A região do Douro "está à beira do precipício" económico, alertou hoje o presidente da Câmara de Lamego no arranque das II Conferências do Douro Sul, que decorrem nesta cidade.
O autarca de Lamego, Francisco Lopes, do PSD, disse que a forma como o Douro "mostra falta de capacidade reivindicativa junto da administração central" pode levar à "tentação de dar um passo em frente para o precipício". Alguns dos exemplos apontados pelo presidente da autarquia de Lamego são a acelerada desertificação humana, a queda contínua do rendimento no Douro, incluindo nas suas grandes imagens, como o Vinho do Porto e a agricultura, tendo sublinhado que o mais importante é a "incapacidade de retenção na região das mais valias económicas nela geradas", como a hidro-elétrica e o turismo.
O autarca deu como exemplo os últimos dados sobre o índice de poder de compra nacional, onde cinco dos 10 concelhos do Douro Sul integram os 10 municípios do fundo da tabela, tendo mesmo Sernancelhe como o último. Numa manhã de trabalho que não contou com a secretária de Estado do Turismo, Cecília Meireles, como estava no programa, as diversas intervenções de autarcas e das associações de desenvolvimento do Douro desaguaram nos problemas que a região atravessa. Ricardo Magalhães, chefe da estrutura de Missão do Douro, aproveitou a soma de discursos de tom pessimista para deixar alguns recados, como sejam a ideia de que "o Douro só se pode desenvolver com pessoas da região" e ainda que "as políticas assistencialistas não servem" e desafiou os autarcas a conquistarem um peso político específico no país.
Uma outra ideia transversal a todas as intervenções foi a de que as autarquias, nesta região do país, são, na maior parte dos casos, a maior empresa do concelho, como foi o caso do presidente da Câmara de Moimenta da Beira. José Eduardo Ferreira lembrou ser essencial tirar partido do potencial da região como é disso exemplo as 120 mil toneladas de maçã que aqui são produzidas, com um rendimento superior a 60 milhões de euros, ou ainda os "melhores espumantes do país".
Apontando os alertas deixados pelo presidente da autarquia de Lamego, sobre os riscos de o Douro estar à beira do precipício, José Eduardo Ferreira deixou o desafio para que "nas conferências do próximo ano, a situação não seja tão pessimista", deixando ainda aberta a porta para o alargamento destas a uma dimensão internacional. Por seu lado, Manuel Carvalho, jornalista do Público, assumiu o tom mais pessimista de todas as intervenções, apontando as dificuldades que o Vinho do Porto, com uma crescente desvalorização do valor da marca e no rendimento dos produtores ou os problemas por que passam as cooperativas e a Casa do Douro.
Fonte: Diário de Notícias
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