Cooperativa Agrícola do Távora, em Moimenta da Beira, está a fazer
renascer a tradição milenar e artesanal da produção de vinho pisado a pé
no seu lagar de pedra de granito. O método consiste em prensar as uvas
com os pés para extrair o mosto, que posteriormente irá fermentar e
transformar-se em vinho, “um vinho que se pretende venha a ser de
excelência”, diz o presidente da instituição, João Silva. A experiência
começou em 2011 e algum do vinho já está a estagiar em madeira para
poder ser comercializado em 2015. É vinho com origem nas castas tintas
mais nobres da região: Touriga Franca e Touriga Nacional.
São homens e mulheres que se ‘oferecem’ para pisar as uvas. Ao todo
já se produziram 11 lagares dos quais foram aproveitados seis. O lagar
tem capacidade para sete mil litros, cerca de 10 toneladas de uvas.
Em Portugal já é rara a tradição do vinho de “pisa a pé”. Restam
poucas adegas a utilizar este método artesanal. A prática ainda pode ser
observada em vinícolas do Douro e do Alentejo.
A diferença entre a “pisa a pé” e o uso de prensas mecanizadas é que o
calcanhar humano proporciona um elevado nível de extração, não apenas
de cor, mas também de outros componentes essenciais à boa qualidade do
vinho. Já a prensagem mecânica pode extrair alguns elementos
indesejados, dando gosto amargo ou herbáceo ao vinho, embora a nova
tecnologia permita minimizar este efeito.
Porém, como a pisa a pé é dispendiosa e demorada, alguns produtores
trataram de adoptar técnicas que se assemelham a este método, inventando
as pisas mecânicas ou robóticas que simulam os movimentos dos pés
humanos. Mesmo assim, para os seus vinhos de melhor qualidade, algumas
vinícolas preferem manter a velha tradição.
Fonte: Local.pt
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