terça-feira, 7 de maio de 2013

«Arqueologia» - Aldeia de Nacomba



Fachada principal da Igreja



O povoamento do seu território é muito antigo. Remontará aos tempos pré-históricos, se atendermos a um machado de pedra polida e aos diversos fragmentos cerâmicos descobertos perto dos lugares do Cavaleiro e do Toitainho, nas imediações da Capela de Santa Bárbara, pequeno templo em substituição de outro de que entretanto só existiam ruínas, dedicado a São Jorge.
Os romanos certamente por aqui também terão passado num dos seus trilhos. O caminho, também denominado por Estrada do Bispo Alves Martins, mantém-se empedrado ao longo de cerca de um quilómetro de extensão por quatro metros de largura em direcção à aldeia de Carapito.
Não muito longe vale a pena subir ao habitat da Surrinha, também conhecido como o Castelo, onde a cerca de 960 metros de altitude implantou-se um marco geodésico, pequena construção de betão com funções cartográficas/topográficas. As vistas daqui são magníficas.
Antes de ser freguesia do município moimentense, Aldeia de Nacomba foi pertença de vários senhorios.
Começou desde os tempos dos primeiros monarcas, pertencendo à Honra de Caria.
No Cadastro da População do Reino, de 1527, aparece com a denominação Aldea de Dona Comba, o que nos leva a ligar o seu nome a alguém talvez proprietário deste local, com quarenta e sete moradores.
Em 1708, o Padre Carvalho da Costa, na sua Corografia, dá-lhe já o nome de Nacomba, paróquia com o orago de São Pedro, ainda pertencente ao concelho de Caria. E em 1758, na Memória Paroquial, o Vigário José Natário, nomeado pelo Reitor de Caria para exercer funções nesta localidade, com uma pensão anual de cinquenta mil réis, assevera a sua localização num monteiro fundo de um cabeço muito alto com cento e sessenta e quatro habitantes. Hoje no distinto casario ainda encontramos marcas desse tempo.
As suas terras estiveram inclusive sob a jurisdição da Universidade de Coimbra, sendo também possível observar as marcas da respetiva demarcação cinzeladas em blocos de granito nos seguintes lugares: Cadavais, Curaceiro, Igreja, Lameira, Marco Cimeiro, Moinhos, Sarzeda, Toitainho e Verdeal.
No que respeita ao património religioso, já existiam as capelas de Santa Bárbara e de Nossa Senhora do Rosário, esta alvo de várias peregrinações de gentes vizinhas, especialmente na primeira oitava da Páscoa, e a Igreja já possuía os altares de São Pedro, de Nossa Senhora, do Santo Cristo e o requintado tecto de caixotões pintados. A justiça era exercida pelo tribunal da Vila da Rua e o correio era feito através de Moimenta da Beira.



Publicado no Jornal Beirão (102.ª edição)
 Autor: José Carlos Santos

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