quinta-feira, 5 de setembro de 2013

«Arqueologia» - Castelo



Santuário de Nossa Senhora da Conceição e Capela de Santa Bárbara
Templos situados num monte arborizado sobranceiro à aldeia de Castelo.
Acredita-se que a construção do Santuário de Nossa Senhora da Conceição (a padroeira desta freguesia) tenha ocorrido no tempo do rei D. Dinis e pertencido aos frades bernardos do Mosteiro de Salzedas, deixando de ser a Matriz da povoação, já no período moderno, para a igreja edificada no centro da aldeia. O interior guarda uma imagem dos fins da Idade Média, em pedra de Ançã, de Nossa Senhora da Conceição ou de Nossa Senhora do Ó, a qual, segundo a tradição, foi encontrada na Serra de Contim, mas que, inesperadamente, resultante de uma disputa entre as povoações de Contim, Sarzedo e Lumiares, foi parar a Castelo num carro de bois. Durante muitos anos ainda esteve na Capela de São Bartolomeu, templo mandado construir por Bernardo de Aguilar, no ano de 1699, no lugar da Rachada, mas acabou por ser deslocada para este santuário. Ainda no interior pode admirar-se o notável teto em masseira revestido de caixotões pintados e os retábulos colaterais dedicados a São João Baptista e a São Bartolomeu.
No exterior, o adro encerra enterramentos do período medieval e em complemento ao fraguedo descobre-se o baluarte que estará na origem do nome da povoação.
O ponto mais alto do monte, onde foi edificada outra admirável capela, dedicada a Santa Bárbara, e criada uma zona de lazer com coreto e miradouro, oferece-nos uma extraordinária vista sobre os vales do Tedo e da ribeira de Leomil.

Até ao momento é no monte onde foram edificados os templos dedicados a Nossa Senhora da Conceição e a Santa Bárbara que encontramos os vestígios arqueológicos mais antigos de Castelo, povoação que no passado foi sede de um pequeno concelho[1]. De acordo com o Cadastro Populacional do Reino, em 1527, o seu termo, com uma légua de comprimento e outra de largura, abrangia, além da vila sede, as Quintas de Bravilamte (Beira Valente) e Comtym (Contim), confrontando com os concelhos de Leomil, São Cosmado, Granja do Tedo, Longa e Nagosa e tinha 62 moradores. Não se lhe conhece carta de foral, mas teve Edifício da Câmara, casas solarengas e pelourinho[2] (provavelmente de tipo coluço), o qual, ainda conservado, terá sido erguido, de acordo com a data gravada num dos blocos do remate, no ano de 1669.


Publicado no Jornal Beirão (109.ª edição)


[1] Em consequência de uma reforma administrativa, o concelho foi extinto e anexado ao de Moimenta da Beira em 1834.
[2] A importância patrimonial valeu-lhe a classificação de Imóvel de Interesse Público em 1933.

Autor: José Carlos Santos

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