sexta-feira, 14 de agosto de 2009

«Crónica-Arqueologia» - O culto ao Mártir São Sebastião em Moimenta da Beira

São Sebastião terá nascido em meados do século III em Narbona (Sul de França) ou em Milão (Itália) e é um dos mártires mais conhecidos da Antiguidade.
Respeitado e admirado pela sua bondade e bravura, chegou a ser nomeado Capitão General da Guarda Pretoriana do Imperador Romano Diocleciano.
Porém, Sebastião fora educado segundo os princípios cristãos, demonstrando ser um fervoroso religioso que, mais tarde, Diocleciano viria a descobrir. Por converter os pagãos ao Cristianismo e ameaçar o Império Romano, foi martirizado, segundo a maioria dos investigadores, no dia 20 de Janeiro do ano de 288, em Roma e sepultado nas catacumbas da Via Ápia.
Mereceu o cognome de Defensor da Igreja e é ainda considerado o terceiro padroeiro de Roma juntamente com os Santos Apóstolos Paulo e Pedro.
No nosso país, o culto a este Santo, com o corpo desnudado e coberto de flechas, intensificou-se sobretudo a partir do século XVI. Aliás, o rei D. Sebastião (Décimo Sexto Rei de Portugal) foi baptizado com o seu nome, em 1554, por ter nascido no dia 20 de Janeiro.

Na vila de Moimenta da Beira começou a prestar-se culto a este mártir talvez a partir de 1596, data que pode observar-se na inscrição gravada no campanário da capela, considerada uma das mais antigas deste concelho.
A sacralizar este espaço implantou-se também um magnífico cruzeiro de granito octogonal (com cerca de 3,60 m de altura e 0,75 m de diâmetro), ligeiramente inclinado sobre um afloramento rochoso.
Além disso, podemos observar um lagar rupestre no local que é ocupado pelo tradicional cepo durante a festa. À semelhança de outras estruturas do género existentes na região, apresenta duas cavidades (que serviriam de base de apoio a uma prensa) que a população associa a um antigo local público de punição – forca.
Assim sendo, a Capela do Mártir São Sebastião é mais um lugar sagrado que foi escolhido e transformado pelo Homem para expressar a sua devoção a um Santo e a Deus e só por isso deve ser protegido.

Autor: José Carlos Santos

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