sábado, 5 de setembro de 2009

«Crónica-Arqueologia» - Dá-lo a conhecer para o salvar

Desde há muito que no concelho moimentense vários sítios e materiais arqueológicos têm vindo a ser destruídos em consequência do alargamento sistemático das áreas de cultivo, da abertura de poços, de estradas, de desaterros, da florestação intensiva, da exploração de pedreiras, da construção e/ou reconstrução de edifícios, da construção de barragens, etc.
Inversamente, estas mesmas actividades, que perturbam o solo, também têm conduzido à descoberta de muitos locais previamente desconhecidos.
Por isso, merecem ser realçadas algumas propostas de trabalho a fim de salvaguardar o abundante e valioso património arqueológico deste concelho.
A autarquia de Moimenta da Beira em sintonia com este espírito já desenvolveu algum trabalho. Criou, por exemplo, o Circuito Pré-Histórico do Planalto da Nave em 1999 e avançou com a elaboração da Carta Arqueológica concelhia em 2005 (contudo, esta vai desactualizando-se e perdendo alguma verosimilhança com o decorrer do tempo por não ter sido publicada). De facto, tarefas desta natureza não podem ser dadas por concluídas pois os próprios espaços valorizados e respectivos acessos necessitarão de uma manutenção periódica e porque continuamente surgem novos elementos através da acção humana no terreno.
Em primeiro lugar, é premente a divulgação e promoção turística de todos os sítios e achados arqueológicos através de painéis informativos e roteiros.
Esta proposta reporta-se também à criação de núcleos museológicos e à preservação, in loco, dos vestígios de sítios que mereçam ser valorizados, pois muitos dos locais onde se encontram estes testemunhos não oferecem as mínimas condições para que possam continuar a integrar o património inventariado.

Quando a destruição se torna iminente, é também urgente a recuperação de determinados sítios e monumentos. Evoco, por exemplo, o Convento da Ordem Terceira de São Francisco que se encontra lamentavelmente em degradação (ver imagem).
Por fim, seria ainda desejável que se fizessem investigações arqueológicas, as quais poderiam ser realizadas através de sondagens ou escavações nos locais onde se detecta maior densidade de vestígios.
Portanto, se não queremos ver o nosso património destruído, a melhor forma de o salvar é dá-lo a conhecer.

Autor: José Carlos Santos

4 comentários:

Jaime Gouveia disse...

Concordo plenamente com tudo o que acabas de expôr. O problema será sempre o mesmo, e a solução sempre ausente. Vivemos num país que além de pobre, não valoriza a cultura. Há uma instituição nacional que se ocupa dos trabalhos de que falas: o IPPAR. Mas esta instituição funciona super, hiper, mega mal!!! Quantos monumentos como o nosso convento do S. Francisco tutelados pelo IPPAR estão aos anos e anos e anos à espera de intervenção? E quantos já não caíram?
Quanto às escavações... a intenção esbarra uma vez mais no dinheiro para custear as mesmas. Aliás há outro problema. Tenho conhecimento de várias prospecções arqueológicas no nosso concelho. Toda a gente tem conhecimento das mesmas. E eu pergunto, como moimentense: onde estão os artefactos encontrados que resultaram desses trabalhos? Quem ficou com eles? Os moimentenses conhecem-nos? Estão em Moimenta? Onde?
Fico contente de estar num concelho que arranjou enquadramento e um período considerável para a elaboração da carta arqueológica, pois são poucos os municípios que o fazem. Mas, se ela está desactualizada não deveria ser publicada. Deveria isso sim ser acrescentada... e quando estivesse relativamente completa publicá-la...
Concluindo... este desabafo só acontece pois tal como tu interesso-me muito por estas coisas... e estou totalmente de acordo quanto à realização destas actividades. Como sei que não há hipótese de constituir uma equipa formal, legal e paga... creio que teremos que por iniciativa própria ir fazendo por carolice aquilo que, de forma justa, deveria ser paga pelo estado português. Eu já o faço há anos sem nunca ter recebido um tostão. Mas fi-lo já sabendo que infelizmente neste país terá que ser assim... pois só há dinheiro para as novas oportunidades. Seria bom criar também as novas oportunidades da história e da cultura. Talvez não fosse má ideia criar uma associação cultural onde juntamente com outras pessoas interessadas por isto, possamos fazer algo mais abrangente! Quando maomé não vai à montanha vai a montanha ao maomé! Parados é que não! FORÇA

Hugo Santos disse...

Mais uma grande crónica.

Parabéns JCS.

Abraço,
Hugo Santos

Sofia disse...

Concordo plenamente. A minha familia é daí e vou aí muitas vezes. Estive a passar férias na Vila da Rua este verão e não pude deixar de visitar este magnifico e imponente local. É muito giro e tem um valor inestimável.
É extremamente importante que se faça algo para que ele não deixe de existir. Seria muito gratificante para todos os que gostam deste monumento se o pudessem ver restaurado.

Cumprimentos

Unknown disse...

é preciso sensabilizar os homens da camara