Imagem 1 – Capela de Nossa Senhora de Fátima, situada no centro da
aldeia de Granja dos Oleiros.
Uma pedra com inscrição,
presumivelmente latina, detetada no piso de cantaria e o pequeno altar de
madeira pintado, da Época Moderna, são as principais curiosidades do interior
deste pequeno templo. A epígrafe apresenta, contudo, grandes desgastes, deixando,
por conseguinte, incompleta a seguinte leitura:
BALBVS
MANI
FCOLA […]
NN […]N ?
LXX […]
EVS […]
TRI.S ? VO ?
Imagem 2 – Capela de
São João, localizada a meia encosta, entre Granja dos Oleiros e Vide.
Restaurada na década passada, a
pequena pedra retangular ao centro da fachada principal diz-nos que esta
interessante capela foi trasladada no ano de 1757. A presença de dois túmulos[1]
escavados na rocha, a poucos metros do seu lado direito, indica-nos que o local, antes da
implantação do templo, já era visto como o “lugar dos mortos”.
Parte da Granja dos Leiros[2], como era chamada
esta povoação há uns séculos atrás, foi, segundo a tradição oral, uma cidade romana, denominada de Arrochela[3] ou Rochela, a qual alongar-se-ia desde a Terra Lacosta, topónimo de uma zona do
Rapado[4], até
à Capela de São João Baptista, perto da aldeia de Vide[5].
De facto, quando
se visita Granja dos Oleiros, percebe-se rapidamente que o povo romano ter-se-á
instalado aqui, não só pelo seu microclima e pelas suas caraterísticas geomorfológicas
(que os Romanos tanto apreciaram), como também pela facilidade de numa área
considerável se encontrar, à superfície, diversos vestígios[6],
especialmente dessa época, designadamente fragmentos de tegulae (telhas), tijolos, mós, pesos de tear, inúmeras moedas[7] em
vários tipos de metal e
extraordinariamente, segundo registos escritos, algumas epígrafes, cujo
paradeiro é, todavia, desconhecido.
Publicado no Jornal Beirão (111.ª
edição)
[1] Forma de enterramento executada durante a Idade Média, relacionada com
os processos de Reconquista e repovoamento do território nacional. Numa propriedade particular contígua, descobrem-se
mais quatro.
[2] Este topónimo é citado na Memória Paroquial de 1758
redigida pelo pároco Manuel de Almeida Correia. Por esta altura, Granja dos
Oleiros era mais um dos lugares do concelho de Caria, que acabaria por ser
extinto.
[3] Arrochela deriva de arrochelar, ou seja, fortificar, afortalezar.
[4] Zona, em tempos, sob a jurisdição da Universidade de
Coimbra, como se pode constatar pelos dois marcos delimitadores aí fixados com
a inscrição V. DE.
[5] Faz parte da freguesia de Rua, juntamente com Granja
dos Oleiros, Prados de Baixo, Prados de Cima e Vila da Rua.
[6] Alguns são, entretanto, desenterrados
involuntariamente durante os trabalhos agrícolas e, por conseguinte, na maioria
das vezes, ignorados e abandonados, por não se saber o seu significado.
[7] Segundo a bibliografia disponível, muitas foram encontradas em 1872 e
em 1877, estando algumas guardadas no Museu da
Câmara Municipal do Porto e no Museu do Carmo, em Lisboa.
Autor: José Carlos Santos
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