quarta-feira, 14 de agosto de 2013

«Arqueologia» - Caria





 Igreja em honra de Nossa Senhora da Corredoura, a padroeira da freguesia


O piso de cantaria reservado de sepulcros, as elegantes colunas de granito, a pia batismal (apesar do seu vivo desgaste), os altares provenientes do antigo Convento da Ordem Terceira de São Francisco e os painéis pintados por Álvaro Nogueira no início do século XVII são ainda hoje algumas das curiosidades do seu interior.





Capela da Senhora da Guia

A sua implantação sobre os rochedos do morro apelidado de Castelo proporciona-nos mais um lugar aprazível da região.



De Caria, sabe-se que, administrativamente, antes de ser mais uma freguesia[1] do município de Moimenta da Beira, durante a Idade Média[2] foi um extenso território[3] do nobre D. Egas Moniz e do seu irmão D. Mem Moniz; na Época Moderna, o seu termo[4], como concelho, chegou a abranger nove freguesias e vinte e dois lugares, alguns deles sob a jurisdição[5] da Universidade de Coimbra, acabando, contudo, por ser extinto em 1855 e incorporado no de Sernancelhe.



Publicado no Jornal Beirão (108.ª edição)







[1] Em 1896, passou, com Rua, do concelho de Sernancelhe para o de Moimenta da Beira, ficando assim definitivamente marcados os seus contornos geográficos. Hoje a freguesia é composta pelos seguintes lugares: Caria, Granja do Paiva, Mileu, Senhor dos Aflitos, Vila Chã e Vila Cova.

[2] Data de 960 uma das referências escritas mais antigas feitas a Caria, cujo topónimo lhe terá ficado da ocupação árabe. Trata-se do testamento da D. Flâmula, no qual, a condessa doou ao mosteiro de Guimarães, fundado pela sua tia Mumadona Dias, todas as suas povoações, terras e castelos, inclusive o de Caria, para fins de beneficência desta.
Os túmulos e os lagares escavados na rocha representam até ao momento os vestígios arqueológicos mais antigos.

[3] A par do Couto de Leomil, a Honra de Caria teve um papel decisivo no repovoamento desta região, agregando, entre outros lugares, Caria de Susã (Caria de Cima) e Caria de Jusã (Caria de Baixo ou a Rua atual).

[4] De acordo com o Dicionário Geográfico, em 1758 o seu termo incluiu: Caria, Vila Cova, Mileu, Faia, Prado de Cima, Prado de Baixo, Rua, Vide, Granja dos Oleiros, Arcozelo da Torre, Arcozelo do Cabo, Toitam, Aldeia de Nacomba, Vila Chã, Granja do Paiva, Segões, Lamosa, Carregal, Tabosa, Forca, A-de-Barros e Penso.


[5] Foram detetadas até ao momento vinte e nove marcações desta instituição nos seguintes locais: Residência Paroquial, Patalugar, Monte do Coutado, São Paio, Cotovias, Souto das Vinhas, Santo André, Aderribela, Dajoana, Rua das Lajes, Lameiro Longo, Rua da Rita, Vale de Paiva, Barreiros, De Conde de Cima, Barreiro, Laijinhas e Corga Longa.

Autor: José Carlos Santos

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