sexta-feira, 26 de novembro de 2010

DE VEZ EM QUANDO !

RIO DE JANEIRO - CIDADE MARAVILHOSA , CIDADE INQUIETA !

Os recentes acontecimentos violentos na periferia da cidade do Rio de Janeiro - já mais de 20 mortos - envolvendo as forças policiais e a marinha contra os traficantes, fizeram-me lembrar duas canções de Martinho da Vila, certamente numa tentativa de denunciar o medo e devolver aos habitantes da cidade um clima de confiança e de força para ultrapassar as situações. Como é bom de ver, os actos violentos não são inéditos, já duram a uma escala elevada desde a década de 1980.

Numa das canções, o popular intérprete brasileiro diz "eu tenho um amigo que é do Rio de Janeiro, é muito forte sempre foi bom companheiro, surpreendentemente me disse em segredo: tenho medo, tenho medo, tenho medo [...] tou com medo de ir à praia nadar, tenho medo de ser sequestrado e tenho medo até de ler o jornal". O texto termina com um apelo às pessoas para irem para a rua passear e frequentar os bares.

Como temos lido nos jornais e visto nas reportagens televisivas, começa a ser difícil responder ao apelo de Martinho da Vila. Talvez essas mesmas televisões e os programas de rádio, no meio de tanta notícia sobre a violência, pudessem passar canções de mensagem idêntica a esta... Uma simples nota de propaganda para os muitos teóricos brasileiros da comunicação.

É que o mesmo Martinho da Vila, numa outra canção, procura transmitir a ideia de que "a maior tradição turística do Rio de Janeiro, no futuro, será o passeio pelos morros :- quando essa onda passar, me leva nas favelas, para que vejas do alto, como a cidade é bela"!

A par da música, veio-me também à ideia um antigo livro de Plínio Salgado, de 1937, sobre a história política do Brasil e outras "estórias" da grande Nação Brasileira.

Como esta sobre a cidade maravilhosa, fundada oficialmente em 1 de Março de 1565 por Estácio de Sá - já lá vão portanto 445 anos! A "crónica" refere-se ao mandato de Rodrigues Alves como Presidente da República (entre 1902 e 1906), sendo Prefeito o engº Pereira Passos e ministro da saúde o médico Oswaldo Cruz.

O Rio de Janeiro dessa época é assim descrito por Plínio Salgado no seu livro Nosso Brasil, ainda com a língua portuguesa unificada - uns anos antes da unilateral atitude de Portugal avançar para uma nova ortografia:

O autor destaca a meritória acção dos três homens na elevação da cidade maravilhosa - concretamente na vitória sobre a chamada revolta da vacina (da varíola). A cidade foi saneada e o seu rosto transformado, dando sentido à expressão do jornalista e escritor Coelho Neto "Cidade Maravilhosa", em 1908. Mais tarde, em 1934, o compositor baiano André Filho lança no Carnaval a lendária canção com o mesmo nome.

Que a violência termine e que os encantos mil regressem a uma cidade inquieta, a poucos anos do Mundial de futebol de 2014 e das Olimpíadas de 2016.

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