esta vasta região, Rodrigo deixou-os, por
conseguinte, em testamento a sua filha Flâmula, e esta, mais tarde, ficando
doente, acolheu-se no mosteiro de Guimarães, fundado pela sua tia Mumadona
Dias, doando-lhe através de um documento (datado de 960) todas as suas
povoações, terras e castelos (inclusive o de Penedono) para fins de
beneficência desta.
Em 1064 foi reconquistado por Fernando Magno (Rei de Leão) e, como muitos
outros, foi agraciado com privilégios por alguns dos monarcas portugueses. Ante
a situação estratégica da povoação, D. Sancho I mandou reconstruir as suas
defesas e incentivou o repovoamento dessas terras através de Foral (1195),
confirmado em 1217 por D. Afonso II, seu sucessor. Nos finais do século XIII,
D. Dinis reforçou-o ainda mais.
Quando D. Fernando incluiu a povoação de Penedono no termo de Trancoso,
chegou mesmo a ser proposta a sua demolição, sendo, entretanto, salvo por um
grupo de cidadãos a que chamaram «Homens Bons».
A vila foi então doada a D. Vasco Fernandes Coutinho (de elevada estirpe,
também senhor do Couto de Leomil) que o reconstruiu e fez dele a residência da
sua família até finais do século XV. Ainda não totalmente com a configuração
atual, terá nascido aqui D. Álvaro Gonçalves Coutinho, imortalizado por Luís de
Camões no Canto VI de Os Lusíadas,
com a alcunha de “o Magriço” – em que descreve a sua legendária participação
como os Doze de Inglaterra, doze cavaleiros portugueses que partiram para
Inglaterra para, em torneio, defrontar outros tantos ingleses que haviam
desonrado doze damas da corte dos Lancaster – daí esta fortaleza ser também
conhecida como o “Castelo do Magriço”, podendo dizer-se também que é aqui que
encontramos o modelo perfeito da mentalidade cavaleiresca medieval.
Sob o reinado de D. Manuel I (1495-1521), a vila recebeu o Foral Novo, o que atesta a sua
importância à época, e foram realizadas novas obras no castelo. No século XIX é
visitado por Alexandre Herculano que o descreve já em ruínas. Todavia, logrando
a classificação de Monumento Nacional em 1910, beneficiou, sob a responsabilidade
da Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, de trabalhos de
consolidação e restauro e em 1955 foi-lhe estabelecida Zona Especial de
Proteção, o que contribuiu para que o conjunto chegasse aos nossos dias em
relativo estado de genuinidade.
Não precisa de ser grande para ser magnífico. Basta-lhe apenas manter a
verticalidade. A planta é poligonal circundada por barbacã, o muro (em
arquitetura militar) anteposto às muralhas, de menor altura do que estas com a
função de defesa do fosso, onde se assinalava a primeira resistência ao
agressor. A fachada principal está voltada a Ocidente, com portal de lintel
reto e arco apontado entre duas esguias torres quadrangulares coroadas por
ameias prismáticas, ligadas por passadiço superior que defende a entrada. Em
volta do perímetro muralhado possui cinco torres de ângulo encimadas por
balcões munidos de matacães. No interior, não há muito para ver. É apenas uma
ruína do paço senhorial que aqui existiu, talvez de três pisos. Ainda são
visíveis as escadas de acesso ao adarve que circuita o perímetro do castelo,
dele subindo estreitos degraus até aos eirados dos torreões. Sob a torre
principal conserva-se a cisterna, reservatório de águas pluviais (podendo
também ser abastecida com o degelo de neve) indispensável para consumo e
irrigação.
Autor: José Santos
Autor: José Santos
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