Em 1959, Agustina Bessa-Luís escreveu “A Mãe de um Rio” que conta a história de Fisalina que vive numa aldeia [Alvite, Moimenta da Beira] da qual nunca ninguém sai. Os seus habitantes casam entre si, vivem entre os seus muros e aí permanecem para além da morte. Mas Fisalina não quer esse futuro, quer sair e casar com o seu amado, um tocador de sinos de outra aldeia que conheceu numa feira enquanto acompanhava o pai na venda de meias e mantas de lã. Mas sabe que nunca tal aconteceu. Procura os conselhos da sábia mãe do rio, uma mulher que vive há mil anos, cujas pontas dos dedos são de ouro e sobre quem voam gralhas em constante agitação...”.
O livro, que se recorda hoje, 3 de junho de 2019, dia em que morre a autora, foi publicado originalmente em 1959 pela Guimarães Editores que lhe juntou um CD com esse mesmo texto escrito e dito pela própria Agustina Bessa-Luís. A gravação foi realizada nesse ano para a Valentim de Carvalho, para uma coleção de autores que diziam textos seus.
É uma obra muito pequena (51 páginas bilingue - até à página 27 em português e depois em francês) mas com uma história grandiosa. De tal maneira grandiosa que Manoel de Oliveira insere este conto no seu filme “Inquietude”, em 1998, onde Leonor Baldaque teve a sua estreia como atriz na personagem de Fisalina. O filme conta ainda com a interpretação de Irene Papas no papel de Mãe de um Rio.
"Antigamente, sim, antigamente, a Terra tinha a forma quadrada, e um rio de fogo corria na superfície. Não havia aves nem plantas, as águas estavam nos ares como nevoeiro cor de ferro, e os ventos não as tinham distribuído ainda pelos quatro cantos agudos da Terra...". É assim que começa este conto de Agustina Bessa-Luís que chegou a estar incluído no Plano Nacional de Leitura como livro recomendado para o 3º ciclo, destinado a leitura autónoma.
Fonte: CMMB
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