segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Furo de água dá rombo a mina centenária

Em defesa de uma fonte secular, aparentemente ameaçada de secar por um furo aberto nas proximidades, 70 de pessoas de Moimenta da Beira batem o pé.

O vizinho que abriu o poço da ira, nega a relação de causa/efeito.

De um dia para o outro, garante quem reside nas proximidades, uma fonte em Moimenta da Beira, com mais de 200 anos e cheia de história, deixou de brotar o mesmo volume de água. O povo, que mora em redor, temendo que a bica seque de vez, não demorou a encontrar a causa e o culpado. "Foi um poço aberto nas imediações, por um vizinho, que cortou e desviou o veio de água", acusa sem pestanejar Fernando de Jesus, que mora paredes-meias com a Fonte da Mina.

A notícia correu célere na vila e, num ápice, um abaixo-assinado é posto a circular. Sete dezenas de pessoas subscrevem-no em dois dias.

No documento, entregue na sexta-feira passada na Câmara Municipal de Moimenta da Beira, os subscritores alertam o presidente da autarquia e exigem que tome medidas para que a Fonte da Mina, situada ao fundo das Cinco Ruas, na estrada que vai para Paradinha e Nagosa, não seque de vez.

"A bica começou a deitar menos água esta quarta-feira, um dia depois no início da abertura do poço num terreno aqui em frente, a pouco mais de 20 metros da fonte. Dois dias depois, só deitava um fiozinho de água", atesta Fernando Mota Alves, um dos moradores mais revoltados, que quer ver reposto o veio de água que alimenta a fonte centenária, ainda hoje muito utilizada pelas mulheres na lavagem de roupa.

"Sempre deitou muita água, e água pura, muito vezes procurada pelas gentes de outras aldeias, e por quem por aqui passa", lembra António Mota Vilarinho, outro dos subscritores do abaixo-assinado, que recorda os tempo em que utilizava a água da fonte para rega de muitos prédios que cultivou por ali perto.

"Nunca faltou, saiu sempre em grande abundância. Estamos com receio que agora possa secar", acrescenta António Vilarinho. "Quando ele [o vizinho que abriu o furo] começar a utilizar a água, depois de construir a vivenda, que deverá ter piscina, é quase certo que a mina vai secar", avisa ainda Vilarinho.

Sobre a Fonte da Mina, há muitas histórias que se contam. "É do tempo dos mouros", atira um morador. "Do tempo dos mouros não será, mas é uma mina muito antiga, tem mais de 200 anos seguramente", corrige outro moimentense.

Da história mais recente da fonte, destaca-se o facto de ter sido local de brincadeiras da maior parte das gentes que habitaram e habitam no arrabalde e nas Cinco Ruas, dois dos núcleos habitacionais mais antigos e tradicionais da vila de Moimenta da Beira.

"Moimenta da Beira é rica de fontes", escreve Bento da Guia na sua primeira monografia sobre o concelho. O historiador fala das fontes de "Nossa Senhora das Mercês, da Mina, da Corujeira e da Pipa". Lembra ainda as de "S. João, no arrabalde, e outras duas colocadas simetricamente ao lado dos Paços do Concelho".

"Não vamos restaurar o culto religioso das fontes; não vamos ressuscitar as adormecidas Ninfas que os gregos veneraram nas fontes como patronas da vida e da saúde das crianças; nem iremos, como os Romanos, coroar de flores as fontes e os poços no dia 13 de Outubro de cada ano. Mas não se esqueçam das fontes que ainda existem, que são sinal do presente de algo transcendente", escreve ainda Bento da Guia.Fonte: Rui Bondoso - Jornal de Noticias

2 comentários:

Hugo Santos disse...

A foto que se encontra nesta notícia é da Fonte da Pipa e não da Fonte da Mina como fala a Notícia.

Quem tiver fotos da Fonte da Mina envie para o nosso mail para efectuarmos a troca de imagens e colocar uma foto correcta na notícia.

Obrigado.

Anónimo disse...

Uma coisa que ainda nao percebi:
Para a abertura de poços ou furos não +e necessário a aprovaçao da camara?
quem vai pagar o prejuizo ao pobre homem que abriu o seu poço para matar a sua sede?