quarta-feira, 12 de setembro de 2012




À VOLTA DE MIM E DO MUNDO...e DE VEZ EM QUANDO!

Como escrevi há tempos, Celebrar Aquilino...é tão simples como saciar a sede!

Vai daí, a notícia que se segue é "ouro sobre azul"!



A Fundação Aquilino Ribeiro (FAR), em Soutosa, Moimenta da Beira, comemora, esta quinta-feira à noite, 13 de Setembro, os 127 anos do nascimento do escritor. A sessão de abertura, pelo Conselho de Administração da FAR, está marcada para as 21h30, e o programa inclui o lançamento do livro “Aquilino Ribeiro: Evolução do Homem Republicano”, de Celina Arroz (22h00); um momento musical (23h00) e um Demo de Honra a fechar.
A obra de Celina Arroz revisita o percurso de Aquilino, desde a sua adolescência e juventude, até se tornar um republicano convicto, e a partida para Paris após o regicídio em Lisboa, no dia 1 de Fevereiro de 1908.

Para quem admira e segue - ou procura seguir - o Mestre Aquilino, a obra é esperada com expectativa. Particularmente na esperança de ter acesso a novas informações.
Numa tentativa de aumentar essa focagem, recomendo uma breve leitura de "PÁGINAS DO EXÍLIO", de Jorge Reis e com ilustrações de Leal da Câmara - publicadas em 2 volumes pela VEGA, em 1988.


O percurso que interessa sobretudo reter, começa mais ou menos com a sua chegada a Lisboa, com 21 anos de idade, para ganhar a vida na escrita. Ao mesmo tempo que entra no corpo redactorial de A Vanguarda, adere a um "canteiro" da Carbonária. Depois de uma explosão no quarto onde se hospedava, é preso, em 1907, mas consegue evadir-se em Janeiro do ano seguinte. Acontece o Regicídio em 1 de Fevereiro de 1908 e, finalmente, vai para Paris a 31 de Maio, nas condições assim descritas por Jorge Reis, no 1º volume das Páginas do exílio:








Parece que só a guerra o obriga a regressar a um país onde sabe não haver arte, nem literatura, nem moral científica. E Aquilino diz mesmo "Nós temos muitos doutores, muitos literatos, nuitos conferentes, mas ai!" (...) de nenhum deles pinga "verdadeira luz".
E, de acordo com Jorge Reis, esses primeiros seis anos de exílio vão ser cruciais para a sua carreira de escritor - o que sempre desejou ser !




E há um novo trajecto que se inicia com as funções de professor no Liceu Camões, em Lisboa, no ano de 1915 - funções que viria a cessar em 1918, quando publica a Via Sinuosa. Era o tempo conturbado de Sidónio Pais, da Monarquia do Norte, da criação do Partido Comunista Português e da chamada "Noite Sangrenta", em 1921. Já havia publicado Terras do Demo, em 1919, e depois Estrada de Santiago, o Romance da Raposa (1924), Andam Faunos pelos Bosques - 1926 - o ano do golpe militar de Gomes da Costa, em 28 de Maio. A nova ditadura depois da de João Franco, origina um movimento militar republicano no Porto e em Lisboa, acontecendo que Aquilino toma parte no golpe militar de 7 de Fevereiro de 1927 contra a ditadura. Perseguido, refugia-se na Beira, volta a Paris e acompanha os últimos momentos da primeira mulher em Soutosa. Participa na tentativa de levantamento do Regimento de Pinhel. De novo é preso, novamente se evade.Segundo casamento em Paris. Seguem-se Baionne, Vigo e Tui. E em 1932 regressa semi-clandestino a Portugal. É só conferir nos dados nestas páginas do 2º Vol de Jorge Reis:





Depois vem a II Guerra Mundial, que o Mestre já "percebe" em 1934, quando publica o Diário "É a Guerra" e o caderno dum viajante "Alemanha Ensanguentada".
É um percurso bem mais conhecido e definido e sobre o qual não posso deixar de salientar alguns quadros plasmados no 2º volume  das Páginas do exílio , escritos datados de Março de 1988:




António Bondoso, 12 de Setembro de 2012.

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