Presidente diz que «sinuosidade e o calamitoso estado» das estradas «fazem disparar o tempo gasto nas distâncias» até um serviço de saúde.
A Câmara de S. João da Pesqueira vai tentar impedir judicialmente o encerramento do Serviço de Atendimento Permanente (SAP) do centro de saúde entre a meia-noite e as 08:00, a partir do dia 15.
Numa moção de protesto colocada no sítio da Internet da câmara, o executivo compromete-se a assumir «a linha da frente na defesa do não encerramento anunciado» pela Administração Regional de Saúde do Norte.
Neste âmbito, informa que, de acordo com o que foi aprovado por unanimidade na última reunião, irá «desencadear os mecanismos legais ao dispor no sentido de tentar impedir judicialmente o anunciado encerramento do SAP».
Entre os seus argumentos estão «a sinuosidade e o calamitoso estado» das estradas, que «fazem disparar o tempo que tem de ser gasto nas distâncias, também elas significativas», entre as freguesias do concelho e as alternativas (Moimenta da Beira e Lamego).
«É, no contexto da região, o concelho que mais padece dos problemas de isolamento, agravadas pelo parco número de médicos», refere, acrescentando que «contrariamente a outros concelhos limítrofes», S. João da Pesqueira «não possui fáceis acessos rodoviários aos grandes centros urbanos, onde está localizada a assistência médica proposta».
O executivo alerta ainda para as condições climatéricas que, no Outono e no Inverno, «devido à persistência de nevoeiro e gelo na estrada, prolongam a duração das viagens, quando não as impossibilitam».
O director executivo do Agrupamento de Centros de Saúde do Douro Sul, Simões de Carvalho, garantiu à agência Lusa que o encerramento do SAP no período nocturno não se prende com motivos economicistas, mas com a necessidade de reestruturação.
«Tenho um plano de reestruturação da unidade de saúde que, provavelmente, ficará ao mesmo preço ou até mais caro do que gastava tendo o SAP aberto toda a noite», frisou, explicando que «o objectivo é melhorar a qualidade e fazer com que a unidade de saúde esteja ligada àquilo para que está vocacionada: os cuidados primários».
O responsável mostrou estranheza por o executivo estar preocupado com o encerramento nocturno do SAP, quando «a unidade de saúde tem estado sem SAP durante o dia» devido à falta de médicos.
«O mapa de pessoal aponta que o ideal seria ter cinco médicos, em termos de cuidados de saúde primários. Para manter um SAP precisava de ter muito mais», explicou, lamentando que, apesar das condições oferecidas (como alojamento oferecido pela câmara), não tenha ainda sido possível arranjar mais um médico.
Simões de Carvalho considera não fazer sentido «ter um SAP aberto à noite, em que há uma média de 1,4 consultas por noite, e fechar durante o dia, em que a afluência da população é enorme». A Lusa tentou, sem êxito, contactar o presidente da autarquia.
Fonte: JN
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