segunda-feira, 27 de agosto de 2012

«Arqueologia» - A ponte submersa pela albufeira da Barragem do Vilar



 Aspeto da ponte que ligava as povoações de Vilar e Fonte Arcada, sobre o rio Távora, nos inícios do século XX.

Hoje encontra-se submersa pela albufeira da Barragem do Vilar[[1]].

Seria de estilo românico, com um tabuleiro plano sobre quatro arcos de volta inteira, onde podiam observar-se diversas siglas[[2]] gravadas pelos seus canteiros e constituiu especial referência não só por representar, durante muito tempo, uma importante travessia[3] sobre o rio Távora (diretamente entre as povoações do Vilar[[4]] e de Fonte Arcada[[5]]), como também por ser uma das mais belas e maiores da região atingindo, de acordo com os registos disponíveis[[6]]: 10,80 m de altura, 120,60 m de comprimento e 4,90 m de largura, valendo-lhe a classificação de Imóvel de Interesse Público[[7]].

            Publicado no Jornal Beirão (88.ª edição)




[1] Com a construção da Barragem do Vilar (inaugurada em 1965), parte do património da região ficou submerso. Outras pontes que facilitavam a travessia deste rio, nomeadamente na Vila da Ponte (a qual deu o nome à localidade) e outra entre as povoações de Freixinho e de Penso, foram abandonadas.
No entanto, além do aproveitamento hidroelétrico, a barragem tem assumido um papel importantíssimo na distribuição de água.
[2] No intradorso do primeiro e último arco podiam observar-se as seguintes letras: EDG D.
[3] É interessante saber através do historiador Augusto Pinho Leal que, durante as Invasões Napoleónicas, os Franceses atravessaram o rio Távora na Ponte de Fonte Arcada depois de terem sido travados pelas forças aliadas na Vila da Ponte.
[4] Deixou de pertencer ao concelho de Fonte Arcada em 1855 para integrar o de Moimenta da Beira.
[5] Em 1855 deixou de ser concelho, passando a freguesia do município de Sernancelhe.
[6] MOREIRA, Vasco (1929) – Terras da Beira, Cernancelhe e seu Alfoz. Porto: Officinas de O Commercio do Porto. O autor regista que os talha-mares, entre os arcos, partiam de bases angulares, apresentando de meio em meio metro ressaltos de dez centímetros para terminarem em pirâmides oblíquas, sendo suficientemente resistentes para atenuar o embate da água na estrutura e, por conseguinte, facilitar o curso do rio.
[7] Classificado pelo Decreto n.º 37 728 de 05 de Janeiro de 1950.

Autor: José Carlos Santos

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