Ponte e torre de Ucanha
Classificado
Monumento Nacional em 1910,
tem beneficiado de
diversas intervenções de restauro por parte da
Direção Geral dos
Edifícios e dos Monumentos Nacionais
e encontra-se interdito
ao trânsito veiculado desde 1986.
Sobre o rio Varosa, a ligar os antigos núcleos de Ucanha e de Gouviães
(ambas freguesias[1] do concelho de Tarouca),
descobrimos um conjunto arquitetónico medieval[2] considerado
único no país: uma ponte de tabuleiro[3] em
cavalete, sobre quatro arcos[4]
quebrados, elegantemente associada a uma possante torre[5], edificada
essencialmente com propósitos defensivos, protegendo a entrada do antigo couto
monástico de Salzedas, e económicos, permitindo garantir uma eficaz cobrança de
direitos de portagem[6]
instituídos pela autorização de entrada no mesmo e pela travessia do rio.
Publicado no Jornal Beirão (87.ª edição)
[2] A primeira
configuração deste monumento é atribuída por alguns investigadores a Egas
Moniz, senhor de vastos domínios nesta região durante o século XII, ou a D.
Teresa Afonso, sua esposa. Contudo, de acordo com uma epígrafe aí gravada, o
conjunto patrimonial que hoje vemos remontará ao ano de 1465 e é da autoria de
D. Fernando, Abade de Salzedas.
[3] O tabuleiro é resguardado por um
parapeito de duas fileiras de silhares com cerca de 76 m de comprimento e 3,65
m de largura. O ponto mais alto da ponte ultrapassa os 12 m.
[4] De diferentes
dimensões e com inúmeras siglas gravadas, o arco central é o mais alto e o de
maior largura, onde ainda são visíveis os agulheiros no seu intradorso
(orifícios que serviram para colocar os suportes de madeira – cambotas – na
construção do arco), reforçado a montante por talha-mares triangulares.
[5] Situa-se na margem direita do rio,
muito próxima da Igreja Matriz de Ucanha. É de secção quadrangular com
cobertura de quatro águas, ultrapassando os 17 m de altura. Nas suas quatro
faces, cada uma medindo aproximadamente 10 m de largura, aparece reforçada por
balcões de matacães axiais ao nível do derradeiro andar. Ao nível intermédio,
nas fachadas a poente e a nascente, rasgam-se janelas geminadas. No alçado
Norte tem passagem em arco pleno seguido de um túnel abobadado que funciona
como porta quer do burgo quer da ponte. Do lado da povoação, o arco surge
encimado por um nicho, com a imagem de Nossa Senhora, ladeado por uma
inscrição. A porta de acesso ao interior da torre, em arco quebrado, surge no
alçado Sul, ao nível do segundo piso. Em cada um dos três pisos encontramos um
compartimento amplo, sendo o acesso ao andar superior feito por uma escadaria.
[6] Documentos de 1315
e 1318 determinam a obrigatoriedade da passagem na ponte e o pagamento da
respetiva portagem, prática que acabou por ser extinta em 1504 no reinado de D.
Manuel I.
Autor: José Carlos Santos
Autor: José Carlos Santos
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