Estátua-menir da Nave
Trata-se de um monumento não
tumular destinado a ser fixado verticalmente no solo. Cronologicamente
insere-se no fenómeno megalítico, provavelmente na transição do III.º para o
II.º milénio antes de Cristo (Calcolítico/Idade do Bronze) e devido à sua configuração
humana e fálica, estará intimamente associado ao culto da fecundidade, do Homem
e da Natureza.
Mede aproximadamente 2,33m de
altura e 0,49/0,55m de largura (faces). Os lados medem respetivamente
0,38/0,24m (esquerdo) e 0,36/0,23m (direito). A face anterior e os lados são
insculturados e a base encontra-se fragmentada.
Considerando a sua magnífica
qualidade e importância patrimonial face à raridade deste tipo de esculturas no
Norte e Centro do território nacional, é urgente a sua preservação.
Pelo vasto planalto da Nave
recuamos até aos primórdios da presença humana na região, onde as comunidades pré-históricas quiseram
especialmente enterrar os seus mortos, edificando, a cotas acima dos 900
metros de altitude, menires e imponentes
túmulos conhecidos por antas, dólmenes ou popularmente por orcas.
Particular destaque para a estátua-menir (que se pode ver na imagem),
encontrada em 1999, pelo Dr. Domingos Cruz, no sítio do Trogal[1].
Contrastando com as povoações do
vale, encontramos Alvite (que, no
século XII, já era uma granja do mosteiro cisterciense de São João de Tarouca
e, mais tarde, integrou os concelhos de Mondim, Sever e Leomil, os quais,
entretanto, em consequência de sucessivas reorganizações territoriais, acabaram
por ser abolidos), Espinheiro, Quinta dos Caetanos e Porto da Nave, povos de costumes
arreigados que hoje, administrativamente agregados, constituem uma das
freguesias mais populosas do município de Moimenta da Beira. Conhecida
particularmente por um vocabulário muito próprio e ainda pelo uso da típica
capucha de burel (espécie de capa), as suas principais atividades são a
agricultura (onde abunda sobretudo o cereal), a pastorícia e o comércio e
alguns dos seus momentos altos durante o ano são as festas do padroeiro Santo
Amaro no dia 15 de Janeiro e de Nossa Senhora das Queimas no dia 15 de Agosto.
Outros sítios arqueológicos
identificados na freguesia:
Identificação, localização, tipologia, implantação, altitude em metros
Orca de Alvite, Alvite, dólmen de
corredor, relevo baixo, 905m.
Sítio Nabo à Carreira,
Espinheiro, tumulus[2] baixo/dólmen simples (?),
depressão ampla, 935m.
Sítio ao Madeiro, Espinheiro,
tumulus muito baixo, depressão ampla, 960m.
Chão Cimeiro, Espinheiro, tumulus
muito baixo, cumeada, 955m.
Torrão I, Porto da Nave, tumulus
elevado/dólmen simples, colo, 950m.
Torrão II, Porto da Nave, tumulus
baixo, colo, 950m.
Torrão III, Porto da Nave,
tumulus baixo, vale de montanha, 950m.
Quinta dos Caetanos, Quinta dos
Caetanos, tumulus elevado/dólmen de corredor, vale de montanha, 934m.
Publicado no Jornal Beirão (103.ª edição)
Autor: José Carlos Santos
[1] A cerca de dois quilómetros, a
Sul/Sudeste da povoação de Alvite. Atualmente encontra-se desprotegida a poucos
metros da capela da Quinta dos Caetanos.
[2]
Montículo artificial, composto por terra e/ou pedras, que envolvia e cobria as
sepulturas megalíticas.
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