Fragmento de uma estela de granito, com cerca de 50 cm de
altura, 45 cm de largura e 20 cm de espessura, aplicado numa das paredes de um edifício rústico, na Rua Sede da Junta.
A preocupação do embelezamento é nítida na
parte superior, onde foram gravadas duas rosáceas paralelas. O campo
epigráfico, rebaixado e incluído numa moldura em filete e meia cana, contém a
fórmula inicial de invocação aos Deuses Manes: D . (is) M .
(anibus) S . (acrum), divindades
protetoras a quem, a partir de meados do século I depois de Cristo (sobretudo
na Península Ibérica), os túmulos passaram a ser consagrados, mediante adequada
cerimónia. A estrutura textual da inscrição revela ainda a identificação e
filiação de dois defuntos, e as idades com que morreram: RVFINO RVFI . ANN XV
(Rufino, filho de Rufo, de quinze anos)
ET . RVFO RVFINI . ANN XXX (e
Rufo, filho de Rufino, de trinta anos), traduzindo-se assim:
Consagração
aos Deuses Manes. Rufino, filho de Rufo, de quinze anos e Rufo, filho de
Rufino, de trinta anos.
A ausência da parte inferior impede a
reconstituição total da respetiva inscrição, omitindo a identificação da(s)
pessoa(s) que mandou (ou mandaram) fazer a memória, a fórmula final «aqui jaz»
(H. S. E. = Hic Situs Est) e o voto
«que a terra te seja leve!» (S. V. T. L.= Sit
Vobis Terra Levis).
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Os
vestígios arqueológicos mais antigos identificados nesta povoação, que até ao
ano de 1834 pertenceu ao concelho de Pêra Velha[1],
remontam ao III.º milénio antes de Cristo e encontram-se em posição sobranceira
à ribeira dos Cubos[2], no amuralhado Povoado do
Castelo, um dos monumentos que se podem visitar através do Circuito
Pré-Histórico do Planalto da Nave, mas cabe aqui destacar igualmente os de
tempos posteriores, particularmente, ainda que incompleta, uma lápide em
memória de dois defuntos que o Senhor Afonso Basílio simpaticamente nos revela
através da presente imagem; as sepulturas escavadas na rocha[3], no sítio
dos Penedos (entre o casario antigo) e no lugar da Fonte dos Lobos (próximo da Igreja
de São Miguel[4]); e o património
edificado moderno, bem representado pela igreja oitocentista, pela ponte[5] em
cavalete, de dois arcos de volta perfeita (um mais aberto do que o outro),
sobre o rio Paiva, considerada uma das mais bonitas da região, e pelas diversas
construções rurais, nomeadamente moinhos de água e espigueiros, algumas delas
ainda em funcionamento.
Publicado no Jornal Beirão (105.ª edição)
[1] Hoje freguesia do município de
Moimenta da Beira.
[2] Afluente da margem direita do Paiva.
[3] Uma das formas de enterramento praticadas durante a Idade
Média.
[4] Também conhecida por Igreja Velha e da qual apenas restam os
alicerces.
[5]Uma obra,
provavelmente moderna, que exterioriza esteticamente bem a sua funcionalidade
pública, atingindo 45 m de comprimento, 4,50 m de largura e 5,20 m de altura.
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