As “medidas imediatas” prometidas há duas semanas pela ministra da Agricultura ainda não chegaram aos fruticultores e agricultores do norte do distrito, que no último fim de semana de maio sofreram graves prejuízos devido à queda de granizo.
De passagem por Moimenta da Beira, e após uma reunião com autarcas das regiões do Douro Sul e da Cova da Beira, Maria do Céu Albuquerque anunciou a criação de uma linha de crédito de apoio à tesouraria e ao fundo de maneio e ainda “uma medida de apoio para restituir o potencial produtivo, nomeadamente quando os pomares ficaram completamente destruídos”, no âmbito do programa de desenvolvimento rural.
Até agora nenhuma destas ajudas chegou ao terreno. De resto os municípios do norte do distrito estão ainda a fazer um levantamento dos prejuízos causados pelo mau tempo.
“Ainda não chegou nenhum tipo de apoio. Estamos a fazer um boletim para os agricultores que tiveram prejuízos preencherem para depois mandarmos para o ministério”, adianta Valdemar Pereira, presidente da Régiefrutas e da Câmara de Tarouca.
Apesar de a avaliação das perdas ainda estar a ser feita no terreno, o município estima que os prejuízos se situem perto dos 2,4 milhões de euros. O grosso deste montante (2,1 milhões) diz respeito à produção de maçã. Também a vinha, cereja e sabugueiro registaram estragos.
Na cultura do sabugueiro, um bago que representa uma importante fatia para a economia de Tarouca, as quebras de produção rondam os 20 por cento. “A campanha deste ano não está muito ameaçada. Já acabou a fase da floração, já está a começar a aparecer o bago e apanha começa no início de agosto”, adianta Valdemar Pereira.
Já os fruticultores de maçã não tiveram tanta sorte. Há produtores com perdas entre os 80 e os 90 por cento.
“Esses são os que se sentem mais e que procuram agora a prevenção e para isso são necessárias redes de cobertura. É isso que eles reclamam mais nesta altura”, conta o autarca, sublinhando que estas redes protegem não só do granizo, como dos escaldões e ajudam a prevenir gastos de água.
Os produtores associados da Cooperativa Agrícola do Távora, sediada em Moimenta da Beira, também ainda estão à espera das prometidas ajudas.
O presidente da organização de produtores, João Silva, não esconde que “gostava que [os auxílios] tivessem chegado no dia seguinte”, ainda assim compreende que este processo tenha que “demorar o seu tempo”.
“Isto tem burocracias, obriga a análises com alguma profundidade. Estamos a falar de muito dinheiro, isto não pode ser um paliativo, tem que ser uma medida estrutural para os agricultores”, defende, salientando que o Governo já tem conhecimento do que aconteceu e das medidas reivindicadas pelos agricultores.
Ta como em Tarouca, na zona de Moimenta da Beira são reclamados apoios para a instalação de coberturas para os pomares.
“A senhora ministra tomou consciência dessa medida, considerada estrutural para a região, e disse que ia ver onde é que podia ir buscar verbas para ajudar os agricultores para que futuramente possam cobrir os seus pomares”, vinca, realçando que “tem que haver uma solução para a região, senão a produção de fruta desaparece”, devido às alterações climáticas.
Fonte: Jornal do Centro
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