sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

«Crónica-Arqueologia» - Arrochela

A Arrochela (ou Rochela) é uma estação arqueológica romana que se estende desde o limite Sudeste da povoação do Arcozelo da Torre (freguesia dos Arcozelos) até às povoações de Granja dos Oleiros e de Vide (freguesia de Rua).
A população local é unânime em considerar que esta área (de solos muito férteis e ricos em água) foi ocupada em tempos imemoriais por outros povos, devido aos vestígios que facilmente encontram durante os trabalhos agrícolas e que, na maioria das vezes, ignoram abandonando-os por não saberem o que significam.
Na verdade, têm sido detectados à superfície inúmeros fragmentos cerâmicos, incluindo olaria doméstica e de cobertura (tegula e imbrex), pesos de tear, mós, escória, etc.
Desse espólio arqueológico regista-se inclusive uma moeda de prata – antoniniano (antoninianus em latim), inserida cronologicamente no século III d. C.
No anverso, exibe a efígie coroada da Imperatriz Salonina e a legenda: SALONINA AVG.
No reverso, Ceres (deusa romana da fecundidade da Terra e dos cereais) dá a mão direita a uma criança, na mão esquerda segura a Cornucópia (símbolo de abundância) e a suposta legenda FECVNDITAS AVG.
AVG desdobra-se da seguinte forma: AVG(usta).
A moeda (em posse de particulares) mede 22 mm de diâmetro.
Salonina, Públia Licínia Júlia Cornélia, esposa do Imperador Galiano, teve quatro filhos: Valeriano II, Salonino, Julio Galieno e Galiena. Morreu juntamente com o marido em Milão (268).
O antoniniano foi criado durante o reinado de Caracala em 215 d. C. para suprir o desvalorizado denário e foi extinto pelo Imperador Constantino I (séc. IV). Foi cunhada inicialmente em prata, mas a sua progressiva desvalorização fez com que passasse a ser posteriormente em bronze. Esta moeda é também conhecida pelos numismatas de "radiante" devido à coroa da efígie.
Considerada, actualmente, a estação mais rica em vestígios romanos do concelho, a Arrochela necessita de um projecto de recuperação e valorização pois o seu espólio tem vindo a ser destruído ao longo dos tempos.

Autor: José Carlos Santos

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