Famosa ponte (de 22 arcos) sobre o rio Lima que acabou por dar o nome à povoação – Ponte de Lima Distrito de Viana do Castelo
O turismo é dos fenómenos (senão o mais enérgico) que suscita maiores movimentações de pessoas. É certo que existem outros factores (como, por exemplo, a visita a familiares e amigos, motivos profissionais), mas, na maioria dos casos, deslocamo-nos (temporariamente) do lugar da nossa residência habitual para outros locais, especialmente por aspectos naturais (desfrutando de diversos ecossistemas, climas, paisagens) e/ou culturais (conhecendo autênticos tesouros arqueológicos, arquitectónicos, artísticos, religiosos, etc.).
Refira-se, a título ilustrativo, que, só em 2010, cerca de um milhão de pessoas deslocaram-se para visitar o Castelo de São Jorge, em Lisboa.
Na realidade, os meios turísticos mais conhecidos no panorama nacional (à semelhança do que acontece internacionalmente) são-no por força das suas características naturais (vejam-se os exemplos do Vale do Douro, da Serra da Estrela, do Parque Nacional da Peneda-Gerês ou da Lagoa das Sete Cidades) e/ou culturais (visíveis em localidades como Valença do Minho, Ponte de Lima, Fátima, Batalha, Óbidos, Marvão, Monsaraz…). Pode, então, afirmar-se que o principal motivador do turismo é o património natural e cultural, orientando-se os fluxos turísticos na direcção da zona onde esse património assume características notáveis.
Contudo, também é importante lembrar que uma utilização destes aspectos (naturais e culturais) mal concebida provoca uma perda definitiva dos mesmos, como é o caso da poluição de certos rios e praias. Por isso, o turismo tanto pode ser um agente de destruição, como de preservação e melhoria do meio natural (ambiente) e cultural.
Determinados espaços naturais e culturais só serão famosos e visitados se, ao mesmo tempo, o turismo conseguir impor a sua conservação e/ou revitalização. Uma pousada que não foi feita num determinado momento pode construir-se no futuro, mas um ecossistema ou um mosteiro destruído jamais pode ser recuperado.
Quanto ao património cultural, é possível restaurá-lo ou recriá-lo (através de réplicas), mas essa reconstituição não passará de uma contrafeição, sem qualquer legitimidade e concordância com a cultura que lhe deu origem, levando à perda daquilo que caracteriza uma manifestação cultural.
Por exemplo, que significado teria se, hoje, a Estátua-menir da Nave fosse levada para um Museu em Peravelha ou em Moimenta da Beira? Naturalmente esta peça arqueológica só terá interesse no meio da Necrópole Megalítica do Planalto da Nave.
O território português dispõe de um património característico e diversificado. Porém, é necessário que não se percam as suas qualidades paisagísticas e a sua identidade cultural. Há que impedir, por exemplo, a construção/reconstrução desordenada e descaracterizada de edifícios que hoje proliferam, em geral, por todo o país, e representam uma autêntica agressão à nossa paisagem tradicional.
O futuro do turismo (a procura turística) depende muito do uso/aproveitamento adequado e da salvaguarda do património natural e cultural e, neste sentido, as autarquias locais têm um importante papel a desempenhar.
Publicado no Jornal Beirão (61.ª edição)
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