domingo, 14 de outubro de 2012

Manifestações: um estado de espírito temporário


Ultimamente temos assistido a um conjunto de inúmeras manifestações contra medidas do Governo, contra medidas da Troika, contra agentes financeiros invisíveis, contra os políticos, novamente contra a Troika e mais medidas de austeridade do Governo.
Muito sinceramente, acho que as mesmas fazem todo o sentido. E acho que até têm sortido efeito. Veja-se o caso do recuo do Governo relativamente à mudança da TSU logo após uma das maiores manifestações de sempre em Lisboa (embora, dias mais tarde, a mesma medida tenha sido substituída por outra medida igualmente desagradável).
Acredito que faz falta dizer aos “polvos” invisíveis (e, por oposição, aos políticos indiscretos) que nós, pessoas, já não somos “o povinho”. Somos PESSOAS. Somos todos de uma “raça” da espécie humana que recusa um sistema feudal em que todo o trabalho dá direito um pedaço de terra (ou, no nosso tempo, um mísero salário temperado por uma boa dose de desrespeito que dá para ter uma “vidinha”).
Mas como pessoas desta “raça”, mesmo nestes períodos históricos duros, também temos de nos dar ao respeito e ser coerentes. Que sentido faz uma pessoa ter a sua “vidinha” durante a semana, ao Sábado encher o peito de ar e a cabeça de indignação e marchar por essas ruas como forma de reinvindicação e acordar no dia seguinte com a mesma atitude de tantos outros dias e anos anteriores? Que coerência e dignidade está em ir para uma manifestação, abraçar um polícia e dias depois pousar para uma revista como uma estrela pop? Este exemplo caricatural, mas real, dá conta de um estado de espírito reinvindicativo apenas temporário. Uma falta de coerência que, com certeza, ajudou a chegar ao estado actual das coisas e que, a manter-se, vai provocar apenas efeitos temporárias.

Mudanças (changes) precisam-se!

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