sábado, 14 de agosto de 2010

DE VEZ EM QUANDO !




Agora, que estes incêndios me queimam o coração e a alma, lembro-me dos baldios e da pertença das matas a quem de direito. Ao povo que amava a serra. E aos lobos que nela habitavam. Tal como escreveu o Mestre Aquilino Ribeiro em "Quando os Lobos Uivam" - uma obra que lhe valeu um processo judicial e uma "condenação" na praça pública movida pelo Estado Novo. Mas há sempre alguém de coragem. E que a teve para responder ao processo. A resposta foi então publicada no Brasil com este título - a merecer honras de guarda na Biblioteca de Aquilino Ribeiro, em Moimenta da Beira, por oferta do Dr. Carlos Semedo, Juíz em Castelo Branco.


Serve esta nota introdutória de mote a uma simples reflexão sobre o actual "clima" dos incêndios em Portugal.
Será já um tempo sem retorno ?

Incêndios ?

Mais calor? Alterações Climáticas?

É sempre bom lembrar os “desafios” de Aquilino.

Como os de “Quando os Lobos Uivam”, que eu recordo em “Da Beira !”, de 2008 : - “Querem retemperar a nação e a raça? Arborizem, arborizem a serra...”.

Pois, dizia eu na carta ao Mestre ... “mas muito poucos ou quase ninguém lhe deu ouvidos. E tudo se foi queimando na voragem das chamas dos incêndios cada vez mais violentos. As tentativas de reflorestação só vingam e duram o tempo que os “interesses instalados” vão permitindo. Os ciclos de vida e de morte são cada vez mais curtos. De outra sorte, este tipo de fenómenos (que é preocupante na Amazónia) apenas representa um dos vértices do chamado “aquecimento global”, o qual tem provocado a redução drástica das calotes polares, seguindo-se o degelo e a subida das águas dos oceanos. Consequência inevitável (por falta de vontade política dos líderes mundiais) vai ser o desaparecimento de algumas ilhas e a tranformação da fisionomia costeira de alguns países e continentes, dentro de alguns anos, incluindo o rectângulo português europeu – que já hoje não parece o mesmo. E os rios de água límpida (apanhada com a concha da mão) que admirava (Paiva, Távora, Douro, Minho, Coura ou Âncora), já não matam a sede de caminheiros ou peregrinos”.

Será já um tempo sem retorno ?

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