Orientados por setas (em sentido oposto, surgem setas de cor azul a indicar o Caminho de Fátima), de cor amarela, pintadas no chão, nas rochas, nas árvores, nos muros, nos postes ou através de marcos de granito… fizemos o Caminho de Santiago (de Moimenta até Guimarães realizaram-se três jornadas intervaladas. De Guimarães até Santiago de Compostela sucederam-se seis) em Ano Santo (pelo facto de, em 2010, o dia da festividade de São Tiago coincidir com um domingo).
Deixámos para trás Régua, Mesão Frio, Amarante, Guimarães, Braga… e chegámos, pela antiga via militar romana, à vila mais antiga do país, Ponte de Lima, onde dormimos junto ao rio.
Seguiu-se a Labruja, uma das jornadas mais duras, quer pela sua extensão, quer pela sua irregularidade. Refrescámo-nos na Fonte de Três Bicas e, a meia encosta, junto à Cruz dos Franceses, recuperámos o fôlego. Pelo Vale do Coura chegámos até São Bento da Porta Aberta, outro local de afamada romaria. Animados com um curto descanso, terminámos a jornada no albergue de Valença do Minho, onde conhecemos o peregrino Luís de Vila Verde.
No dia seguinte, bem cedo, fizemos a travessia do rio Minho sobre a ponte metálica em direcção à primeira localidade espanhola, Tui. Após a entrada em O Porriño pelo Polígono Industrial, pernoitámos no albergue de Mos.
A chover intensamente, deixámos para trás Redondela e Arcade (onde se comem as melhores ostras da Galiza), a benemérita Guarda Civil, a magnífica vista sobre a Ria de Vigo… e chegámos à histórica Ponte Sampaio sobre o rio Verdugo, extensa ponte que, em 1809, foi palco de uma das mais sangrentas batalhas entre as tropas espanholas e as tropas de Napoleão quando estas se dirigiam para Portugal. Foi tal a crueldade que ainda hoje a população local põe os nomes dos generais franceses aos cães.
Até ao centro histórico de Pontevedra, tivemos a oportunidade de fazer um dos troços mais bonitos do Caminho.
Na manhã seguinte, abandonámos o albergue pela rua da Santiña e depressa chegámos a San Mauro. Não me esquecerei, junto à capela, do peregrino alemão que adorou a nossa cebola regada em vinho. A partir daqui, começaram a surgir inúmeros cruzeiros, alguns preciosamente esculpidos, provando estarmos no caminho certo para Santiago. O agradável núcleo de Tibo, com cruzeiro, fonte e lavadouro, deu lugar a Caldas de Reis, onde molhámos os pés cansados na água quente da Fonte das Burgas. Começou a chover muito, mas a rota só terminou, após percorridos 40km, em Padrón.
A jornada que se seguiu foi curta e fácil. Por volta do meio-dia, estávamos, finalmente, em Santiago. Visitámos a extraordinária catedral, abraçámos o Santo, assistimos à missa e levantámos o certificado da nossa peregrinação – a Compostela.
Ir a Santiago é, sem dúvida, uma experiência muito gratificante. Caso ainda não o tenha feito, um Bom Caminho!
Autor: José Carlos Santos (Publicado pelo Jornal Beirão no dia 6 de Agosto de 2010)
Deixámos para trás Régua, Mesão Frio, Amarante, Guimarães, Braga… e chegámos, pela antiga via militar romana, à vila mais antiga do país, Ponte de Lima, onde dormimos junto ao rio.
Seguiu-se a Labruja, uma das jornadas mais duras, quer pela sua extensão, quer pela sua irregularidade. Refrescámo-nos na Fonte de Três Bicas e, a meia encosta, junto à Cruz dos Franceses, recuperámos o fôlego. Pelo Vale do Coura chegámos até São Bento da Porta Aberta, outro local de afamada romaria. Animados com um curto descanso, terminámos a jornada no albergue de Valença do Minho, onde conhecemos o peregrino Luís de Vila Verde.
No dia seguinte, bem cedo, fizemos a travessia do rio Minho sobre a ponte metálica em direcção à primeira localidade espanhola, Tui. Após a entrada em O Porriño pelo Polígono Industrial, pernoitámos no albergue de Mos.
A chover intensamente, deixámos para trás Redondela e Arcade (onde se comem as melhores ostras da Galiza), a benemérita Guarda Civil, a magnífica vista sobre a Ria de Vigo… e chegámos à histórica Ponte Sampaio sobre o rio Verdugo, extensa ponte que, em 1809, foi palco de uma das mais sangrentas batalhas entre as tropas espanholas e as tropas de Napoleão quando estas se dirigiam para Portugal. Foi tal a crueldade que ainda hoje a população local põe os nomes dos generais franceses aos cães.
Até ao centro histórico de Pontevedra, tivemos a oportunidade de fazer um dos troços mais bonitos do Caminho.
Na manhã seguinte, abandonámos o albergue pela rua da Santiña e depressa chegámos a San Mauro. Não me esquecerei, junto à capela, do peregrino alemão que adorou a nossa cebola regada em vinho. A partir daqui, começaram a surgir inúmeros cruzeiros, alguns preciosamente esculpidos, provando estarmos no caminho certo para Santiago. O agradável núcleo de Tibo, com cruzeiro, fonte e lavadouro, deu lugar a Caldas de Reis, onde molhámos os pés cansados na água quente da Fonte das Burgas. Começou a chover muito, mas a rota só terminou, após percorridos 40km, em Padrón.
A jornada que se seguiu foi curta e fácil. Por volta do meio-dia, estávamos, finalmente, em Santiago. Visitámos a extraordinária catedral, abraçámos o Santo, assistimos à missa e levantámos o certificado da nossa peregrinação – a Compostela.
Ir a Santiago é, sem dúvida, uma experiência muito gratificante. Caso ainda não o tenha feito, um Bom Caminho!
Autor: José Carlos Santos (Publicado pelo Jornal Beirão no dia 6 de Agosto de 2010)
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