sexta-feira, 31 de julho de 2009

Autarquias do distrito sem plano de contingência

Portugal registou até dia 29 (dia de fecho da edição) 262 casos de pessoas infectadas com o vírus da gripe A. Um número que ainda deixa descansados os portugueses, mas que não deixa margens para dúvidas de que o vírus irá lentamente entrar em circulação generalizada no país.

Escolas, autarquias, sectores de serviços, serviços de saúde e outras áreas pondem ser atingidas pela pandemia, sendo obrigadas a funcionar a meio gás. Que medidas é que estes sectores estão a adoptar? Que planos de contingência estão a ser aplicados?

As autarquias são responsáveis pelos serviços essenciais para a sociedade civil, mas no distrito de Viseu a maioria ainda não estabeleceu qualquer plano de contingência. Grande parte das Câmaras tem apostado na distribuição de folhetos com informação a cada funcionário. Os autarcas admitem que o essencial é não criar alarmismos. "Não entramos nesses alarmismos, tudo está a funcionar na Câmara e com estes ares puros da serra vai tudo correr pelo melhor", adianta o autarca de Tarouca, Mário Ferreira, sublinhando que para já só têm distribuído informação aos funcionários.

Situação semelhante acontece na Câmara de Tondela. A autarquia vai reunir com as entidades de saúde de forma a articular um plano de contingência. Porém, Carlos Marta revela que "ainda é cedo para pensar" em possíveis cenários.

De acordo com uma circular emitida pela Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), as Câmaras têm de arranjar um plano de contingência que lhes permita assegurar o funcionamento de serviços essenciais como abastecimento de água, saneamento, recolha de resíduos sólidos urbanos, transporte escolar, refeitórios escolares, cemitérios municipais e corpos de bombeiros municipais. Contudo, apenas para o final de Agosto é que a maioria dos municípios garante ter um plano de contingência já estruturado e pronto a ser aplicado. Distribuição de informação e os cuidados com a higiene e a limpeza dos locais de trabalho tem sido uma das grandes preocupações. "Considero que os cuidados individuais são a peça-chave para evitar o contágio. Acho que se tivermos todos cuidados na prevenção evitamos o contágio", frisa a presidente de Nelas, Isaura Pedro. Nessa perspectiva de higiene, a autarquia de Nelas já deu indicações "para as empregadas de limpeza limparem duas a três vezes por dia as maçanetas da porta, os balcões e os teclados dos computadores".

Castro Daire, Cinfães, Mortágua, Viseu, Moimenta da Beira e Penalva do Castelo são algumas das autarquias que estão a adquirir desinfectantes e a reforçar a limpeza e arejamento dos espaços. A Câmara de Mortágua decidiu ainda substituir as toalhas de pano por toalhas de papel.

As medidas, embora eficazes para controlar um possível contágio, não permitem "reduzir os riscos para a saúde dos trabalhadores e a continuidade das actividades essenciais, de forma a minimizar o impacte de qualquer disrupção e a assegurar o funcionamento da sociedade", como refere a definição de plano de contingência do Ministério da Sáude.Despreocupação, imprevisibilidade da actuação do vírus, tentativa de evitar pânicos. A verdade é que os autarcas falam de ser "cedo demais" para actuar. "Temos tentado seguir o que está estabelecido pelo Ministério da Saúde, mas não é possível fazer um plano quando não se sabe em que áreas ocorreu o contágio ou a quem afectou", defende o edil de São Pedro do Sul, António Carlos Figueiredo. Uma opinião corroborada pelo autarca de Mortágua, Afonso Abrantes. "Não queremos antecipar nada que não possa vir a acontecer".

Apesar da imprevisibilidade de cenários, algumas câmaras decidiram avançar com medidas concretas. É o caso do município de Castro Daire. Segundo o vereador José Manuel Ferreira, a autarquia reforçou o número de funcionários dos serviços de água e saneamentos, contratou outro coveiro e está a preparar uma sala dentro do edifício para isolar algum funcionário que revele sintomas de gripe A.

Também no norte do distrito, a câmara de Tabuaço prevê substituir funcionários caso algum adoeça e se o número de funcionários infectados for elevado a autarquia irá "reduzir o horário de funcionamento aos serviços mínimos e essenciais".

O autarca de Sátão, Alexandre Vaz, admite que o plano ainda está a ser criado com o centro de saúde, mas que irá abranger todo o munícipio. Alexandre Vaz adiantou ao Jornal do Centro que caso o concelho registe um número elevado de doentes, o antigo centro de saúde, desactivado em Fevereiro de 2009, será reaberto para acolher e diagnosticar este tipo de casos.
Fonte: Jornal do Centro

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