quinta-feira, 3 de outubro de 2013

«Arqueologia» - Fornos



 Imagem 1 – Capela de São Pedro
Primitivamente edificada junto ao cemitério da povoação, acabou por ser deslocada posteriormente para junto do povo, sofrendo algumas transformações, perdendo inclusive um altar renascentista e pinturas de grande valor. Como se pode observar na imagem, a frontaria, de configuração pentagonal, é rematada por uma cruz ao centro e por pináculos lateralmente, com sineira sobre o portal principal, incomumente direcionada para Nascente.
Apesar de ser uma construção simples, continua a ser o monumento mais importante da aldeia, acreditando-se que o culto aqui a São Pedro data da mesma época, ou ainda antes, do culto da Senhora das Seixas em Arcas (freguesia de Sever), dois lugares muito antigos da fé cristã na área do atual município de Moimenta da Beira.


Imagem 2 – Alminha
Pequeno altar erguido à beira de um caminho nas proximidades da Quinta de São Pedro.

Quanto a Fornos[1], aldeia bucólica junto à ribeira do Tedo, o vestígio arqueológico mais antigo identificado até ao momento é um túmulo do período medieval situado na Quinta de São Pedro[2], perto do local onde originariamente foi construída a Capela de São Pedro (ver imagem 1), antiga Matriz de Moimenta.
Não encontramos no seu casario esmerados brasões, mas a verdade é que em Fornos há muito a descobrir. Por aqui podemos trilhar velhos caminhos pautados por antigas marcações[3], pontigos, nichos[4] e alminhas (imagem 2), num contacto muito direto quer com o mundo rural quer com a Natureza.

Autor: José Carlos Santos
Publicado no Jornal Beirão (110.ª edição)



[1] O nome desta aldeia, pertencente à freguesia de Moimenta da Beira, resultará da existência de fornos em tempos.
[2] Propriedade particular, a poucos metros do cemitério, também conhecida por Porto de Cá.
O enterramento foi executado na rocha com a forma não antropomórfica, orientado a Noroeste/Norte e já não apresenta quaisquer vestígios da cobertura. O leito tem cerca de 1,90 m de comprimento, 0,34 m de profundidade, 0,57 m de largura máxima e um rebordo lateral com aproximadamente 0,20 m de largura.
[3] No sítio da “Varze” encontra-se gravado na rocha – 1846 – que curiosamente é a mesma data assinalada num afloramento granítico a poucos metros da Capela de São Miguel, na freguesia de Paradinha. Pressupõe-se que ambas estejam relacionadas com demarcações, talvez administrativas.
[4] Destaque para o Nicho do Senhor dos Milagres, pequeno templo delimitado por quatro frades de pedra, junto à estrada que liga a povoação ao respetivo cemitério.
Colocado no muro de uma propriedade privada contígua é possível identificar um bloco granítico com a inscrição da Universidade de Coimbra: V. DE.

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