terça-feira, 25 de agosto de 2009

«Crónica-Arqueologia» - A Ponte do Fumo

Convém saber que as pontes, inicialmente de madeira e pedra e mais tarde de betão e aço, estão entre as primeiras e imponentes obras públicas e funcionais realizadas pelo génio construtor humano.

No sentido de compreender melhor estes monumentos, menciono uma das jóias arquitectónicas da região do Douro – a Ponte do Fumo (surge na publicação pessoal Pontes de Portugal – Rumo ao Douro, 2005).
A ponte situa-se em vale agrícola, ao fundo da Quinta do Convento de São Pedro das Águias e da Quinta da Aveleira (concelho de Tabuaço) e apesar de exibir um estado de conservação favorável ao trânsito, a sua passagem deverá ser prudente devido à ausência das guardas laterais que, há poucos anos, foram derrubadas para o rio.
Esta obra de beleza ímpar ergue-se dos penhascos a mais de 17 m de altura (medida obtida a partir do nível da água), sobre um arco de volta perfeita sem contrafortes. É considerada a ponte de cantaria mais alta sobre o rio Távora.
As aduelas (pedras integrantes do arco) são regulares e em forma de cunha. O bloco que fecha e, ao mesmo tempo, trava a estrutura designa-se por chave.
No intradorso do arco são visíveis dezasseis agulheiros (orifícios que serviram para colocar a armação de madeira (cambota) destinada a sustentar o arco) e inúmeras siglas, figuras geométricas e de animais.
O tabuleiro (pavimento), em cavalete pouco pronunciado, é de lajes de dimensões medianas e mede cerca de 36 m de comprimento e 4,50 m de largura.
A sua construção será medieval. No entanto, terá existido uma passagem anterior no mesmo local, como revela uma inscrição latina muito curiosa a seu respeito: ...in Tavara ad ponte de Fumo…
A lenda diz que a Ponte do Fumo foi construída pelos Mouros durante uma noite e que existe um remoinho na água que se alguém lá nadar é sugado para uma mina, aparecendo apenas no dia seguinte, mas vivo.
As informações orais acrescentam também que nas imediações da ponte existe uma nascente conhecida por Água do Banho, provavelmente sulfurosa, e uma mina de estanho.
Por isso, é conveniente dar mais atenção a estes monumentos que para além de facilitarem o contacto entre as populações, transpondo os vales a alturas espantosas, também são testemunhos do sentido estético dos seus construtores.

Autor: José Carlos Santos

1 comentário:

Dylan disse...

Interessante, sem dúvida.