segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

«Arqueologia» - O ferro forjado


O nome de ferro[1] forjado deve-se ao facto de ser preparado a quente recorrendo a um aquecimento, neste caso, numa forja, e depois martelado numa bigorna ou numa prensa para se obter a forma pretendida.
Também conhecido por ferro batido, a partir do século XII, deixou de ter uma função meramente utilitária e passou a ter importância decorativa, quando a arte da ferraria foi impulsionada e difundida pela Ordem de Cister[2], paralelamente ao aparecimento e expansão do estilo gótico.
Portas de madeira, particularmente, transformaram-se em peças de distinta beleza graças às ferrarias de fixação, dobradiças (gonzos, charneiras), batentes, espelhos de fechaduras, chaves (ver imagem) e tachas.
Mestres exímios quer no manejo do martelo, quer na técnica de forjar, aprimoraram-se. Por sua vez, em ferro forjado, produziram-se obras de arte de rara beleza, como portões, janelas e postigos, gradeamentos e corrimões, candeias, castiçais, tocheiros, fogareiros, assadores, ferros de lareira, balanças e diversos tipos de mobiliário, nomeadamente cofres, arcas e baús de viagem, por vezes, em felizes conjugações com o cobre, o bronze e o latão.
Vale a pena dizer que, apesar de as fundições terem conquistado os mercados, a partir do século XIX[3], com os seus preços baixos, o ferro forjado demonstrou, ao longo do tempo, a peculiaridade não só de se apropriar bem a qualquer estilo arquitectónico, mas também de se valorizar como uma verdadeira obra de arte.
 


[1] O ferro tem-se revestido de grande importância na História da Humanidade, classificando a Idade do Ferro propriamente dita, período posterior às Idades do Cobre e do Bronze, apesar de estes materiais terem continuado a utilizar-se. A sua utilização surgiu no Médio Oriente por volta do século XII antes de Cristo, mas no actual território nacional desenvolveu-se apenas a partir do século VIII a. C.
As suas características, quanto a maleabilidade, resistência e durabilidade, fazem dele o material apropriado para uma série de aplicações.
[2] Trata-se de uma ordem religiosa fundada em 1098 por Roberto de Champagne (clérigo de Molesme), na abadia de Cister (em francês, Cîteaux), na Borgonha, França. Em Portugal, os cistercienses estabeleceram-se na primeira metade do século XII, acompanhando a formação do território e a afirmação política da Primeira Dinastia. 
[3] A utilização do ferro teve novo impulso com a Revolução Industrial. 

Publicado no Jornal Beirão (79.ª edição)

Autor: José Carlos Santos

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