segunda-feira, 26 de maio de 2008

Fogo faz desalojado (19 de Maio de 2008)

Um incêndio destruiu ontem (Domingo dia 18 de Maio) uma casa de habitação de Arcozelo do Cabo, em Moimenta da Beira, deixando desalojado um homem, informou o Comando Distrital de Operações de Socorro de Viseu.
As chamas eclodiram às 18h50. Uma mulher sentiu-se mal e foi assistida no local pelos bombeiros.
Fonte: correiodamanha.pt



Incêndio levou-lhe a casa onde viveu anos fechado


Hélder Silva ficou apenas com a roupa que trazia no corpo

Passou grande parte dos 58 anos que leva de vida trancado, com o irmão mais velho, numa casa humilde de Arcozelo do Cabo, em Moimenta da Beira. Saiu de lá desfigurado. Barba e cabelo impensáveis. "Nem parecia gente", lembram os vizinhos. No domingo (18 de Maio), quando torcia pelo seu Sporting, no jogo da Taça de Portugal, no café da aldeia, um incêndio traiçoeiro roubou-lhe o lar onde agora vivia sozinho. Ficou apenas com a roupa que trazia no corpo. Mas há uma coisa que Hélder Silva não perdeu a solidariedade dos seus vizinhos e amigos. "Ninguém merece um destino assim. Este pobre homem nunca ficará na rua. Nós não deixaremos", garante Jorge Fernandes, dono do café "Sótão", prontamente secundado por Palmira Botelho. "Quando soube que perdeu a casinha onde vivia, com todos os seus haveres, prontifiquei-me a arranjar-lhe um sítio para ficar. Mas não foi preciso. Muitas outras pessoas pensaram o mesmo", explicou. A sorte de Hélder Silva continua a comover Arcozelo do Cabo, na freguesia de Arcozelos, arredores de Moimenta da Beira. Todos se lembram, ainda, da história que há pouco mais de uma década abalou a região, e o país, quando se soube que dois homens, Acácio e Hélder, passaram anos a fio fechados em casa sem ver a luz do dia. A mãe não deixava. "Eram pessoas com alguma fragilidade mental", recorda o presidente da Junta de Freguesia de Arcozelos, José Moutinho, para quem essa poderá ter sido a razão que levou aquela mãe, entretanto falecida, a não deixar os rapazes andarem na rua. "Às vezes as pessoas espreitavam pelas janelas para tentarem ver como eles viviam. E quando finalmente saíram cá para fora, devido às notícias dos jornais e das televisões, poucos os conheciam. Tinham cabelos e barbas muito compridos, e sujos. O mais velho, Acácio, chegou a ter problemas sérios para aguentar a luz do dia", relata uma mulher da aldeia. "O meu irmão esteve mais tempo fechado", confirma Hélder Silva, que chegou a casar. "Tenho um filho, agora com 25 anos, que está na Alemanha. A minha mulher deixou-me. Quando estive a trabalhar em Espanha, durante algum tempo, senti-me tão abalado que tentei o suicídio. Ainda tenho a bala no cérebro". A sina de Hélder comove a aldeia. Depois do incêndio, um primo, a residir em Lisboa, autorizou-o a ficar na casa que era da sua mãe. "Viemos fazer limpeza e pôr tudo em ordem", conta Fernanda Santos, funcionária da Santa Casa da Misericórdia de Moimenta da Beira, que todos os dias lhe leva a refeição que dá para o almoço e jantar. "A câmara e a junta vão tentar compor-lhe a casa", declarou o autarca José Moutinho.

Notícia retirada do JN online

2 comentários:

Cmdt JR disse...

Boas,

Só não houve danos maiores nas habitações contiguas, porque a acção dos dos Bombeiros foi rápida e eficaz e também a ajuda de alguns populares que até a chegada dos Bombeiros deram um contributo importante para que o fogo não se alastrasse a outras habitações.
O pior desta tragédia é que o unico habitante desta humilde habitação não tem qualquer familiar na povoação para o acolher, nem tem meios económicos para fazer face aos estragos.
Apesar da pronta disponibilidade da Protecção Civil Municipal para resolver o mais rápido possivel a situação, penso que o povo do Arcozelo tem uma palavra a dizer.

Abraço

Moimentense de Gema disse...

Fico contente pela rápida intervenção dos bombeiros que evitaram tragédias maiores...
Espero que agora haja solidariedade e ajuda para a vítima deste incêndio...
As maiores felicidades para os "nossos" bombeiros no seu árduo trabalho...

Cumprimentos
JP