Edifício dos Paços do Concelho de Moimenta da Beira
antiga
Casa dos Carvalhais
Fachada
principal do edifício no ano de 1914
O edifício que sumptuosamente hoje acolhe os Paços do
Concelho de Moimenta da Beira, ao cimo do Largo do Tabolado, foi, em tempos, a
casa apalaçada de D. Claudina Adelaide de Almeida Carvalhais, uma senhora de
grandes haveres, cuja herança foi “julgada jacente” por inexistência de
herdeiros.
Tudo parece ter começado no ano de 1857, quando o Juiz da
Comarca – Doutor José Freire de Serpa Pimentel – disse que o poder judicial
nesta localidade não podia ser exercido convenientemente devido à falta de
condições e que tratando-se de um município extenso e populoso e uma vila que,
pela sua localização geográfica, pelo seu comércio e pela sua indústria, podia ser
intitulada como a rainha das povoações de uma área considerável, a Câmara (na
altura presidida por Joaquim José da Costa Araújo, pai do futuro Conde da
Lobata) não podia continuar a realizar as suas sessões num recinto acanhado
como o Largo das Freiras, aconselhando a mesma a pedir a expropriação da
imponente casa de D. Claudina para aí instalar os Paços do Concelho.
Assim aconteceu, pouco tempo depois, durante o mandato do
Doutor António de Almeida Carvalhais Galafura, também Fidalgo Cavaleiro da Casa
Real: os Paços do Concelho passaram do Largo das Freiras, o centro cívico,
nobre e religioso de Moimenta da Beira, para o Largo do Tabolado, um lugar,
porém, ainda vazio de tradições.
A respetiva casa, que inclusive tinha capela (cujo altar foi
comprado pelo Padre Manuel Gomes Afonso, de Peva, por 24.000 réis), quintã e um
palhal, foi estimada em 800.000 réis e mais 401.000 réis pelo seu arranjo e
“compra de utensílios”, representando uma verdadeira fortuna nesse tempo. Para
além da Câmara Municipal, que aí realizou a primeira reunião no dia 3 de maio
de 1859, quase tudo chegou a albergar: Escola (Ensino Primário), Tribunal,
Correios, etc.
O aspeto atual do edifício, com o Palácio da Justiça e as
diversas repartições públicas voltadas a nascente, é, contudo, bastante
diferente do dos inícios do século XX (o qual se pode ver na imagem), quando,
inexplicavelmente ao abandono, ameaçou mesmo cair. É já obra posterior ao ano
de 1950, com vários ajustamentos e deve-se sobretudo às presidências de Joaquim
Guilherme de Araújo Abreu e do Doutor António de Lemos Gomes, valendo a pena
dizer que melhor edifício e localização não podia ter hoje Moimenta da Beira
para administrar o seu Concelho.
Sugestões
bibliográficas:
GUIA,
A. B. (2001) – As Vinte Freguesias de
Moimenta da Beira. 3.ª ed. Viseu: Éden Gráfico, p. 365-367.
GUIA,
A. B. (2001) – Os Oito Concelhos de
Moimenta da Beira. 3.ª ed. Viseu: E.G., p. 186-191.
Publicado no Jornal Terras do Demo (326.ª edição)
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