quarta-feira, 31 de julho de 2013

«Notícia» - Fundação Aquilino Ribeiro vai aderir a associação ibérica



A Fundação Aquilino Ribeiro, com sede em Soutosa, no concelho de Moimenta da Beira, vai em breve aderir a uma associação ibérica com o objectivo de ganhar mais visibilidade em Portugal e no estrangeiro, informou a autarquia. 

Representantes da Associação Ibérica de Casas Museu e Fundações de Escritores estiveram recentemente em Soutosa, tendo a Fundação Aquilino Ribeiro manifestado interesse em integrá-la, o que deverá concretizar-se nos próximos meses.
"Há um circuito que se deve estabelecer entre este tipo de casas museu e de fundações de escritores, que têm um público próprio. Podem ser partilhados os meios, o público e as iniciativas", justificou à agência Lusa o presidente da Câmara de Moimenta da Beira, José Eduardo Ferreira.

Na opinião do autarca, que gere a fundação há cerca de dois anos, "se não houver esta abertura, ela fica muito diminuída nos seus objectivos, porque não basta guardar os bens do escritor, precisa usar esse espólio em favor da região, nomeadamente através da componente turística".

A fundação - que está sediada numa casa que pertenceu ao pai de Aquilino Ribeiro e foi depois segundo lar do escritor, que a ela regressava nos meses de verão -- era presidida pela sua nora. Após esta ter falecido, as autarquias de Moimenta da Beira, Sernancelhe e Vila Nova de Paiva decidiram assegurar rotativamente a sua presidência.
José Eduardo Ferreira faz um balanço muito positivo do primeiro período desta nova forma de gestão, que acabará após as eleições autárquicas, passando depois a presidência para Sernancelhe.

"Em 2011 tivemos 470 visitantes, um número que duplicou em 2012. A avaliar pelos números actuais, este ano deveremos ter mais de 1.500 visitantes", disse o autarca, referindo-se apenas aos números das visitas organizadas.

Uma das apostas tem passado por dar à fundação "maior sentido regional, para a ligar mais ao território e lhe dar maior sustentabilidade".
Recentemente, abriu uma loja de conveniência, "onde são vendidos não apenas livros, mas também vinhos e outros produtos regionais, que permitem aproveitar a fundação para melhorar as condições na região e criar alguma sustentabilidade".

Outra das mudanças foi ter a fundação aberta todos os dias da semana e haver sempre uma pessoa disponível para guiar os visitantes.
Os espaços da fundação também foram melhorados, com base em documentos e com a ajuda de Mariana Ribeiro Machado, neta de Aquilino Ribeiro.

José Ferreira considerou que há ainda "um manancial imenso" a explorar para progressivamente ir colocando a fundação no mapa cultural nacional e internacional.
Exemplificou que, no dia em que foi apresentado um guia das aves de Aquilino Ribeiro, foi também lançado um vinho e feito um percurso junto ao rio onde puderam ser vistas muitas das espécies descritas pelo escritor nas suas obras.

"É um projecto que pode ser estendido à serra toda. Temos as aves, os penedos, os lobos de que Aquilino falava. Há aqui um manancial que temos que organizar", frisou.
Fonte: SOL

terça-feira, 30 de julho de 2013

«Dvilgação» - Agosto, mês das festas religiosas

Em agosto, no concelho de Moimenta da Beira, proliferam as festas em honra de santos, santos padroeiros. Os programas dos festejos celebram o dia, mas não só. As festas, essas quase sempre prolongam-se pelo fim-de-semana inteiro, para gáudio do povo. As gentes das aldeias animam-se, ganham cor, tal como as ruas e ruelas e o casario dos lugares. Agosto é mês de folia, de muita folia.

Em Ariz, no dia 4, consagra-se o Coração Imaculado de Maria; no mesmo dia, em Prados de Cima, o S. Domingos; em Segões, nesse mesmo domingo, a Senhora da Boa Fortuna; em Toitam, ainda no dia 4, Nossa Senhora do Carmo; e no Mileu, a Senhora das Angústias.

No dia 7, em Alvite, festeja-se Nossa Senhora de Fátima; em Arcozelo do Cabo, dia 10, Santa Bárbara; no mesmo sábado, no Sarzedo, a festa é em honra de S. Lourenço.

Em S. Martinho, a 11, Santo António; no mesmo dia, em Caria, celebra-se Nossa Senhora da Guia.

Alvite, dia 15, honrará a Senhora das Queimas; no mesmo dia, em Cabaços, Santa Bárbara; na Granja do Paiva, Nossa Senhora; em Sanfins, Nossa Senhora da Ajuda; e em Paradinha, Nossa Senhora da Assunção.

Em Castelo, dia 18, Nossa Senhora da Conceição; Arcas, dia 20, Nossa Senhora das Seixas. Em Aldeia de Nacomba, a 21 de agosto, festeja-se a Senhora das Portas Abertas; no Vilar, dia 24, S. Bartolomeu; em Sever, a 28, Santa Bárbara.
Fonte: CMMB

domingo, 28 de julho de 2013

«Arqueologia» - Cabaços



Portador de um vasto património[1], sobretudo da Época Moderna, Cabaços[2], em que o padroeiro é Santo Adrião[3], reserva-nos a maior romaria do município de Moimenta da Beira e uma das mais afamadas da região – a romaria de São Torcato[4].


Santuário de São Torcato
Registos escritos[5] asseveram que este local, atualmente demarcado por blocos graníticos gravados com as iniciais S.T. (São Torcato), encontra-se sacralizado a partir do século XIII (ano de 1216), quando construiu-se um mosteiro de Cónegos Regulares de Santo Agostinho.
Hoje, além das duas capelas que se podem observar nas imagens, ambas de aparato, presenteia-nos ainda com um parque arborizado com coreto e um miradouro donde se obtém uma espantosa vista sobre os vales do Tedinho e do Távora.
A festividade realiza-se todos os anos, no mês de Maio, com muita pompa e afluência, mantendo a tradição das três voltas ao templo e a liturgia do chapéu do Santo que generosamente concede a todos a cura de toda a doença.

Publicado no Jornal Beirão (107.ª edição)




[1] Destaque para os testemunhos de carácter delimitador:
Marcos da Universidade de Coimbra
I.              Localização: Igreja Matriz
Altura: 0,60 m x largura: 0,35 m.
 
II.             Localização: Serra
Altura: 0,82 m x largura: 0,43 m.

III.            Localização: Limo Verde I, nas proximidades do rio Távora
Altura: 0,74 m x largura: 0,33 m.

IV.           Localização: Limo Verde II
Altura: 0,60 m x largura: 0,39 m. 

Cronologia: Época Moderna.

Insculturas em afloramento granítico, sumariamente afeiçoado (de forma quadrangular: 1 m x 1,10 m), a poucos metros do marco geodésico da Cabeça Gorda (monte proeminente e rochoso, de difícil acesso, sobre o vale do Tedo, com 942 metros de altitude). Na face exposta, cuja zona central apresenta uma pequena elevação, foram gravadas dez cruzes aleatoriamente por toda a superfície.
Cronologia: indeterminada.


[2] Cabaços foi, em 1834, uma das primeiras povoações a integrar o município moimentense.
[3]Santo Adrião (ou Santo Adriano) foi um guarda herculiano do Imperador romano Galério Maximiano. Após converter-se ao Cristianismo, juntamente com a sua esposa Natália, foi martirizado em Nicomédia no dia 4 de Março do ano de 306. Aparece geralmente representado armado, com uma bigorna nas mãos ou nos pés, e é protetor contra a peste e padroeiro dos velhos soldados e dos comerciantes de armas. Durante séculos foi um dos principais santos militares do norte da Europa.
[4] O São Torcato venerado nesta ermida será o mártir espanhol do século II, de Acci (Guadix), e não o de Guimarães.
[5] Arquivo Capitular de Lamego, do Livro Novo das Doações Autênticas, folha 133.

sábado, 27 de julho de 2013

«Divulgação» - Fado Vadio no pátio da biblioteca

Na próxima quinta-feira, primeiro dia do mês de agosto, a partir das 21h30, há fado vadio nos jardins do pátio da biblioteca municipal Aquilino Ribeiro, em Moimenta da Beira.

O ano passado, em iniciativa idêntica, o espaço encheu-se de gente que gosta e vibra e que se emociona com o género musical que mais evoca o espírito português e que a Unesco declarou recentemente Património Imaterial da Humanidade.

Tozé Morais é a voz, João Paulo Correia acompanha à viola e Ramon à guitarra. Tudo num espaço onde será recriado um pátio à moda de Alfama, com pormenor, com vida e com alma.
Fonte: CMMB











terça-feira, 23 de julho de 2013

«Divulgação» - III Feira de Caça da Nave

(Clique na imagem para ampliar)

«Notícia» - Aquilino Ribeiro: o mundo inteiro na sua aldeia

Nas Terras do Demo descobrimos a geografia sentimental de Aquilino Ribeiro. É a casa modesta de um escritor culto, preso durante o republicanismo, exilado em Paris e Berlim, mas cuja literatura viveu sempre nesta aldeia beirã
Diz-se que Aquilino Ribeiro é um escritor difícil. Há quem tenha começado um livro seu, resistido e desistido. Já não está nos programas de Português desde os anos 80 apesar de ter sido um dos escritores mais populares do seu tempo. Lê-lo, hoje, só acompanhado de dicionário para as "palavras difíceis", tal a quantidade de regionalismos, léxico popular, linguajar e ladainhas da Beira, paisagem humana da sua literatura.
Não é barroco ou extravagante. Pelo contrário: etnólogo, naturalista, cronista, capta o potencial fenomenológico da língua. A riqueza do léxico está na novidade com que retrata o mundo rural que, disse o ensaísta Eduardo Lourenço, "não estaria apenas no olhar quase etnográfico que será o seu acerca da realidade beirã em que ele mesmo enraíza, mas na textura verbal igualmente mimética, tradutora, com a mais crua fidelidade, do falar serrano". Aquilino dizia: "A madre é na aldeia; ali está o puro idioma."
É na aldeia que está a sua Casa-Museu, Fundação Aquilino Ribeiro criada em 1988 pelo filho mais velho do escritor, Aníbal. Lugar de Soutosa, Moimenta da Beira, Viseu. Segundo Aquilino, no coração das Terras do Demo (romance de 1919). São "do demo" porque por aqui "nem Cristo" "nem el-Rei" passaram. É terra brava, agreste, esquecida de Deus, "penedia, aldeias tristes e obtusas, pinhais, uma impressão de tormento telúrico" (Geografia Sentimental, 1951). Onde os homens e os bichos são como irmãos, onde faunos, demos e gentes das fábulas se cruzam com o beirão, "camponeses, almocreves e outros tipos esmagados na base da pirâmide social, contra todas as opressões que lhes tolhem os impulsos vitais" - figuras da sua obra (segundo Óscar Lopes e António José Saraiva).
"O homem das serras traz chumbado ao tornozelo todos os grilhões da servidão forjados nos tempos bárbaros. Passam os reinados, as vagas políticas de democracia e de emancipação social, e ele queda escravo, miserável, para seu bem, não tendo conceito algum da igualdade humana", escreveu Aquilino.
O cheiro das tílias
Chega-se por estradas impiedosas, curva e contracurva, recta com limite de velocidade, subindo e descendo a serra e contornando o penedo, "lanços perigosos e ziguezagues mortais" (Aquilino), agora rasgadas pelas rotundas do desenvolvimento. Percebe-se por que escreve que, apesar da distância, da imensidão da paisagem, da presença da Estrela nevada, aqui era o centro de tudo: "Estas viagens eram até certo ponto o ersatz do caminho marítimo para a Índia. Largava-se de Viseu com a tardinha e era emocional como despedir-se um homem para o cabo do mundo."
A casa está como quando o escritor a habitou. Humilde, modesta, de pedra, ainda a mesma estrutura de madeira escura, do seu tempo. Aquilino nasceu em Sernancelhe em 1885, filho de padre. A mãe, camponesa, trouxe-o para esta casa em Soutosa aos dez anos. Aqui cresceu até estudar em Lamego, depois em Viseu, e depois em Beja, no seminário, de onde foi expulso "por falta de vocação". Em 1906 vai para Lisboa. Mas, na verdade, desta aldeia nunca mais saiu.
Não era ainda o romancista que, no furor do republicanismo, começa a escrever em jornais e que em 1907 é preso após a explosão de uma bomba no seu quarto. Consegue fugir da prisão e refugia-se em Paris em 1908, meses depois do regicídio de D. Carlos, em que se suspeita que Aquilino Ribeiro estivesse envolvido (não directamente, mas conhecia o plano dos assassinos). Estudou na Sorbonne, onde conheceu Grete Tiedemann, alemã, com quem casaria em 1913. Mas o começo da I Guerra Mundial obrigou o escritor, a mulher e o filho recém-nascido, Aníbal, a regressar a Portugal. As primeiras publicações, Jardim das Tormentas (prefácio de Carlos Malheiro Dias) sai em 1914 e Via Sinuosa em 1918. Seguem-se Terras do Demo (1919) e Malhadinhas (1922). Em 1924 publica o clássico infantil O Romance da Raposa, hoje talvez o único texto seu lido em algumas escolas do concelho de Moimenta da Beira.
Em 1921, enquanto director da Biblioteca Nacional, participou no lançamento da revista Seara Nova, dirigida por Raul Proença, onde colaboraram Jaime Cortesão, António Sérgio, Raul Brandão ou Augusto Casimiro. A revista de crítica e intervenção pretendia "contribuir para formar, acima das pátrias, a união de todas as pátrias - uma consciência internacional bastante forte para não permitir novas lutas fratricidas". A revista resistiu durante o Estado Novo, enfrentou a censura e, apesar da irregularidade das publicações, foi sempre símbolo de oposição ao regime.
A Soutosa, Aquilino Ribeiro regressava todos os Verões e aí escrevia em comunhão com a natureza. "Quando me instalo na aldeia - e nunca será para menos do que os três meses de Verão - hei-de levantar-me infalivelmente com a alba", disse. A propriedade, de cerca de três hectares, está como a deixou (apesar de agora não ser cultivada): as figueiras "com grandes folhas esparramadas em jeito de esperar outra vez Adão e Eva", a uva moscatel que "tão biblicamente cobre o poço a dois passos da cozinha". Ao centro, as grandes árvores de tília que "recobrem de sombras e perfume" a entrada da casa foram plantadas pelo escritor. "Ano por ano as fui acalentando e tutelando. Por isso, quando arribo de Lisboa, recebem-me luxuriantes, sonoras das abelhas que lhe chupam o pólen." O escritor chegava em Junho quando migravam os cucos que lhe recordavam que "estão a findar os meus ócios e também eu tenho de me separar das aves que são sedentárias, das minhas árvores".
Regressar a Soutosa era voltar ao espaço bucólico de pertença. Conclui o escritor em Geografia Sentimental, revelando a sua proximidade com a natureza: "A visita matinal que faço a estas queridas e prosaicas coisas, com as rolas a ensaiar, após a traviata sobre o pinhal, suas sarabandas de amor, trocando o bom-dia com os jornaleiros, vale uma volta pelo Chiado ao cair da tarde."
Grete morre em Soutosa em 1927. Procurado por participar numa revolta contra a Ditadura Militar, Aquilino refugiara-se na Beira. Envolve-se na sublevação do Regimento de Pinhel contra o novo Governo, mas é preso. Conseguindo novamente fugir, exila-se em Paris em 1928. Casa uma segunda vez, com Jerónima Dantas Machado, filha do ex-Presidente Bernardino Machado (terceiro e oitavo Presidente da primeira República), que também vivia no exílio (e de quem teve um segundo filho).
Na Fundação Aquilino Ribeiro, há pouca informação sobre esta fase da vida de Aquilino, a mesma em que, anos depois, escreverá as suas obras mais populares, A Casa Grande de Romarigães (1957) e Quando os Lobos Uivam (1958), apreendido pela censura e mais tarde amnistiado, num processo que durou mais de dois anos. A casa de Romarigães, solar dos "Menezes e Montenegros", pertencia à família de Jerónima Machado, em Paredes de Coura, Minho. No prefácio, Aquilino explica como resolveu contar a história de Portugal através desta grande casa, parte em ruínas, quando nela encontrou manuscritos e correspondência de 1680 a 1828 entre antigos habitantes da casa. Decidiu continuar a contar a história. Por isso, "as últimas e extravagantes páginas do livro são da minha lavra. Às outras, sacudi o bolor do tempo e reatei o fio de Ariadna".
Na casa de Aquilino há muitas fotografias da primeira mulher, Grete, mãe de Aníbal (mas não da segunda). Ali estão os seus óculos, os seus livros, muita arte, como o retrato que Abel Manta lhe pintou, agora no seu quarto reconstituído - modesto, uma cama de ferro branco e uma cómoda com fotografias. Há pinturas de Amadeo Souza-Cardoso, escultura de Anjos Teixeira, caricaturas de Santana e de Stuart Carvalhais. Há correspondência de Óscar Lopes, Teixeira de Pascoaes e ainda um postal de Beatriz Costa com o seguinte destinatário: Aquilino Ribeiro. Morada: Brasileira do Chiado.
No escritório está uma pequena parte da sua biblioteca - a restante, cerca de 8 mil volumes, está numa sala anexa à Casa do Caseiro, reconstruída na propriedade, que apresenta um museu etnográfico sobre "o aldeão da Beira". O espólio pessoal do escritor, que morreu em 1963, está em depósito na Biblioteca Nacional. A secretária veio de Santo Amaro de Oeiras, onde vivia. À época, custou 1100 escudos.
Aqui escrevia a sua "aldeia mítica onde são tão presentes os homens e a vida ancestral do nosso povo como os seres de fábula ou memória, faunos ou santos da sua particular legenda", como escreveu Eduardo Lourenço numa edição especial da Colóquio-Letras (1985) dedicada ao escritor. O seu mundo não é o do "refinado Eça", por quem "fez sempre gala em se definir por oposição", explica Lourenço. A sua êxtase perante o mundo rural não é a de Fradique ou de Jacinto, continua: ele era o "artista rude, filho da minha serra" que retrata nessa "aldeia-memória" o mundo "primitivo" e "bárbaro", "à margem da civilização".
Continua a não ser lido. Continua a dizer-se que é difícil. E de resistência em resistência, também a sua casa, isolada em Soutosa, Moimenta da Beira, parece esquecida. Daí que a Fundação esteja a trabalhar para se abrir aos visitantes: uma nova loja na casa vende vinho da região da cooperativa de Távora-Varosa, espumante "Terras do Demo" que adoptou textos de Aquilino no rótulo, e outros vinhos. Aí se vendem também algumas edições dos livros que a Bertrand tem vindo a reeditar, e o recente Guia das Aves, antologia de excertos aquilinianos nos quais se descrevem mais de 60 aves selvagens (edição da Boca).
Aquilino tinha "extraordinárias faculdades inatas para tirar partido da expressividade sensorial do idioma"; a sua linguagem é tão rica, de "graça idiomática" que na literatura portuguesa "é a mais exuberante de Camilo para cá" (dizem Lopes e Saraiva). É aliás sobre Camilo Castelo Branco a biografia romanceada Romance de Camilo (1956), história do "filho do Senhor Manuel Botelho e da sua criada Jacinta Rosa". Mas não se pense que, apesar de existir um Glossário Sucinto para Melhor Compreensão de Aquilino Ribeiro (de Elviro Rocha Gomes, 1930), a obra de Aquilino se possa resumir à de um escritor regionalista.
Para Óscar Lopes, Aquilino deverá ser lido ao lado os seus contemporâneos: Raul Brandão, Camilo Pessanha e Fernando Pessoa. A sua literatura é de "rompimento com a sensibilidade literária anterior". Cada um à sua maneira, "dão-se conta de que já não acreditam naquilo em que em 1913 julgavam acreditar monárquicos ou republicanos, católicos ou positivistas". Mas apesar de ser contemporâneo da Geração de Orpheu, com quem conviveu (Almada Negreiros e Mário de Sá-Carneiro) em Paris, nas vésperas da I Guerra Mundial, Aquilino Ribeiro acabou por ser, segundo Óscar Lopes, ofuscado por Pessoa e esquecido pela "consagração do Modernismo" da crítica.
Fonte: Público.pt

quinta-feira, 18 de julho de 2013

«Divulgação» - Bento da Guia homenageado nos 25 anos da ARATI

Uma sessão solene comemorativa dos 25 anos da Associação Regional de Apoio à Terceira Idade (ARATI), este domingo, 21 de Julho, às 15h00, no auditório municipal de Moimenta da Beira, homenageará Monsenhor Bento da Guia, fundador da instituição que lhe presta tributo, pedagogo, historiador, homem de cultura e pároco de Moimenta durante mais de seis décadas, falecido em dezembro de 2006. 

A sessão de homenagem contará com as presenças do presidente da autarquia, José Eduardo Ferreira, e de Daniel Serrão, médico e especialista em ética da vida, além de inúmeros amigos e admiradores de António Bento da Guia.

O programa, que celebra também os 25 anos da ARATI, começa às 11h00 com uma missa na igreja matriz da vila, seguida de romagem à campa do homenageado. Às 13h00 há almoço e, depois da sessão solene, às 16h30, um espectáculo musical com o padre José Luís Borga na Praceta Comandante Requeijo.
CMMB


«Divulgação» - Feira de Velharias e Latoaria

É a primeira feira de velharias e latoaria que se realiza em Moimenta da Beiras. O evento coincidirá com a Feirinha Terra de 10 de Agosto, e terá lugar, durante a manhã, na Praceta Comandante Requeijo, em frente à agência da Caixa Geral de Depósitos, espaço central da vila, povoado de árvores tilieiras frondosas e quase centenárias.

Podem inscrever-se feirantes, artesãos locais e nacionais e ainda cidadãos anónimos que guardem em casa objectos antigos que queiram negociar.

O certame visa fomentar o coleccionismo e o artesanato português, que deve ser preservado, a todo o custo.

As inscrições estão abertas até dia 31 de Julho e podem ser feitas directamente no Gabinete de Turismo da Câmara Municipal de Moimenta da Beira ou através dos telefones 254 582 080 / 254 582 103 ou do email posto-turismo@cm-moimenta.pt.

CMMB

«Notícia» - Helicópteros sobrevoam Moimenta da Beira

Helicópteros da Agência Europeia de Defesa, que envolve aparelhos das forças armadas de sete países europeus (Portugal, Bélgica, Alemanha, Holanda, Áustria, Dinamarca e Reino Unido) têm sobrevoado, desde quarta-feira, 17 de Julho, o espaço aéreo de Moimenta da Beira e do interior Centro/Norte de Portugal Continental.

A passagem destes helicópteros decorre do exercício e do programa de treinos “Hot Blade 13” que decorrerá até dia 31 de Julho, e que visa permitir que as tripulações daqueles aparelhos se qualifiquem e treinem em cenários exigentes idênticos aos dos actuais teatros de operações, bem como aumentar a interoperacionalidade entre as forças participantes.

O Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, numa nota enviada à autarquia, explica que “foi dedicado um cuidado especial com o impacto do barulho e transtorno por ele causado às populações nas áreas de operações”, mas que “devido às especificidades do treino, o mesmo será, em algumas fases das operações, inevitável”, pedindo, por isso, a compreensão das populações afectadas.
Fonte: CMMB

quarta-feira, 17 de julho de 2013

«Notícia» - Feira do Livro e Feirinha da Terra

Livros à venda numas bancas, e noutras, ao lado, de vendas de ovos, queijos, couves, doces, flores e outros produtos da terra. Foi uma vizinhança perfeita e saudável.

A Feira do Livro ‘casou’ bem com a Feirinha da Terra, sábado passado, 13 de Julho, na Praceta Comandante Requeijo, em Moimenta da Beira.

“Apesar de não ter havido nenhuma multidão, o negócio até correu muito bem, correu acima do esperado”, testemunhou Zita Urbano, que representava uma empresa de Braga que reúne várias editoras e livreiros. “Voltarei a marcar presença quando repetirem a experiência”, disse a empresária.

O evento foi organizado pela autarquia, aproveitando o bom tempo aliado aos preços competitivos dos produtos em venda.
Fonte:CMMB

terça-feira, 16 de julho de 2013

«Arqueologia» - Baldos




De Baldos[1], sabe-se sobretudo que administrativamente, antes de integrar o município de Moimenta da Beira [2], esteve sob o domínio da Honra de Caria e depois do extenso território coutado a D. Garcia Rodrigues, com sede em Leomil, e que o património podia ser, no entanto, mais vasto se não tivessem destruído, nomeadamente duas cistas[3] situadas perto da Igreja de São Sebastião, uma fonte de mergulho que foi transformada em fonte de cano de ferro e vários fornos de telha de que restam apenas vestígios.

Os templos que se seguem são os seus principais monumentos.

Igreja em honra do padroeiro da freguesia, São Sebastião (um dos primeiros mártires cristãos)
Situa-se no centro da povoação, circundada por um pequeno adro murado de pedra granítica, onde se pode observar um marco da Universidade de Coimbra[4]. No interior merece especial atenção a imagem de Santa Maria Goretti, considerada a mais antiga da região.

Capela do Senhor da Agonia
Localização: Rua D. Manuel de Jesus Pereira.
Antes da sua edificação, já existia no local uma cruz de madeira, em forma de cruzeiro, com a imagem de Cristo pregado.


Publicado no Jornal Beirão (106.ª edição)



[1] O topónimo Baldos parece relacionar-se com um nome próprio de proveniência germânica.
[2]  Foi, no ano de 1834, uma das primeiras povoações a fazer parte do município moimentense.
[3] São mencionadas na Revista Beira Alta de 1983 pelo Capitão Correia de Campos. De acordo com o respetivo registo, tratava-se de duas pequenas construções em pedra miúda, de base arredondada (1,50 m de diâmetro e 2,10 m de altura), com paredes aprumadas que terminavam superiormente numa falsa cúpula.
[4] Comprimento: 1,16 m x largura: 0,64 m.
Na freguesia são conhecidos mais dois marcos delimitadores das terras pertencentes a esta instituição: um na Rua D. Manuel de Jesus Pereira (altura: 0,56 m x largura: 0,40 m) e outro próximo da ribeira do Tedo no limite com a freguesia dos Arcozelos (altura: 0,65 m x largura: 0,40 m). Porém, ambos encontram-se fragmentados.

Autor: José Carlos Santos