domingo, 27 de novembro de 2022

«Notícia» - Água: Cinfães é o concelho com a tarifa mais cara. Castro Daire é o mais barato

Mais de 318 euros. É esta a diferença entre o concelho mais caro e o mais barato do distrito de Viseu na cobrança de água. Segundo um estudo divulgado esta semana pela DECO Proteste, Cinfães é o município onde a cobrança é a mais elevada: 426,14 euros (sem IVA) pelo consumo de 120 metros cúbicos de água por ano.

Do tarifário pago pelos munícipes deste concelho do norte do distrito, os consumidores pagam 207,93 euros pelo abastecimento, 170,21 euros pelo saneamento e 48 euros pelos resíduos sólidos.

Já Castro Daire destaca-se por ser o concelho mais barato com apenas 108 euros, sendo também um dos municípios onde se paga menos pela água em todo o país. Lá, paga-se 63 euros pelo abastecimento, 30 euros pelos resíduos e apenas 15 euros pelo saneamento.

As políticas de cobrança variam de concelho para concelho. Só em Viseu, os Serviços Municipalizados (SMAS) cobram 299,38 euros à população. A maior parte desse valor (146,81 euros) destina-se ao saneamento. Já a água custa 116,57 euros e a tarifa dos resíduos sólidos urbanos 36 euros. Para os utilizadores do tarifário social, a fatura fica nos 162,54 euros.

O SMAS de Viseu calcula a tarifa variável de água de acordo com o valor dos escalões progressivos por blocos, enquanto a de saneamento incide sobre 90 por cento do volume total de água consumida por escalões.

Já na fatura dos 180 metros cúbicos de água, a taxa é ainda maior: 417,11 euros. Metade desse valor é pago pelos clientes do tarifário social: 229,14 euros. A tarifa social é usufruída por 559 famílias e 252 instituições do concelho de Viseu.

Dos 24 concelhos do distrito, cinco têm a água fornecida por operadores que não são as câmaras municipais. A água em Cinfães é fornecida pela Águas do Norte, uma empresa do grupo Águas de Portugal, que pertence ao Estado. Já Carregal do Sal, Mortágua, Santa Comba Dão e Tondela são servidos pela Águas do Planalto, uma empresa de capitais privados.

A Deco concluiu que as tarifas dos serviços de água e saneamento continuam com elevada discrepância entre os municípios, alertando que os consumidores não devem ser os únicos a suportar os custos.

Numa nota sobre o estudo, revelado na revista Proteste de dezembro, a Deco salienta que há mais de 10 anos que alerta “para a elevada discrepância entre as tarifas dos serviços de água e saneamento entre municípios do território nacional”.

A Deco destaca que estas diferenças de valores dependem de vários fatores, como “as cláusulas contratuais entre as câmaras municipais e as concessões, o diferencial de custos e a comparticipação dos municípios na tarifa aplicada ao consumidor doméstico”.

A associação salienta também que indicadores como a reabilitação de condutas, a ocorrência de avarias e as perdas reais de água são “determinantes na prestação do serviço de abastecimento de água”.

“Ainda assim, não deve ser apenas o consumidor o único a suportar os custos destes indicadores”, considera a associação, defendendo a necessidade de “mudanças neste setor”.

Entre as alterações que defende está a regulação tarifária para a harmonização de preços nos diferentes concelhos, de forma a promover o uso eficiente deste recurso, que considera “um direito universal”.

“Ajustar as contas para os consumidores é uma questão de equidade, que apenas pode ser resolvida com um regulamento tarifário”, sublinha.

O cálculo da acessibilidade económica das famílias aos serviços de água e saneamento e a aplicação de tarifas sociais a famílias de carência económica são outras das medidas que a associação pretende ver aplicadas, tal como a aposta na reabilitação das estruturas, como os coletores.

A Deco disponibiliza um comparador de tarifários que permite conhecer a diferença dos preços da água entre os concelhos, em https://www.deco.proteste.pt/sustentabilidade/lixo-sem-agua#district.

Preços de consumo de 120 metros cúbicos anuais de água no distrito de Viseu

• Armamar - 266,40 €

• Carregal do Sal - 302,00 €

• Castro Daire - 108,00 €

• Cinfães - 426,14 €

• Lamego - 292,50 €

• Mangualde - 252,13 €

• Moimenta da Beira - 127,44 €

• Mortágua - 295,23 €

• Nelas - 187,81 €

• Oliveira de Frades - 149,76 €

• Penalva do Castelo - 180,00 €

• Penedono - 168,93 €

• Resende - 122,40 €

• Santa Comba Dão - 292,83 €

• São João da Pesqueira - 249,72 €

• São Pedro do Sul - 256,32 €

• Sátão - 157,92 €

• Sernancelhe - 272,11 €

• Tabuaço - 179,40 €

• Tarouca - 231,44 €

• Tondela - 307,23 €

• Vila Nova de Paiva - 115,80 €

• Viseu - 299,38 €

• Vouzela - 225,10 €


Preços de consumo de 180 metros cúbicos anuais de água

• Armamar – 372,00 €

• Carregal do Sal - 420,61 €

• Castro Daire - 141,00 €

• Cinfães - 590,79 €

• Lamego - 400,80 €

• Mangualde - 334,51 €

• Moimenta da Beira - 167,04 €

• Mortágua - 399,06 €

• Nelas - 261,69 €

• Oliveira de Frades - 231,72 €

• Penalva do Castelo - 252,60 €

• Penedono - 240,66 €

• Resende - 194,40 €

• Santa Comba Dão - 411,66 €

• São João da Pesqueira - 362,43 €

• São Pedro do Sul - 339,18 €

• Sátão - 221,76 €

• Sernancelhe - 392,78 €

• Tabuaço - 279,60 €

• Tarouca - 304,31 €

• Tondela - 435,06 €

• Vila Nova de Paiva - 157,80 €

• Viseu - 417,11 €

• Vouzela - 297,01 €


Fonte: Jornal do Centro

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