domingo, 4 de julho de 2021

«Notícia» - Está lançada a Eurorregião para a cultura do sabugueiro

Com o compromisso comum já assinado no papel, o Norte de Portugal e a Galiza voltaram a aliar-se, desta vez para criarem a eurorregião da cultura do sabugueiro, com o propósito de retirarem da união a vantagem de uma força acrescida para elevar a produção, transformação e consumo da planta aos patamares de uma valorização já percecionada, mas ainda não atingida.

"Não conseguimos parceiros em Portugal para o desenvolvimento de novos produtos à base de sabugueiro, mas encontrámo-los na Galiza", justifica Bruno Cardoso, diretor-geral da InovTerra-Associação para o Desenvolvimento Local, sediada em Tarouca e focalizada na cultura do sabugueiro.

"Na Galiza, já se fazem mais de 30 produtos derivados do sabugueiro, como cervejas, licores, compotas, chocolates...", enumera o dirigente, contrapondo que, "em Portugal, apenas uma empresa faz uso comercial da planta", convertida em chá e na aromatização de vinagres de mel.

O argumentário a favor da cultura autóctone é reforçado com a constatação de ser "um produto muito valorizado lá fora, que poderia ser muito melhor aproveitado cá, criando riqueza em territórios rurais e desfavorecidos".

Bruno Cardoso, muito por via do trabalho singular de promoção que tem feito pelo mundo fora, reconhece que o produto "tem vindo a ser cada vez mais valorizado - com a mesma área plantada, em quatro anos, o quilo de baga de sabugueiro aumentou 12 cêntimos" - e está convicto de tratar-se de uma cultura "muito interessante do ponto de vista da rentabilidade", ousando mesmo dizer que constitui "uma oportunidade para a instalação de jovens agricultores".

Em Portugal, a produção está nas mãos de cerca de 450 produtores, com maior predominância nos concelhos de Tarouca, Tabuaço, Moimenta da Beira, Lamego e Armamar. São cerca de 1500 toneladas de baga fresca por ano, exportada na sua quase totalidade, a que se junta o aproveitamento da flor.

Há três anos, o sabugueiro foi notícia quando se soube que a Universidade de Aveiro tinha concluído um projeto de investigação que comprovava o efeito positivo da baga no controlo da diabetes. A partir daí, juntaram-se outros centros de investigação para desenvolver novas aplicações da planta, mas foi neste ponto que falharam as diligências em Portugal para encontrar parceiros interessados no desenvolvimento e transformação dos produtos, e que acabaram por ser identificados na Galiza.

Daí a assinatura, no dia 24 de junho, em Tarouca, do Protocolo de Cooperação entre a Universidade de Aveiro, a Universidade de Trás-os-Montes, a Associação Inovterra, a Universidade de Santiago de Compostela, empresas portuguesas e espanholas, e o Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Norte de Portugal-Galiza, para criação de uma eurorregião da cultura do sabugueiro, patrocinado pela secretária de Estado da Valorização do Interior, Isabel Ferreira.

Na atualidade, são conhecidas as aplicações da planta na cadeia alimentar, bem como na indústria farmacêutica e na cosmética. Mas a ideia do protocolo é criar condições para melhorar o aproveitamento, desde a produção, no terreno, até à comercialização. Pesquisas laboratoriais fazem parte do plano, bem como missões comerciais conjuntas. A criação de empresas ligadas à fileira é outro dos objetivos.

Fonte: Dinheiro Vivo

Sem comentários: