Entre roturas de condutas ou infiltrações, é nos consumos não cobrados que se regista a maior perda de faturação para os municípios. Há concelhos onde a “água perdida” ascende aos 70 por cento. Fique a saber onde há mais e menos recursos desperdiçados e o que fazem as autarquias para combater o problema.
Resende e Moimenta da Beira são os dois municípios onde se verifica mais água perdida entre roturas, infiltrações e consumos não cobrados. De acordo com a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), os dados (acessível online e relativamente ao ano de 2015,) apontam para perdas superiores a 70 por cento e muitos milhões de euros.
“O problema não são tanto os desperdícios, são mais os recursos não cobrados”, admite José Eduardo Ferreira, presidente da Câmara de Moimenta da Beira, que fala num défice anual superior a meio milhão de euros no município que gere.
Segundo o autarca, a água não cobrada a instituições como juntas de freguesia, bombeiros ou organizações de solidariedade social é um problema de vários anos que é transversal a todos os municípios e tem de ser resolvido.
“Este arrastamento da solução tem impedido a adopção de medidas que poderiam ter sido mais concretas na resolução do assunto”, sustenta, anunciando que a constituição da empresa multimunicipal do Vale do Douro Sul será uma “mais valia” para pôr cobro a uma situação que “carece de uma maior atenção”. A empresa, exclusivamente composta por municípios, envolve dez concelhos e vai fazer a gestão em baixa do abastecimento e tratamento das águas residuais.
“O que se passa é que tem havido um défice que tem vindo a ser acumulado anos após ano e só vai ter uma solução em conjunto. É por essa razão que estamos a fazer esta empresa que é constituída exclusivamente pelos municípios”, assinala o presidente da Câmara.
De acordo com José Eduardo Ferreira, apesar dos valores não cobrados serem elevados, o problema não coloca em causa o investimento que é feito na rede que “está com uma cobertura, tanto no abastecimento como no tratamento, de quase 100 por cento”.
Com base nos critérios da ERSAR, dez dos 25 municípios da região de Viseu não conseguem faturar mais de metade da água que entra nos seus sistemas. Quem apresenta os melhores valores de consumo não faturado além de Mangualde são os municípios que fazem parte do sistema do Planalto Beirão. Viseu, Armamar, Nelas, Penedono e Tarouca são os únicos que estão abaixo dos 50 por cento.
Em Cinfães, os valores também são elevados, mas o presidente da autarquia, Armando Mourisco, assegura que “muita coisa melhorou e se alterou” nos últimos dois anos. “O nosso sistema está ligado à Águas do Norte e foram feitas muitas mudanças, desde a substituição de condutas antigas à recuperação de depósitos e mudança de contadores”, sublinha.
Segundo o autarca, as intervenções num sistema “que estava velho e obsoleto” e uma “gestão rigorosa” colocam, agora, o município “próximo dos que estão com melhores níveis”.
Consumos ilícitos
Em Viseu, um dos municípios onde a água não faturada é menor, a autarquia avançou com várias medidas que, segundo o autarca local, começaram a ser implementadas já em 2014. Entre elas, o combate às ligações clandestinas e que permitiu “recuperar” mais de 5500 “novos” clientes. Nos últimos anos foram detetadas mais de 6.500 ligações clandestinas às redes de água e saneamento. “Só assim é possível proteger a saúde pública e o meio-ambiente e garantir a viabilidade a baixo preço da Águas de Viseu”, salienta Almeida Henriques.
Em Viseu, um dos municípios onde a água não faturada é menor, a autarquia avançou com várias medidas que, segundo o autarca local, começaram a ser implementadas já em 2014. Entre elas, o combate às ligações clandestinas e que permitiu “recuperar” mais de 5500 “novos” clientes. Nos últimos anos foram detetadas mais de 6.500 ligações clandestinas às redes de água e saneamento. “Só assim é possível proteger a saúde pública e o meio-ambiente e garantir a viabilidade a baixo preço da Águas de Viseu”, salienta Almeida Henriques.
A água que se perde antes de chegar às torneiras dos portugueses, entre a que é distribuída gratuitamente, as fugas por ruturas ou mau uso e os consumos ilícitos ascende a cerca de 30 por cento e representa uma verba da ordem dos 235 milhões de euros anuais que deixam de ser cobrados pelos municípios, segundo a Associação Zero.
Fonte: Jornal do Centro
Sem comentários:
Enviar um comentário