quarta-feira, 30 de junho de 2010
DE VEZ EM QUANDO !
terça-feira, 29 de junho de 2010
«Desporto» - Volta a Portugal em Bicicleta 2010 (Arranque em Moimenta da Beira da 6ª etapa)
A edição 72 da Volta a Portugal já tem etapas definidas. Arranca de Viseu com um prólogo a 4 de Agosto e termina em Lisboa – 15 de Agosto, palco do arranque da edição anterior. Sem uma vez mais visitar o Algarve e o Alentejo, a competição rainha do ciclismo português conta, uma vez mais, com três momentos de decisão já “pré-determinados”: a chegada à Srª da Graça, a chegada à Torre e o contra-relógio de Leiria na véspera de uma etapa que surge, de forma inédita, como consagração depois de largos anos tendo um contra-relógio a fechar. Há novos locais de chegada como Oliveira de Azeméis, Viana do Castelo, Lamego e Oliveira do Bairro e desaparecem finais clássicos como os de Fafe ou de São João da Madeira. Quanto às partidas destaque para a recuperação de localidades como Moimenta da Beira e o arranque a estrear de Pedrogão.
O percurso contempla o seu primeiro grande momento logo ao terceiro dia de prova com a chegada a Santo Tirso, presumivelmente no alto da Assunção estando a Srª da Graça marcada para a véspera do dia de descanso. Segue-se a chegada a Lamego – testada no recente Grande Prémio Liberty Seguros – e a viagem repetida até Castelo Branco na véspera do assalto à Torre por uma vertente ainda não anunciada. Depois de uma etapa de transição até Oliveira do Bairro temos, por fim, o contra-relógio de Leiria que deverá acertar a classificação na véspera da chegada a Lisboa.
Os percursos definitivos são um complemento obrigatório à análise do percurso que deverá ser oficialmente apresentado a meio de Julho.
Etapas da Volta 2010
4/08 – Prólogo Viseu
5/08 – 1ª etapa: Gouveia – Oliveira de Azeméis
6/08 – 2ª etapa: Aveiro – Santo Tirso (Assunção)
7/08 – 3ª etapa: Chegada a Viana do Castelo
8/08 – 4ª etapa: Chegada à Srª da Graça
Dia de descanso
10/08 – 5ª etapa: Fafe – Lamego
11/08 – 6ª etapa: Moimenta da Beira – Castelo Branco
12/08 – 7ª etapa: Idanha-a-Nova – Alto da Torre
13/08 – 8ª etapa: Oliveira do Hospital – Oliveira do Bairro
14/08 – 9ª etapa: Pedrogão – Leiria (CRI)
15/08 – 10ª etapa: Sintra – Lisboa
segunda-feira, 28 de junho de 2010
sábado, 26 de junho de 2010
quinta-feira, 24 de junho de 2010
«Arqueologia» - A ponte de Ariz: uma das maravilhas do concelho de Moimenta da Beira
Após um levantamento sobre os monumentos históricos existentes no concelho de Moimenta da Beira para escolher quais seriam as grandes maravilhas deste concelho, percebi ao colaborar que, apesar de não ter sido fácil a sua selecção, foi, no entanto, um exercício interessante ver este concelho através dos seus principais monumentos.
Um exercício em que foram tidos em conta critérios como a importância histórica, arqueológica, cultural e social, assim como o contexto geográfico, a beleza e a sua popularidade.
No caso particular da ponte de Ariz, a meu ver, estes preceitos estão todos presentes, desde a escolha do local para a sua implantação, previamente analisado mediante a melhor acessibilidade, ao resultado final.
Aliás, trata-se de uma obra que exterioriza esteticamente bem a sua funcionalidade pública, como podemos verificar nas pedras dos arcos e em todo o paramento (Paramento: a face da(s) parede(s) que fica à vista).
É de enaltecer aqui a difícil tarefa da extracção e do transporte da pedra (realizado através da força humana e/ou animal), ainda que o material fosse local (a orientarmo-nos pelas actuais pedreiras, estas estariam afastadas a algumas centenas de metros), os antigos métodos de construção dos arquitectos e engenheiros baseados em rascunhos feitos em madeira ou em pedra, assim como a astúcia dos carpinteiros na execução dos escoramentos e a preparação de cada bloco de pedra por parte dos canteiros.
Ainda que esta estrutura seja apontada como românica (a manifestação da arquitectura românica em Portugal teve início no século XII e prolongou-se até aos finais do século XIII), não podemos, contudo, descartar uma passagem ainda mais antiga, talvez romana, neste local.
Do ponto de vista construtivo, é formada por dois arcos de volta perfeita (um maior do que o outro) e um contraforte angular, a montante, para atenuar o choque das águas. O tabuleiro em cavalete, desfalcado nalguns locais, é constituído por lajes graníticas que chegam a atingir 1,80 m, destacando-se aqui a presença de um encaixe numa das pedras do pavimento provavelmente para suster algo sinalizador e ainda a ausência de guardas laterais. Em termos dimensionais, atinge 45 m de comprimento, 4,50 m de largura e 5,20 m de altura.
A ponte de Ariz representa, sem dúvida, um dos locais mais aprazíveis deste concelho e por isso merece ser valorizada.
Autor: José Carlos Santos
quarta-feira, 23 de junho de 2010
«Pedaladas» Jornal Ciclismo
Podem ver o artigo aqui neste link.
DE VEZ EM QUANDO !
VI QUE A QUADRA FALTAVA
NÃO ENTREI EM DESESPERO
S. JOÃO SÓ DESCANSAVA.
À NOITE ÉS TU QUE DECIDES.
O MEU AMOR SEMPRE ESPERA
PENDURADO EM DOIS CABIDES.
MUITOS BEIJOS ESTA NOITE
UM AO OUTRO HÁ QUE DAR.
S. JOÃO SE NÃO TE IMPORTAS
VEM MEU AMOR ACORDAR.
UMA RIQUEZA TAMANHA
CRESCEU DE NOITE AO LUAR.
S. JOÃO FICOU MAIS POBRE
P’RÓ MEU AMOR AJUDAR.
S. JOÃO É PEQUENINO
MAS TEM UM GRANDE CORAÇÃO,
CHEIO DE AMOR PARA DAR
POUSADO NA MINHA MÃO.
NESTE MUNDO EM CONFUSÃO
HÁ UM SANTO MILAGREIRO.
O SEU NOME É S. JOÃO
NÃO TROCA AMOR POR DINHEIRO.
Granizo causa prejuizos- Deputado Acácio Pinto em Moimenta
segunda-feira, 21 de junho de 2010
Solidariedade com Moçambique
A organização foi da autarquia, mas a iniciativa está inserida no projecto “Ajuda-me a sorrir mãe” lançado há menos de um mês pela embaixatriz de Moçambique em Portugal, Glória Mkaima, em parceria com a School House.
Foi o segundo jantar promovido em Portugal, depois do evento de estreia que marcou o arranque do projecto, dia 22 de Maio, em Reguengos de Monsaraz.
A comitiva da Embaixada de Moçambique, que incluía o embaixador e a embaixatriz, esteve todo o dia em Moimenta da Beira. De manhã, a Confraria Gastronómica da Maçã Portuguesa entronizou confrade de honra o embaixador; e de tarde, depois de um almoço de charme, a Câmara recebeu a comitiva no Salão Nobre dos Paços do Concelho.
No encontro mantido entre o presidente da autarquia, José Eduardo Ferreira, e o embaixador de Moçambique, Miguel Mkaima, foi analisada a possibilidade do município de Moimenta poder geminar-se com um seu congénere moçambicano, “mas uma geminação que frutifique e resulte em mais-valias para ambas as partes”, sublinharam os dois responsáveis.
“As trocas comerciais – temos a maçã e o vinho -, a cooperação em áreas como o ensino e a formação profissional, tudo isto pode ser ensaiado e concretizado no âmbito de uma geminação saudável”, disse o autarca.
O embaixador concordou e aproveitou mesmo a cerimónia para lançar um convite aos empresários de Moimenta da Beira para que invistam em Moçambique. Fonte: cm-moimenta.pt
Procissão de S. João auge das festas
Dezenas de ‘actores’, representando figuras bíblicas, outros tantos andores, coloridos, com imagens de santos que o povo devota, sairão da Igreja Matriz e descerão ao centro da vila.
Dois conjuntos de cavalaria da GNR de Viseu, três filarmónicas e uma fanfarra acompanharão a procissão. O corpo de Bombeiros Voluntários engrossa a marcha.
Os festejos sanjoaninos de 2010 encerrarão nesse dia com uma arraial popular nocturno pelo grupo musical Nova Forma. Mas esta segunda, terça e quarta-feira, o programa das festas oferece ainda bons momentos.
Hoje, dia 21, um café concerto com a “Banda Play” às 22 horas; Amanhã, pela mesma hora, a noite de variedades com o grupo “Cordas Soltas” e depois José Malhoa; finalmente na quarta-feira o arraial de S. João com “Diapasão” e “Inseparáveis”. À meia-noite, uma grandiosa partida de fogo de artifício. Fonte:cm-moimenta.pt
domingo, 20 de junho de 2010
DE VEZ EM QUANDO !
Produção de maçãs em Moimenta da Beira destruída por granizo
Em Moimenta da Beira mais de metade da produção de maçãs foi destruída por uma trovoada de granizo na última madrugada na região. Segundo contas dos produtores os prejuízos são avultados.
Numa terra onde a produção de maçãs sustenta a economia local, o autarca José Eduardo quer que o Ministério da Agricultura intervenha.
A produção de maçã em Moimenta da Beira representa metade da produção nacional. Num ano normal são produzidas 35 mil toneladas que este ano vão ficar reduzidas a metade.
OUVIR REPORTAGEM 'TSF'
sábado, 19 de junho de 2010
«Pedaladas CC» - XIV Rota das Terras do Demo
Desfile de Fanfarras dia 20 de Junho
Aqui fica o cartaz do encontro de fanfarras, inserido nas Festas de S.João 2010.
DE VEZ EM QUANDO !
sexta-feira, 18 de junho de 2010
DE VEZ EM QUANDO !
DE VEZ EM QUANDO !
O MEU MEIO SORRISO AMARELO... vai ficando mais brilhante. E eu vou-me divertindo !
Sendo aprovado ( entendendo-se provado politicamente!) --- há que tirar consequências !
Se não... foi o nosso dinheiro - o dos contribuintes - que serviu para vinganças e protagonismos bacocos.
Quando o Presidente da República vem dizer que chegámos a uma situação insustentável ( ao contrário dos indicadores económicos!) - insustentável era há um ano e há seis meses - o partido no poder não pode engolir em seco.
E as eleições Presidenciais não podem constituir, à priori, um "balão" de oxigénio !
quinta-feira, 17 de junho de 2010
«S. João 2010» - Marchas Populares, sexta-feira
Alvite, Arcozelos, Caria, Moimenta da Beira e Vilar vão desfilar e dançar ao longo da avenida principal da vila. A Universidade Sénior moimentense integra também a marcha, que tem início às 22 horas junto ao posto da GNR e termina na estação dos CTT.
Os seis grupos vão apresentar-se vestidos a rigor e mostrar o que de melhor tem cada uma das suas freguesias, desde os usos e as tradições, algumas já em desuso, às valências económicas, sociais e culturais mais nucleares.
No sábado, 19 de Junho, o programa das festas inclui actividades radicais e infantis, de manhã, e uma prova de perícia nocturna integrada no calendário nacional de perícias. A iniciativa é promovida pelo Rodas & Motores.
No domingo, o programa das festas prossegue de manhã, às 9 horas, com uma prova de cicloturismo organizada pelo Pedaladas; e às 10 com um passeio de carros clássicos da responsabilidade da ARCA-Associação Recreativa e Cultural do Arcozelo da Torre.
À tarde, a partir das 15 horas, há desfile de sete fanfarras de bombeiros. Participam as associações dos voluntários de Guimarães, Nelas, S. João da Pesqueira, Vouzela, Santa Comba Dão, Meda e Canas de Senhorim. O percurso começa junto à GNR e acaba na estação dos CTT. A iniciativa é organizada pela Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Moimenta da Beira e está integrada no Dia do Bombeiro Voluntário, cujas cerimónias têm início às 10h30, com a recepção das fanfarras e o hastear da bandeira no quartel dos bombeiros da vila.
O programa de domingo fecha à noite com uma prova de carrinhos de rolamentos promovida pela Associação Cultural e Recreativa de Moimenta da Beira. Será uma descida ‘louca’ de oitocentos metros, desde a Quinta de Salvador ao fundo da Central de Camionagem. Fonte: www.cm-moimenta.pt
Encontro distrital de idosos
No palco montado na Praceta Comandante Requeijo, houve folclore e música popular portuguesa. Actuaram o Rancho Folclórico de Arcozelo da Torre, o Grupo de Concertinas Flor de Sabugueiro, o conjunto musical de Paulo Lima e crianças da AMAI. O recinto encheu-se de seniores e o ambiente foi sempre de festa.
Os idosos eram oriundos maioritariamente de Lares e Centros de Dia, de Misericórdias e Instituições Particulares de Solidariedade Social do distrito de Viseu.
A organização esteve a cargo da autarquia, INATEL, Segurança Social e Governo Civil de Viseu. Os Bombeiros Voluntários e a GNR de Moimenta da Beira apoiaram também. Fonte: www.cm-moimenta.pt
Dia em cheio de desportos radicais
Dois dias antes do encerramento do ano lectivo, quase quinhentas crianças das escolas do 1º Ciclo do concelho participaram em actividades desportivas na zona de lazer da Barragem de Vilar. Algumas delas radicais. Mais emocionante e empolgante teria sido difícil.
Rapel, canoagem, atravessamento de pontes feitas de cordas, jogos tradicionais e de dinâmica de grupo arrebataram as crianças durante horas seguidas. Algumas experimentaram pela primeira vez a adrenalina radical do rapel ou da canoagem.
A iniciativa foi da responsabilidade da Câmara Municipal e do Agrupamento de Escolas. Fonte: www.cm-moimenta.pt
DE VEZ EM QUANDO !
PARA JÁ... UM SORRISO AMARELO !
quarta-feira, 16 de junho de 2010
«Região» - População pode escolher hospital
Concertada entre as estruturas de saúde do Norte e do Centro, a decisão põe fim à indignação dos utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que se queixavam de ter de andar mais de uma centena de quilómetros para ir a Vila Real, quando Viseu fica muito mais perto, apenas porque a Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) deixou de pagar o transporte aos bombeiros.
O governador civil, que se fazia acompanhar do presidente da Câmara Municipal de Penedono, Carlos Esteves, garantiu que sempre que os utentes de Penedono sejam referenciados pelo seu centro de saúde para cuidados hospitalar em Viseu ou Vila Real/Lamego, "as despesas inerentes, como o transporte em ambulância, serão suportadas pelos referidos hospitais".
Caso as despesas de saúde sejam geradas por decisão dos hospitais, terão de ser estas unidades a suportá-las "aplicando-se o princípio do prescritor/pagador".
A hipótese de os hospitais passarem a prescrever menos, nomeadamente quando se trate de tratamentos continuados, para evitar ter de pagar a conta, em prejuízo dos utentes, é recusada por Miguel Ginestal que garante que tal não acontecerá.
"O hospital de Viseu tem uma relação muito próxima com os doentes, nomeadamente os de Penedono".
Situações semelhantes registadas em Moimenta da Beira e Sernancelhe, que tal como Penedono passaram a ter problemas com pagamentos do transporte aos bombeiros, a partir da integração na ARSNorte, no início de 2009, não estiveram em cima da mesa nesta reunião. "É minha convicção, e estou convencido disso, que para situações semelhantes existirá o mesmo tratamento", disse o governador civil de Viseu. Fonte:JN
terça-feira, 15 de junho de 2010
segunda-feira, 14 de junho de 2010
«A História da Nossa Terra!» - Póvoa Velha, Bravilamte, Beira Valente e sua confraria do Divino Espírito Santo
Bonita e bem lavada de ares é uma aldeia de quietude patriarcal de viver provinciano. Galgando a estrada que em pronunciado declive atravessa o primitivo povoado, deparam-se-nos rústicas habitações. Assente no pico do monte, ergue-se altaneira e senhoril esta aldeia, olhando das alturas a líquida fita coleante que se alonga por entre alcantis agrestes e prados verdejantes. Ao cimo da empinada ladeira aparece-nos de fronte a capela, uma das maiores relíquias de antanho de que esta povoação é depositária. A bordá-la encontra-se o magnífico adro suportado pela portentosa fonte.
Os recantos e ruelas de feição rural revelam a ancianidade da povoação e o seu carácter estético deve-se em parte ao seu isolamento que a via melhorada que a liga à vizinha povoação do Sarzedo, outrora pertencente ao concelho de Leomil, veio ajudar a combater. Para lá da Barra, até ao horizonte infindo, um panorama maravilhoso, vastíssimo, cuja contemplação avassalada pela grandiosidade da paisagem deslumbra pelo encantamento que nos traz ao olhar. Colmas, cursos de água, matagais, pontes, estradas, casais, muros e valados, tudo parece impreciso e de ilimitada grandeza naquele marchetado tapete de variegado colorido e inconcebível variedade de desenhos.
Beira Valente te-se-à chamado, em tempos remotos, Póvoa Velha. Isso parece indicar um documento de 1335 que diz “da Poboa Velha per u chamam Beyra Varenta.” O nome alude à antiguidade do povoamento deste local. Na verdade, próximo existe o local designado de Cargancho, já perto do parque industrial do concelho, onde foram encontrados vários vestígios arqueológicos. No censo joanino de 1527 aparece já com o nome “quymtam de Bravilamte.” Em 1758 na Memória Paroquial de Leomil figura como metade pertencente ao concelho de Leomil e outra metade pertencente ao concelho de Castelo.
A sua capela, bordejada por um magnífico adro, teve uma célebre confraria devota ao Divino Espírito Santo mas que celebrava também a festividade de Santa Bárbara e S. Sebastião. Do património que possuía destacam-se imagens, ornamentos e móveis, um forno e rendimentos fundiários. Os vestígios destas associações religiosas são antiquíssimos. O valor da sua contribuição para a dignidade e esplendor do culto público é inegável, e a sua contribuição no exercício da acção social e os primeiros ensaios de previdência e assistência públicas, altamente beneméritas.
As confrarias foram uma das formas de vivência colectiva mais importantes e singulares do Antigo Regime, tanto nas cidades como nos meios rurais. Associações de laicos mas com carácter religioso, reuniam de modo organizado um certo número de pessoas. Estabeleciam-se com um objectivo pio, social, cultual e cultural. Os mais humildes e de mais fracos recursos encontrariam na confraria a família artificial que os integrava e acolhia, criando-lhes ou fortalecendo-lhes as raízes sociais e humanas. Irmanavam-se. Tinham a certeza de serem visitados na doença, na velhice, e sufragados na morte. Para os que tinham alguns recursos as confrarias eram um meio de ascensão. Por fim, os mais opulentos, encontravam nas confrarias um espaço que lhes permitia manifestar a sua riqueza – ostentando-a ou prodigalizando-a.
Pela análise das receitas e despesas da confraria do Divino Espírito Santo de Beira Valente, possibilitada pelos registos que dela ficaram lavrados, uma das maiores preocupações eram as festividades. A sua função assistencial era também manifesta, uma vez que o exercício das obras de piedade ou de caridade estavam inerentes à função religiosa, porquanto uma das pedras basilares do cristianismo é a ajuda mútua entre irmãos. As confraternidades eram assim uma forma de sociabilidade apreciável. Constituíam um lugar de pretexto para reunião, encontro, troca de ideias e emoções, experiências e preocupações. Eram ainda um veículo de expressão da colectividade, onde se dava largas a um dinamismo muitas vezes contido por não ter onde se evidenciar. E, ainda, um móbil que tornava a vida mais cheia, quebrando a rotina quotidiana. Talvez por isso a sede do concelho, Leomil, tivesse cinco: Santíssimo Sacramentos; Fiéis de Deus; Nossa Senhora; Nome de Jesus e N. Senhora dos Passos.
É crível que a confraria de Beira Valente tenha sido criada durante a época moderna, pelo triunfo, nesse período, de novas devoções e de movimentos confraternais de carácter mais cultual e religioso, mais litúrgico do que assistencial, criando-se uma interligação mais funcional e íntima entre confrarias e paróquias. Quando terá sido extinta? Não se sabe, mas possivelmente por alturas da legislação liberal, possivelmente com o novo quadro normativo republicano.
A maioria dos elementos da irmandade do Divino Espírito Santo de Beira Valente eram leigos, incluíndo apenas alguns clérigos. Estes, serviam sobretudo como escrivães, mordomos e juízes. Não existiam mulheres confrades. O cabido geral, assembleia dos confrades, era o principal órgão administrativo da confraria e reunia nos meses de Primavera e Verão, coincidentes com as festividades do santo patrono.
O juiz desta confraria era, em regra, o pároco de Castelo, existindo depois um mordomo e um escrivão. Nalguns casos, quem dirigia as sessões era o pároco de Leomil, mas sempre por comissão do padre de Castelo. Certamente que existiriam também os ofícios de tesoureiro, procurador e andador, mas sobre eles nada se sabe. A eleição dos mordomos efectuava-se na presença do pároco de Castelo e realizava-se na sacristia da capela. Os cargos eram apenas honoríficos, exceptuando o de andador. Em regra, cargos mais proeminentes eram ocupados pelos mesmos indivíduos durante largos anos.
A partir de 1839, aparecem nesta confraria novos oficiais: regedor e presidente da Junta de Paróquia, secretário e tesoureiro. Em 1818 a confraria despendia 3200 réis com o sermão da festa do Espírito Santo. A despesa mais avultada era relativa às festividades da aldeia – 478.650 réis entre 1798-1850, 37% da despesa total, seguindo-se os gastos com a capela, 18,3%, depois os gastos com a cera, 190.575 réis no mesmo período, depois os concertos do forno e finalmente outras despesas menores tais como a compra de sabão, azeite, vinho etc.
A confraria era auto-suficiente e a sua situação económica era estável. A sua existência girava em torno da festa do padroeiro. Tudo o resto era conducente à concretização daqueles objectivos. Tinha um património próprio, de alfaias religiosas e outras, um forno e uma leira. Era esse forno que suportava todas as suas despesas. Entre 1798 e 1850 rendeu 1.443.655 réis, ou seja, 93% do rendimento total da confraria.
Autor: Jaime Ricardo Gouveia
domingo, 13 de junho de 2010
«Região» - Projecto de matadouro reformulado
"Hoje [quarta-feira] mesmo fizemos pedidos de orçamento a empresas de construção civil e obras públicas face à necessidade de reformulação do projecto", disse à Lusa António Lopes, presidente da Associação de Criadores de Gado da Beira Alta (ACGBA), que integra o grupo de accionistas.
Segundo António Lopes, depois do indeferimento de uma primeira candidatura ao PRODER que previa a construção de um matadouro "avaliado em perto de oito milhões de euros", o conselho de administração decidiu fazer ajustamentos "para baixar os custos". "Só depois de recolhermos os orçamentos é que vamos fazer uma avaliação", frisou, estimando que o montante deva "baixar ainda bastante".
O responsável explicou que as alterações se prendem sobretudo com a dimensão, garantindo que o matadouro manterá "todas as valências que o anterior projeto continha" e também "a cadência de abate".
Avançou que "já foi acordado com o director regional de agricultura que, antes de ser apresentada a candidatura, haverá uma reunião entre técnicos do ministério e os que estão a elaborar o projecto do MateViseu, para depois não haver a desculpa de que o processo está mal conduzido". "Estive numa reunião com o ministro da Agricultura e ele garantiu-me que o projecto era prioridade. Agora vamos ver", acrescentou.
O atraso na construção do matadouro regional de Viseu tem gerado críticas dos criadores de gado, que se queixam do elevado preço que pagam pelo transporte dos animais para outras cidades. Esta situação verifica-se desde o encerramento da unidade de abate da PEC-Lusa, em Junho de 2003, por não respeitar as directrizes comunitárias.
A MateViseu foi constituída em Junho de 2007, tendo como principal accionista o belga Jan Swaegers, que assegurará mais de metade dos 535 mil euros de capitais próprios. Na lista dos 14 accionistas, a Jan Swaegers, com 305 mil euros (57 por cento), segue-se a ACGBA, com 50 mil euros (9,3 por cento), e a Câmara Municipal de Viseu, com 38.500 euros (7,1 por cento), que foram os principais impulsionadores do matadouro.
As câmaras de Moimenta da Beira, Sátão, Sernancelhe, Penalva do Castelo, Aguiar da Beira (do distrito da Guarda) e Vila Nova de Paiva, a Associação de Criadores de Gado da Beira Távora, a Cooperativa Agrícola do Sátão, a Agroviseu e dois particulares (um talhante e um produtor) integram também a sociedade. António Lopes garantiu que, apesar dos atrasos, o investidor belga não desistiu do projecto, ainda que admita que ele esteja "um pouco desconfiado" do sucesso da nova candidatura. (Fonte:DiáriodeViseu)
sábado, 12 de junho de 2010
«Destaque» - Programa das Festas de S.João 2010
sexta-feira, 11 de junho de 2010
Idosa de Moimenta da Beira vivia sem luz em casa
Foi um milagre que aconteceu na vida de Maria Dália dos Santos, que vive só desde que enviuvou, há mais de duas décadas.
No dia em que as lâmpadas se iluminaram lá em casa, levantou os braços, juntou as mãos em direcção ao céu e agradeceu a Deus. Gratidão que estendeu também à autarquia, que se mostrou sensível aos apelos e aos pedidos que duravam há anos.
A casa é minúscula, menos de 20 metros quadrados para o quarto, a sala e a cozinha, e era escura, mesmo de dia. Agora tem luz e corrente eléctrica para ligar a televisão. Até aqui passava o dia em casa do falecido cunhado, onde não perdia pitada das telenovelas. Agora, Maria Dália não sai de casa.
Fonte:VFM
quinta-feira, 10 de junho de 2010
65º Aniversário do CDR
Um dia que começou com a realização de um torneio quadrangular com a participação das equipas da Câmara Municipal, Casa do FCPorto, Casa do Benfica e Bombeiros Voluntários.
Da parte da tarde realizou-se um jogo entre os Veteranos do CDR e a Direcção CDR.
Como o resultado no fim é o que menos importa aqui fica o registo fotográfico do evento.
Os nossos parabéns ao Clube de Desporto e Recreio de Moimenta da Beira!
Autor: Nuno Bondoso
Encontro distrital de idosos em Moimenta
O programa vai desenvolver-se na Praceta Comandante Requeijo, a partir das 15 horas, com folclore e música popular portuguesa. Estarão presentes o Rancho Folclórico de Arcozelo da Torre, o Grupo de Concertinas Flor de Sabugueiro e o conjunto musical de Paulo Lima.
Os idosos virão maioritariamente de Lares e Centros de Dia, de Misericórdias e Instituições Particulares de Solidariedade Social do distrito de Viseu.
Os Bombeiros Voluntários e a GNR de Moimenta da Beira vão apoiar a organização.
Fonte: cm-moimenta.pt
«Natureza» - Percursos pedestres já abertos
Uma delas (Rota do Paiva) vai ter honras de inauguração no sábado, dia 12 de Junho.
A caminhada de estreia contará com a participação de diversos agentes de turismo, entre organismos, empreendimentos públicos e privados e entidades de animação turística convidadas pela autarquia para a abertura do percurso.
No original, a rota desenvolve-se por 21 quilómetros, cruzando o rio Paiva, que é ainda considerado um dos cursos de água menos poluídos da Europa. Mas no dia da inauguração, os caminheiros apenas percorrerão oito quilómetros a pé: de manhã, de Ariz a Segões, sempre pelas margens do rio, com visita ao Penedo que serviu de refúgio a Aquilino Ribeiro, evadido da prisão do Fontelo, em Viseu; e de tarde, regresso de Segões a Soutosa, mas de autocarro, pela Estrada Nacional 323.
O programa começa de manhã, às 9 horas, com a recepção dos convidados em frente aos Paços do Concelho de Moimenta da Beira. Dez minutos depois, no Salão Nobre, apresentação do livro “Flora e Avifauna do Concelho de Moimenta da Beira” e da “Rede de Percursos Pedestres do Município de Moimenta da Beira”.
A saída para Ariz, de autocarro, está marcada para as 9h40. Chegados à aldeia, há visita ao seu núcleo habitacional, seguido um pequeno-almoço no Forno Comunitário do povoado.
A caminhada em direcção a Segões é logo a seguir. O percurso será guiado e explicado por arqueólogos, na sua vertente patrimonial, e por uma equipa do Jardim Botânico da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, na vertente mais ecológica.
Em Segões haverá visita ao casario típico da aldeia e ao conjunto de espigueiros que existe perto. O almoço será ali servido.
O regresso em direcção a Soutosa acontece ao início da tarde. O programa contempla visita à Fundação Aquilino Ribeiro, sedeada no centro da aldeia. A chegada a Moimenta da Beira está prevista para 18 horas.
PROGRAMA
09H00: Recepção aos convidados frente aos Paços de Concelho;
09H10: Apresentação do livro "Flora e Avifauna do Concelho de Moimenta da Beira (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro);
Apresentação da “Rede de Percursos Pedestres do Município de Moimenta da Beira” (Câmara Municipal de Moimenta da Beira);
09H40: Saída em autocarro para a freguesia de Ariz;
09H55: Visita ao núcleo habitacional de Ariz;
10H15: Pequeno almoço tradicional no Forno Comunitário de Ariz;
10H40: Início do Percurso Pedestre – Rota do Paiva;
13H30: Almoço (Segões);
16H30: Visita à Fundação Aquilino Ribeiro;
18H00: Chegada aos Paços do Concelho;
18H15: Visita à Feira Gastronómica (Centro Histórico de Moimenta da Beira)
Nota: protector solar, calçado e roupa confortável.
A Câmara Municipal irá disponibilizar um carro de apoio para acompanhar o grupo. O almoço é da responsabilidade da organização.
Fonte:cm-moimenta.pt
quarta-feira, 9 de junho de 2010
«Região» - PSD Viseu diz que socialistas criam problemas de «mangas de alpaca»
Diversas questões foram abordadas com destaque para a segurança, educação e formação, crescimento económico e saúde.
No domínio da segurança “persistem as difíceis condições em que se encontra instalada a GNR de Sernancelhe, para já não falar da falta de três efectivos, que representam 20% a menos, situação incompatível com o aumento da criminalidade e insegurança no Concelho”, considera o deputado Almeida Henriques.
No capitulo da educação os sociais democratas rejeitam “o principio definido pelo Governo de encerramento de todas as Escolas abaixo de 20 alunos, medida que condena à desertificação algumas das Freguesias, há que haver discriminação positiva de Concelhos como este que visitámos, estes encerramentos só poderão ser efectuados em estreita concertação com o Município e com a conclusão de infra-estruturas que permitam alguns fechos”.
No domínio da captação e fixação de empresas, Almeida Henriques considera haver “necessidade de medidas de discriminação positiva que permitam criar riqueza e fixar Pessoas, situação que não tem preocupado este Governo”.
“Visitámos também o Centro de Saúde, num Concelho onde se verifica o mesmo problema que denunciámos em Penedono e que também afecta uma boa parte do Concelho de Moimenta da Beira, a drenagem de doentes para o Hospital de Vila Real, com maiores custos e incomodidade para os doentes”, disse o deputado adiantando que “o anterior Ministro da Saúde, Correia de Campos, sempre garantiu a estas populações que, apesar das divisões administrativas, os doentes continuariam a ser canalizados para o Hospital de Viseu, por ser o mais natural e, diremos nós, lógico e mais barato”.
Almeida Henriques considera que “esta questão das credenciais, esta “guerrinha” entre ARS Norte e Centro, não passa de uma questão burocrática que devia ser tratada entre serviços, nem notícia deveria ser”.
“Deputados do Partido Socialista, Governador Civil, vêm a público tratar estes problemas como se de uma questão complexa se tratasse, lançam uma grande fumarada sobre um assunto que, ao verificar-se, só denota a incompetência dos serviços para tratar duma questão de secretaria; que interessa ao utente se é a ARS Centro ou Norte que paga, afinal de contas é o dinheiro dos nossos impostos que está em causa, o cidadão não entende estas questões”, acusa o deputado do PSD eleito por Viseu.
“Soubemos depois da visita que o representante do Governo no Distrito veio fazer uma declaração solene a dar como resolvido o problema, que grande coisa!
Só esperamos que ao tratar do problema dos doentes de Penedono não se tenha esquecido dos de Sernancelhe e de Moimenta da Beira. De facto, quando não há mais nada para oferecer aos viseenses, criam-se problemas de “mangas de alpaca” para depois se vir cantar vitória, não há mesmo nada para fazer para os lados da Alberto Sampaio”, remata Almeida Henriques.
Fonte:ViseuMais
«Saúde» - População de Penedono Pode Escolher Hospital
Concertada entre as estruturas de saúde do Norte e do Centro, a decisão põe fim à indignação dos utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que se queixavam de ter de andar mais de uma centena de quilómetros para ir a Vila Real, quando Viseu fica muito mais perto, apenas porque a Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) deixou de pagar o transporte aos bombeiros.
O governador civil, que se fazia acompanhar do presidente da Câmara Municipal de Penedono, Carlos Esteves, garantiu que sempre que os utentes de Penedono sejam referenciados pelo seu centro de saúde para cuidados hospitalar em Viseu ou Vila Real/Lamego, "as despesas inerentes, como o transporte em ambulância, serão suportadas pelos referidos hospitais".
Caso as despesas de saúde sejam geradas por decisão dos hospitais, terão de ser estas unidades a suportá-las "aplicando-se o princípio do prescritor/pagador".
A hipótese de os hospitais passarem a prescrever menos, nomeadamente quando se trate de tratamentos continuados, para evitar ter de pagar a conta, em prejuízo dos utentes, é recusada por Miguel Ginestal que garante que tal não acontecerá.
"O hospital de Viseu tem uma relação muito próxima com os doentes, nomeadamente os de Penedono".
Situações semelhantes registadas em Moimenta da Beira e Sernancelhe, que tal como Penedono passaram a ter problemas com pagamentos do transporte aos bombeiros, a partir da integração na ARSNorte, no início de 2009, não estiveram em cima da mesa nesta reunião. "É minha convicção, e estou convencido disso, que para situações semelhantes existirá o mesmo tratamento", disse o governador civil de Viseu.
Fonte: JN
terça-feira, 8 de junho de 2010
«Arqueologia» - Alminhas: pequenos altares
Para melhor compreendermos os elementos apresentados nas imagens – três alminhas – é indispensável ler o texto, que se segue, do Senhor Júlio Rocha e Sousa acerca da Alminha de Freixinho, uma das freguesias do concelho de Sernancelhe:
“As Alminhas são padrões de culto aos mortos, construídas em variadíssimos materiais onde sobressai, por qualidade e quantidade, o trabalho em pedra.
Na parte fundeira destes trabalhos em cantaria, normalmente em forma de nichos, pintavam-se painéis de almas no Purgatório. Na parte superior destes painéis com nuvens e Anjos, figuravam a Santíssima Trindade, Cristo Crucificado, a Virgem Maria, Santo António, S. Miguel com a balança e tantas outras figuras de Santos.
As Alminhas mais trabalhadas, mais ricas de pormenor abrigam-se em capelinhas ou pequenas caixas telhadas, de amplas edículas com grade de ferro, algumas de digno valor artístico.
Foi o decreto sobre o Purgatório que o Papa Pio V lembrou aos fiéis que existe e que as almas retidas nele, são julgadas pelo sufrágio dos fiéis e particularmente pelo aceitável sacrifício do Altar. Mandava o Santo Concílio que os Bispos se esforçassem para que a doutrina sobre o Purgatório ensinada pelos padres fosse acreditada, motivada e em todos os lugares pregada pelos fiéis de Cristo.
Esta doutrina motivou muitos artesãos e artistas na criação de inúmeras Alminhas, que hoje vemos espalhadas pela nossa região e por todo o País. As Alminhas são pequenos e simples monumentos de piedade religiosa, erguidas quase sempre aos caminhos rurais e muitas delas também junto às nossas estradas nacionais.
As Alminhas têm na nossa religião um alto significado religioso e muitas delas indicam os caminhos vicinais que conduzem aos grandes Santuários e suas velhas romarias, como as da Nossa Senhora dos Remédios em Lamego, Nossa Senhora da Lapa em Sernancelhe, Nossa Senhora dos Caminhos junto ao Sátão e tantas outras, que por muitas, não as podemos mencionar. (…)”
Para terminar, acrescento ao descrito que estes pequenos altares, em maior número no Norte e Centro do território nacional, constituem autênticos testemunhos da religiosidade das nossas gentes merecendo, concerteza, a sua preservação e valorização.
Autor: José Carlos Santos
domingo, 6 de junho de 2010
«A História da Nossa Terra» - As 52 amas de leite da Roda de Moimenta da Beira
O costume de abandonar crianças à porta de famílias endinheiradas na tentativa de que as criassem, foi prática rotineira desde os tempos mais remotos. Porém, nalguns casos, essa acção foi fatal, pois conhecem-se casos em que os bebés eram devorados por cães esfomeados que pela ruas vagueavam. O que motivava os pais a abandonarem os filhos em determinadas portas era a esperança de nunca perderem rasto à criança, o que não aconteceria na roda.
A primeira “roda de expostos” de que há notícia já estaria em movimento em 1188 na cidade francesa de Marselha. Em Portugal, existiram desde cedo inúmeras rodas em determinadas casas, conventos e outras instituições religiosas, sendo a sua existência reconhecida pelo poder político e objecto de medidas legais. Em regra, as Câmaras Municipais tinham os seus “Regulamentos dos Expostos”, cabendo-lhes suportar as despesas com as rodas, as amas de leite, curativos e funerais. Daí que muitas delas, na escassez de meios, entregassem as crianças a rodas de outros municípios. Porém, foi pelo cunho de D. Maria I e Diogo Inácio de Pina Manique (fundador da Casa Pia em 1781) que a roda foi revestida de algum oficialismo.
A exposição frequente, que decorria do elevado índice de nascimentos, legítimos e ilegítimos, baseava-se na esperança ou desejo de que a criança fosse cuidada e criada. A pobreza, a miséria e o produto de uma relação ilegal eram geralmente as razões que ditavam a entrega dos recém nascidos, a que se somavam outras de ordem social moral e económica.
As Casas da Roda não eram fixas, mudando de sítio ao longo do tempo, tal como aconteceu em Moimenta da Beira. Funcionavam durante todo o dia, muito embora a maior parte dos bebés fosse entregue no decorrer da noite, para que não se descobrisse a identidade dos progenitores. Era essa a grande vantagem das rodas: estimulava a prática da “exposição” em detrimento do infanticídio, garantindo a sobrevivência da criança num processo sigiloso que salvaguardava o anonimato dos pais. Um pequeno sino assinalaria a presença da criança que faria a mulher “rodeira” girar a roda e proceder à sua recolha no interior. Essas instituições tinham sempre prontas várias mortalhas, já que algumas das crianças eram expostas sem vida.
Em regra, os bebés eram depositados com um enxoval, alimentos, objectos ou símbolos mágico-religiosos e pequenos bilhetes com indicações ou recomendações como o nome com que deveriam ser baptizados. Após a recolha das crianças era-lhes atribuído um número e recebiam um nome, normalmente do santo ou santa que se venerava nesse dia. Os mais debilitados, temendo-se que falecessem, eram de imediato baptizados. Em circunstâncias normais ficariam à guarda da Casa da Roda até serem entregues a uma ama de leite.
As amas de leite eram pagas pela Câmara. A disponibilidade ou não de mulheres para o exercício deste ofício variava consoante os municípios. Na falta delas, chegou-se a conceder benefício aos seus maridos, tais como isenções de impostos e de serviço militar. Para suprir a escassez de amas, alguns municípios chegaram mesmo a comprar gado para a obtenção de leite.
A figura da ama de leite não era apenas um ofício usado nos contextos sociais e económicos referidos. A ama interna era, na Europa Central, a solução preferida nos meios da nobreza e da grande burguesia, tal como se pode visualizar no quadro que apresento de Charles Beaubrun, feito por volta de 1640, que representa o futuro Luís XIV e sua ama de leite (encontra-se em Versalhes no Musée National du Château et des Trianons). Ter ama possibilitava à mãe uma maior liberdade para a prossecução das suas tarefas quotidianas, além de que a vida conjugal não era afectada por uma abstinência sexual durante o largo período da aleitação. À época, acreditava-se que as relações sexuais corrompiam o leite, o que colocava o homem perante duas soluções: buscar amores clandestinos ou arriscar e pôr em causa a vida do filho. Talvez por isso muitas mulheres enjeitassem a aleitação.
A aleitação que ultrapassasse os motivos assistenciais, não era uma prática por todos aceite. Francisco da Fonseca Henriques, médico de D. João V, escrevera no Socorro Delphico: “[...] lastima he que a pomposa vaidadeda gente preza esta maravilhosa obra da divina providencia, negando contra os dictames da razão, e contra as leys da mesma natureza, a seus filhos o proprio leyte […] entregando-os a amas”. A maior parte dos tratados médicos referiam que para ser ama de leite uma mulher dever-se-ia livrar das “payxoens de animo porque viciam tanto o leite que causam acidentes epilepticos nos meninos”. Por imperativos de ordem moral, as amas deveriam ser casadas. As relações sexuais estavam-lhe interditas durante o aleitamento. Todavia, não o cumpriam, pelo que algumas foram expulsas. Mas este ofício não trazia apenas desvantagens. Entendia-se que a boa criação dependia do leite, o leite do sangue e o sangue da comida, pelo que muitas das amas satisfariam as carências alimentares de muitos anos, talvez de uma vida.
Através de um rol da Câmara Municipal de Moimenta da Beira, não datado, mas que presumo ser do século XIX, sabe-se que eram 52 as amas de leite a quem a autarquia pagava a aleitação. Algumas residiam fora do concelho. Este número expressivo faz presumir uma alta taxa de natalidade e sobretudo uma alta taxa de “enjeitamento”. Se a exposição de crianças advinha de relações proibidas tal apontará ainda para uma alta taxa de ilegitimidade. Seguem-se as amas segundo a sua residência: Moimenta – Rosa Joaquina; Maria Jorge; Ana Barradas; Maria da Conceição; Maria Matilde; Ana da Conceição; Umbelina de Jesus; Maria Gesta; Leonor do Nascimento; Josefa Jesus; Aldeia – Margarida Baptista; Luísa Maria; Maria da Assunção; Arcozelo – Maria Teresa; Rosa Carlota; Gertrudes Maria; Baldos – Piedade Pereira; Matilde Rosa; Beira Valente – Maria Pereira; Antónia Pereira; Ana Cândida; Carapito – Maria Joaquina; Castelo – Luísa de Jesus; Vitorina do Carmo; Ana do Carmo; Ana do Carmo; Cabaços – Maria da Encarnação; Ana Gomes; Justina Rosa; Paradinha – Ana de Figueiredo; Ana Josefa; Ana da Encarnação; Maria Eufrásia; Penedono – Maria Lima; Ponte – Sebastiana Lourença; Teresa de Jesus; Rita Ferreira; Constança Rosa; Teresa de Jesus; Sarzedo – Maria José; Maria do Céu; Ana Machado; Maria Cardoso; Maria José; Cecília Rosa; Tabosa – Rita Sousa; Toitão – Ângela Angelina; Josefa Maria; Maria Delfina; Vilar – Umbelina de Jesus; Maria Rita; Maria Carolina.
Autor: Jaime Ricardo Gouveia