segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

«Arqueologia» - Edifício dos Paços do Concelho de Moimenta da Beira


Edifício dos Paços do Concelho de Moimenta da Beira
antiga Casa dos Carvalhais


Fachada principal do edifício no ano de 1914                                                  


O edifício que sumptuosamente hoje acolhe os Paços do Concelho de Moimenta da Beira, ao cimo do Largo do Tabolado, foi, em tempos, a casa apalaçada de D. Claudina Adelaide de Almeida Carvalhais, uma senhora de grandes haveres, cuja herança foi “julgada jacente” por inexistência de herdeiros.

Tudo parece ter começado no ano de 1857, quando o Juiz da Comarca – Doutor José Freire de Serpa Pimentel – disse que o poder judicial nesta localidade não podia ser exercido convenientemente devido à falta de condições e que tratando-se de um município extenso e populoso e uma vila que, pela sua localização geográfica, pelo seu comércio e pela sua indústria, podia ser intitulada como a rainha das povoações de uma área considerável, a Câmara (na altura presidida por Joaquim José da Costa Araújo, pai do futuro Conde da Lobata) não podia continuar a realizar as suas sessões num recinto acanhado como o Largo das Freiras, aconselhando a mesma a pedir a expropriação da imponente casa de D. Claudina para aí instalar os Paços do Concelho.

Assim aconteceu, pouco tempo depois, durante o mandato do Doutor António de Almeida Carvalhais Galafura, também Fidalgo Cavaleiro da Casa Real: os Paços do Concelho passaram do Largo das Freiras, o centro cívico, nobre e religioso de Moimenta da Beira, para o Largo do Tabolado, um lugar, porém, ainda vazio de tradições.

A respetiva casa, que inclusive tinha capela (cujo altar foi comprado pelo Padre Manuel Gomes Afonso, de Peva, por 24.000 réis), quintã e um palhal, foi estimada em 800.000 réis e mais 401.000 réis pelo seu arranjo e “compra de utensílios”, representando uma verdadeira fortuna nesse tempo. Para além da Câmara Municipal, que aí realizou a primeira reunião no dia 3 de maio de 1859, quase tudo chegou a albergar: Escola (Ensino Primário), Tribunal, Correios, etc.

O aspeto atual do edifício, com o Palácio da Justiça e as diversas repartições públicas voltadas a nascente, é, contudo, bastante diferente do dos inícios do século XX (o qual se pode ver na imagem), quando, inexplicavelmente ao abandono, ameaçou mesmo cair. É já obra posterior ao ano de 1950, com vários ajustamentos e deve-se sobretudo às presidências de Joaquim Guilherme de Araújo Abreu e do Doutor António de Lemos Gomes, valendo a pena dizer que melhor edifício e localização não podia ter hoje Moimenta da Beira para administrar o seu Concelho.



Sugestões bibliográficas:
GUIA, A. B. (2001) – As Vinte Freguesias de Moimenta da Beira. 3.ª ed. Viseu: Éden Gráfico, p. 365-367.
GUIA, A. B. (2001) – Os Oito Concelhos de Moimenta da Beira. 3.ª ed. Viseu: E.G., p. 186-191.

Publicado no Jornal Terras do Demo (326.ª edição)

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