quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

«Arqueologia» - O contributo do Grego e do Latim na Língua Portuguesa

Como é sabido, foi o alfabeto fenício que deu origem ao alfabeto grego e, através deste, ao alfabeto latino, empregado pela maioria das línguas faladas na Europa.
Embora tenham manifestado algumas variações (consoante o período histórico), convém dizer que, ao contrário do que muitos pensam, o Grego e o Latim não estão de forma alguma mortos.
A título de exemplo, o Latim foi a língua oficial de Portugal até 1296 (quando foi substituído pelo Português) e, neste momento, é a língua oficial do Estado da Cidade do Vaticano e do Rito Romano da Igreja Católica. E, apesar de algumas modificações, continuou a ser utilizado ao longo dos séculos, como demonstra a seguinte inscrição (ver imagem):



GLORIA MV(n)DI EST VANITAS VANITAV(n)T[…] m?D19[…]
A[…]MDCII? CRENVATV(n)ACARVLº? BOTº. OZº N[…]CAN . EC . IV? PROFESORE? HIC DEVIXERE PARE(n)TÊS ALIOS?EORV(n)ETT?A(n)
DECORATVS AB VNVERSTTº ? CONIMBRIC. 92

Apesar de algumas dificuldades, a inscrição traduzir-se-á:

A glória do mundo é a falsidade das falsidades…
ano 1602 ?... Carlos Botelho Ozório?...
ao mestre aqui… outros antepassados…
distinguido pela Universidade de Coimbra…



Trata-se de uma epígrafe em latim, numa pedra a servir de padieira (com cerca de 2,20m de comprimento) pertencente a um imóvel situado no Largo do Outeiro em Vide (freguesia de Rua), provavelmente alusiva a um professor da Universidade de Coimbra (talvez natural desta povoação).

Contudo, desta análise, supõe-se que, as últimas letras da primeira linha (m D 19) e da quarta linha (92) tenham sido gravadas posteriormente, pois na mesma epígrafe coexistem letras maiúsculas e minúsculas, e numeração árabe e numeração romana, o que não é usual.

Por outro lado, hoje ainda continuamos a encontrar, nas diferentes áreas do saber (Medicina, Zoologia, Botânica, Química, Física, Direito, Filosofia, etc.), um vasto conjunto de vocábulos e expressões de origem grega e latina, cujo conhecimento não só especifica o seu sentido, como também nos permite aceder a uma ideia definida do mundo e da vida.
Vejamos alguns:

Grego: apóstolo (do grego apostolos), biologia (do grego bios=vida e do grego logos=estudo ou seja, a ciência que estuda os seres vivos), politeísmo (do grego poli=muitos e do grego théos=Deus: muitos deuses), etc.

Latim: cão (do latim canis), curriculum vitae, homo sapiens, ex libris, mar (do latim mare), mãe (do latim mater), pai (do latim pater), rei (do latim rex), status, etc.
Como se pode verificar, o contributo do Grego e do Latim na Língua Portuguesa é indiscutível.

Autor: José Carlos Santos

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