Localização: vale do Varosa [1], na confluência dos ribeiros de Aveleiras e de Pinheiro,
Freguesia de São João de Tarouca, Concelho de Tarouca.
Classificado Monumento Nacional desde 1956
Freguesia de São João de Tarouca, Concelho de Tarouca.
Classificado Monumento Nacional desde 1956
Ao que tudo indica, estamos perante uma das mais antigas fundações [2] cistercienses em território português, senão mesmo a primeira, tendo as obras da igreja iniciado em 1152 (segundo a inscrição num tímpano de pedra), sob a direcção do arquitecto João Froilaz [3], e terminado em 1169, ano da sua Sagração.
Como quase todos os mosteiros construídos pelos monges que seguem os preceitos de Claraval [4], também o de São João de Tarouca se situa em solo (outrora) ermo, fértil e rico em madeira e pedra, o que permitiu o exercício de uma vida monástica ajustada ao ideal da Ordem.
Durante a Primeira Dinastia (Afonsina) nunca lhe faltou a protecção dos monarcas, beneficiando de diversas doações e isenções, sinal de reconhecimento do trabalho dos monges na promoção espiritual e material do povoado.
Aqui encontramos inclusive sepultado D. Pedro, Conde de Barcelos (filho bastardo de D. Dinis) num monumental sarcófago de granito. Numa postura serena, a estátua jacente apresenta idade avançada, longos cabelos e barba, túnica, as mãos segurando uma espada, um cão a seus pés (como símbolo de fidelidade) e diversas cenas de caça ao javali esculpidas nas paredes laterais.
A prosperidade do templo culminou no século XVIII, período em que efectuaram-se várias intervenções arquitectónicas, visíveis nas dependências conventuais, na fachada da igreja e, sobretudo, no enriquecimento decorativo do interior desta, nomeadamente no revestimento das paredes com azulejos, nos seus altares e retábulos em talha dourada, numa admirável colecção de pintura da oficina de Grão Vasco e na sumptuosidade de um órgão de tubos e de um cadeiral em madeira exótica.
Porém, tal como outras casas religiosas, em consequência do decreto promulgado pelo regime liberal em 1834, também este, após sete séculos de existência, foi extinto, acabando por ser desmantelado aos poucos pela população, que aproveitou a sua cantaria. Da fundação original, quase todas as dependências monásticas (cozinha, refeitórios, biblioteca, casa do Capítulo, claustros) desapareceram, restando apenas as paredes do dormitório (já sem cobertura) que se impõem pela sua grandiosidade, a cobertura de dois ribeiros com uma abóbada conhecida como a Ponte Escura (testemunho do inovador sistema hidráulico utilizado pelos monges), a capela de Santo António, a capela de Santa Umbelina (junto da qual se encontra a fonte da Carranca), a capela de Santa Catarina (contudo, em muito mau estado) e a igreja, cujo aspecto exterior apresenta marcas do românico, do gótico e do barroco, indicativas das diversas épocas que este monumento viveu.
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1- Ou Barosa.
2- De origem eremítica beneditina, a sua fundação remontará ao ano de 1144, durante a formação de Portugal. Numa análise muito geral do ponto de vista arquitectónico, o mosteiro obedece à planta tipo original das igrejas cistercienses de tipo bernardino, com cabeceira tripartida escalonada (de testeiras rectas), transepto saliente e corpo igualmente tripartido em cinco tramos, integralmente coberto por abóbadas de berço quebrado. Particular destaque para o centro da fachada da igreja, com uma aprimorada rosácea e um portal renascentista (no qual podemos observar as armas da Ordem de Cister), sobre o qual se encontra um nicho abrigando uma pequena imagem de São João Baptista, este por sua vez encimado pelo brasão nacional.
3- De acordo com a notícia de uma lápide entretanto desaparecida, tem-se atribuído a autoria do projecto arquitectónico inicial a João Froilaz, um arquitecto natural de Tarouca que conhecia bem as obras cistercienses borgonhesas.
4- Bernardo de Claraval foi o maior impulsionador da Ordem de Cister e uma das figuras eclesiásticas mais influentes do século XII.
Publicado no Jornal Beirão (n.º 77)2- De origem eremítica beneditina, a sua fundação remontará ao ano de 1144, durante a formação de Portugal. Numa análise muito geral do ponto de vista arquitectónico, o mosteiro obedece à planta tipo original das igrejas cistercienses de tipo bernardino, com cabeceira tripartida escalonada (de testeiras rectas), transepto saliente e corpo igualmente tripartido em cinco tramos, integralmente coberto por abóbadas de berço quebrado. Particular destaque para o centro da fachada da igreja, com uma aprimorada rosácea e um portal renascentista (no qual podemos observar as armas da Ordem de Cister), sobre o qual se encontra um nicho abrigando uma pequena imagem de São João Baptista, este por sua vez encimado pelo brasão nacional.
3- De acordo com a notícia de uma lápide entretanto desaparecida, tem-se atribuído a autoria do projecto arquitectónico inicial a João Froilaz, um arquitecto natural de Tarouca que conhecia bem as obras cistercienses borgonhesas.
4- Bernardo de Claraval foi o maior impulsionador da Ordem de Cister e uma das figuras eclesiásticas mais influentes do século XII.
Autor: José Carlos Santos
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