segunda-feira, 18 de junho de 2012

«Notícia» - 250 milhões de euros para procurar minérios em Portugal

Enquanto os mineiros da vizinha Espanha, nas Astúrias, continuam as suas acções de protesto contra os cortes orçamentais para o sector, que poderão deixar muitos no desemprego, em Portugal o governo reforça a sua aposta. Um ponto para a prospecção de metais, zero para a exploração de carvão.
Para já o governo duplicou para perto de 250 milhões de euros a sua aposta na indústria mineira, ao assinar uma série de concessões e lançar concursos para a prospecção de minérios em Portugal.
O investimento é de 125 milhões de euros nos próximos cinco anos e mais outro tanto para as concessões já em curso, de acordo com dados do Ministério da Economia.

A indústria extractiva já teve melhores dias, mas nos últimos anos tem andado um pouco por baixo, em parte também devido a ser forçada a cumprir normas ecológicas. Quando parecia que estava para acabar, eis que surgem novos investidores e apoios que vêm dar outro fôlego ao sector.
O património mineiro português é vasto e encontra-se disperso por 80 locais a nível nacional, envolvendo parceiros públicos e privados, entre investidores, universidades e laboratórios de investigação.
À escala mundial, estima-se que os recursos minerais portugueses sejam reduzidos, cerca de 0,9% do total. À escala europeia, contudo, os números mudam de figura, e Portugal pode representar neste sector entre 6% e 13%.

O ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, disse que o sector mineiro “é um dos motores da reforma económica em que estamos apostados”, uma vez que permite “a criação de postos de trabalho, aumento da receita fiscal e redução da dependência das matérias-primas que vêm de fora”, cujos preços têm vindo a aumentar consideravelmente ao longo dos últimos anos. Ao mesmo tempo, e ainda de acordo com o ministro da Economia, “a exploração destes recursos muito valiosos” tem também um forte impacto local, criando “novas e melhores condições de vida para as populações”.

A riqueza está longe de se encontrar apenas em terra firme e há grandes esperanças depositadas no fundo do mar, de acordo com declarações ao i prestadas pelo secretário de Estado do Mar, Manuel Pinto de Abreu.
Das concessões recentemente assinadas pelo governo, mais de dez são para a pesquisa e prospecção de metais diversos, como ouro, prata, cobre, zinco, estanho ou volfrâmio, sendo os restantes para exploração de termas e águas minerais.

Um dos contratos envolvem regiões de norte a sul de Portugal. Torre de Moncorvo e Freixo de Espada à Cinta (ferro e metais associados), Aljezur, Monchique e Portimão (ouro, prata, cobre, chumbo, zinco), Montemor-o-Novo, Évora, Viana do Castelo, Vendas Novas e Alcácer do Sal (ouro, prata, cobre, chumbo, zinco), Tabuaço, São João da Pesqueira, Moimenta da Beira e Vila Nova de Foz Côa (antimónio, arsénio, cobre e lítio), Oleiros, Fundão, Castelo Branco, Vila-Velha de Ródão e Poença-a-Nova (cobre, volfrâmio, antimónio, ouro e prata), Barrancos e Moura (cobre, zinco, chumbo, ouro e prata), Covilhã, Fundão e Serra da Argamela (lítio, volfrâmio, rubídio, cobre, ouro e prata) e Pombal (sal gema).
 
INVESTIMENTO PRIVADO 
Muitos queixam-se que há pouco investimento privado no sector e que bom seria se não fosse necessária a muleta do Estado, falando também na importância da pré--transformação destas matérias-primas.
No entanto, no início do ano, os australianos da Rio Tinto, a maior empresa de minas do mundo, anunciaram querer investir mil milhões de euros na exploração de ferro em Portugal, nas minas de Torre de Moncorvo, em Trás-os-Montes, um dos maiores depósitos de minério de ferro da Europa, com recursos medidos e indicados de 552 milhões de toneladas.

Um investimento desta natureza permite que uma pequena vila se transforme numa autêntica cidade, sendo provável que o investimento demore cerca de dez anos a concretizar até começar a laborar.
Actualmente, Portugal tem quatro minas (em profundidade) em exploração: Panasqueira (volfrâmio), Aljustrel (cobre), Neves-Corvo (cobre) e Loulé (sal gema), para além de algumas minas a céu aberto, nomeadamente de lítio, na Guarda, sendo que Portugal é actualmente o quinto produtor mundial deste minério.

Os sectores geológico e mineiro representam indústrias com elevado potencial para Portugal, “que tem recursos riquíssimos e que temos de aproveitar. As novas tecnologias permitem aproveitar recursos que antes não era possível e descobrir outros que nem sabíamos que existiam”, acredita Álvaro Santos Pereira.

Fonte: Ionline.pt

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